Nestes dias calmos de Outono tenho revisitado Eugénio de Andrade. Já
tive oportunidade de oferecer a sua obra a várias pessoas. Valeu sempre a pena.
Até mesmo com aquelas que não valorizaram a oferta se aprende. Às outras espero
tê-las sempre perto.
Soneto
Amor desta tarde que arrefeceu
as mãos e os olhos que te dei;
amor exacto, vivo, desenhado
a fogo, onde eu próprio me queimei;
amor que me destrói e destruiu
a fria arquitectura desta tarde
– só a ti canto, que nem eu já sei
outra forma de ser e de encontrar-me.
Só a ti canto que não há razão
para que o frio que me queima os olhos
me trespasse e me suba ao coração;
só a ti canto, que não há desastre
de onde não possa ainda erguer-me
para encontrar de novo a tua face.
Eugénio de Andrade, in Os Amantes sem Dinheiro
Amor desta tarde que arrefeceu
as mãos e os olhos que te dei;
amor exacto, vivo, desenhado
a fogo, onde eu próprio me queimei;
amor que me destrói e destruiu
a fria arquitectura desta tarde
– só a ti canto, que nem eu já sei
outra forma de ser e de encontrar-me.
Só a ti canto que não há razão
para que o frio que me queima os olhos
me trespasse e me suba ao coração;
só a ti canto, que não há desastre
de onde não possa ainda erguer-me
para encontrar de novo a tua face.
Eugénio de Andrade, in Os Amantes sem Dinheiro
2 comentários:
Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.
Sigmund Freud
Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos.
Oscar Wilde
Enviar um comentário