quarta-feira, 18 de novembro de 2015

1000

Pensei muitas vezes comos seria este último post, e por muito que se pense acabamos sempre com a sensação de que algo fica por dizer. Este é o último post desta aventura. Agora serei apenas mais uma pessoa por essas ruas De Campo Maior, sorrindo quando algo me agradar e entristecendo quando, pelo contrário, me desagradar. Deixarei, sim,  de ter este espaço onde descarregar raivas e afetos. E fecho com um excerto de um poema de Eugénio de Andrade – Obscuro Domínio - , em jeito de súmula e dedicatória a todos aqueles que me leram.

"...onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas águas nuas."


Nunca gostei de despedidas, por isso digo até sempre e até à vista.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Campo Maior

Ao longo destes 1000 posts Campo Maior foi, direta ou indiretamente, o objeto deste blogue. Foi sempre esta terra o motivo e o fim de escrever estas linhas. Houve derivas individuais é certo, mas no fundo era De Campo Maior de que se falava.
A razão de ser disto é que, simplesmente, gosto de Campo Maior, e gosto incondicionalmente. É certo que esta terra não é fácil, que chega a ser madrasta, tal como na nossa cultura popular se diz, mas é nesta terra que guardo as minhas recordações mais preciosas, e é com esta terra que me preocupo e me alegro.
Gostar incondicionalmente é isto, é gostar mesmo com os defeitos. Quantas vezes ouvimos dizer que aqui toda a gente se mete na vida uns dos outros? Mas é mesmo assim, é gostar mesmo com a cusquice das velhas (e das novas). Gostar da pronúncia, do “ontiagora”, do sotaque, daquelas palavras que só nós conhecemos. Gostar, até mesmo, com aquelas pessoas que depois de estarem fora um mês tentam disfarçar esse sotaque tão nosso.

É gostar das nossas ruas, dos nossos cantos e recantos mesmo aqueles que só vemos raramente. Por tudo isso escrevi Campo Maior durante estes anos e 1000 posts. Nesta altura só posso agradecer ter tido tal inspiração!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Olhando para trás...

Olhando para trás, e para estes anos de publicações, podia fazer um exercício do que mudou em Campo Maior, Portugal e no Mundo. Neste tempo, o DeCampoMaior, assistiu a três governos de Portugal e outros tantos mandatos camarários. Neste tempo, dizer o que mudou no mundo seria também interminável. Prefiro falar antes dos desafios que ficam e que nos deparamos nestas realidades.
Para o mundo a gestão dos recursos e a segurança será fundamental nos próximos anos. Para Portugal, o crescimento económico e o emprego serão elementos fulcrais.
Para Campo Maior os desafios de antes mantêm-se: a afirmação desta terra e a sua capacidade de reter pessoas e talento entre as suas gentes. A capacidade de gerir novos e inevitáveis ciclos será determinante para a vila, mas também a capacidade de manter ligados todos os campomaiorenses espalhados pelo mundo. À falta de melhor são estas chamadas de atenção que faço a todos aqueles que por aqui passarem. Não quero ter a presunção de chamar a isto legado, mas deixo este post nº998 sob a forma de pontos de reflexão para o futuro.
Antes de fechar, agradecer ao blogue AlémCaia a sua referência à minha despedida. Boa continuação para si

Tenho também informação que o Dr. Estranho Amor fará ato de presença por aqui nestes momentos de despedida. Fiquem atentos à sua particular e divertida forma de ver a realidade, também ela fonte de momentos de reflexão.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Pessoas

Durante estes 1000 posts o DeCampoMaior também foi feito pelas pessoas que fizeram comentários, deram opiniões e interagiram nas redes sociais. Quero dedicar-lhes este post em forma de agradecimento.
Como disse, passaram por aqui muitas pessoas que deixaram as suas opiniões e pontos de vista. Achei cada um destes momentos preciosos, uma forma de expressão que atestava que o DeCampoMaior era lido e despertava algum tipo de sensação, mesmo que fosse negativa.

Nas redes sociais também houve bastantes reações e diálogos de diversa natureza. Como um comboio que efetua uma viagem entre dois pontos, entre o início e fim do trajeto, várias pessoas entraram e saíram da carruagem. Algumas teimavam em aparecer para ver o comboio passar em cada estação. Outras saíram a meio, e outras ainda, viviam preocupadas em saber quem conduzia a locomotiva. Também há aquelas que chegam com o DeCampoMaior até ao fim da linha. A todas elas eu agradeço todo o tempo que me dispensaram. A todas elas agradeço saber mais sobre a condição humana, todas elas me enriqueceram e todas elas guardarei para sempre. A todas elas, Obrigado!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sempre acreditarei

Sempre acreditei que a única coisa que fica, quando tudo o resto acaba, é a cultura. E digo isto pensando na estafada questão da Cultura ter ou não ter ministério. Este governo apresentado até terça-feira recuperou o ministério. O novo governo de esquerda, tenho quase a certeza, que o manterá. Penso, também, que isso não é fundamental. Em Portugal há esta mania que os títulos é que fazem as coisas, quando o importante são as pessoas. E se uma vez fiz um post sobre os “lambitas”, deixo-vos também uma outra convicção que convosco partilho: só nos fazem de palermas com a nossa autorização. Desculpem-me este desabafo, mas nestes últimos posts, também me é permitida alguma ligeireza de palavras e pensamentos.
Mas adiante, este fim de semana esteve cheio de muitas pequenas coisas boas, e são com elas que quero fechar o post. Apesar de quase acabado, recebeu, o DeCampoMaior, muitas mensagens de felicitações e pedidos para continuação. Agradeço a todos estas palavras em dia de aniversários, de blogue e de pessoas. Sim, porque não há nada melhor que as pessoas, e nelas sempre acreditarei…


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Não, não é cansaço

Eis aqui aquele que será o último poema publicado no DeCampoMaior

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

No peito dos desafinados também bate um coração

Um dos temas que numa fase mais se falou por aqui foi o tema do anonimato, e da sua validade em blogues de opinião. Desde sempre o DeCampoMaior tentou que a discussão se centrasse na mensagem e não no mensageiro. Só assim a opinião poderá ser apreciada despida da influência dos preconceitos que temos sobre a pessoa X ou Y.
Mais uma vez, e em tempo de despedida, gostaria de vincar esta ideia. Lembrem-se da canção de Tom Jobim, no peito dos desafinados também bate um coração.

E em maré de despedida gostava de deixar mais um conselho: Leiam. Sim, leiam jornais, revistas, livros ou o que se publica em bons sites na Internet. Tenham as vossas opiniões fundamentadas e informadas. Informados serão mais fortes 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Enquanto se espera por Godot

Já aqui o disse que não queria ter, nestes últimos posts, temas muito complicados e que, antes de mais, se estendessem por muito tempo. No entanto, este enredo do governo e desgoverno leva-me a falar, em jeito de legado, de um tema controverso. Uma das propostas que se tem falado para o acordo à esquerda tem sido o aumento do salário mínimo. Parece ilógico não poder ser aumentado sem mais um salário tão reduzido. Há razões económicas para que sim e para que não, e não vou entrar por aqui.
Antes gostava de referir um exemplo que pode, a principio, ser considerado de gargalhada, mas que é um bom exemplo de como se criar emprego, sendo este o principal problema nacional atual.
A Entidade Reguladora para a Comunicação quer que o canal Hot TV (um canal para adultos) emita mais produção nacional e em português de Portugal (nada de brasileiras). Tenho para mim que os diálogos dos conteúdos destes programas não são, propriamente, poemas de Luís de Camões nem de Pessoa, mas não deixa de ser uma defesa para a língua portuguesa e uma defesa dos postos de trabalho portugueses.
É apenas um exemplo, mas que podia ser transposto para outras realidades. Enquanto esperamos por Godot, ou seja pelo próximo governo, vale a pena meditar na forma de defender aquilo que é nosso. E isso é algo que se aplica à realidade nacional e local.

Fica, em jeito de legado, o post de hoje. Vejam o exemplo e reflitam, até porque o DeCampoMaior não vai durar sempre.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Quando eu não te tinha

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais como vida e próxima.
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado


In “O Pastor Amoroso” Fernando Pessoa

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Com os dedos amarelecidos…

Com os dedos amarelecidos pela romã de um Outono quente, passo pelas folhas de um jornal à procura de algo que me distraía da realidade. Não falarei dos habituais assuntos nestes últimos posts. Falei de economia, política local, ambiente, cultura, educação e até de lambitas estes anos passados. Agora é tempo de despedida tranquila mesmo com o desgoverno que por cá vai.
Leio que a Playboy vai deixar de apresentar nudez integral. Parece irreal, nos tempos de hoje, uma notícia destas. Segundo leio, a revista pretende entrar no mercado chinês, onde a nudez integral é proibida. Leio algumas opiniões dispersas, crónicas de mulheres e homens sobre o tema. Algumas ingratas, as dos homens, pois quantos homens não veneraram esta revista na sua adolescência? As opiniões das mulheres, já se sabe, mais distantes e cerebrais. Não é por acaso que o viagra feminino atua na parte do cérebro mais sentimental, enquanto que o viagra masculino atua, essencialmente, ao nível muscular.

Seja então o post de hoje assim, os dedos amarelecidos pela romã já não procuram mais. Não há nudez na Playboy e o DeCampoNaior hoje foi menos sério, mesmo com o desgoverno que por cá vai.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Jogador de Xadrez

Mais governo, menos governo, “cá vamos andando com a cabeça entre as orelhas”, mas nesta altura também já não estou para escrever sobre esses assuntos que perdurarão, para além do DeCampoMaior, com toda a certeza.
Mas com esta dicotomia esquerda/direita não pude deixar de viajar pela história recente da humanidade e rever os anos da guerra fria, onde essa dicotomia estava latente, bem como os ideais que pareciam estar esbatidos nos dias de hoje.
E esta viagem chegou por via de um filme que retrata um dos maiores momentos da guerra fria. Na fria Islândia, travou-se uma das batalhas mais quentes deste período. Um jogo de xadrez, entre Bobby Fischer e Boris Spassky, enfrentava Estados Unidos e União Soviética ao mesmo tempo. Foi um jogo de xadrez transformado em jogo de orgulho entre as duas nações, temperado também por um jogo de espionagem digno do melhor Le Carré. Neste ambiente, sobressai a personalidade de Bobby Fischer, génio do jogo, que devolve aos Estados Unidos o título que era dos soviéticos há 24 anos.

Fischer fez do xadrez o seu refúgio, fazia dele a sua salvação, mas acabou por ser o xadrez a razão principal do seu isolamento. Mal comparado, até se podia dizer o mesmo do DeCampoMaior e deste Vosso escriba.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir! Sinta quem lê!


Fernando Pessoa

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Catarina, a Grande

O poder, tantas vezes vetado às mulheres, acabou, mesmo assim, por lhes ser entregue em alguns locais e momentos históricos. Um desses locais foi a Rússia dos czares, onde em 1762 foi coroada Catarina, a Grande. Apesar de mulher foi déspota como muitos homens antes e depois dela. Aumentou os privilégios da nobreza russa e não via grande vantagem em melhorar as condições de vida do povo, isto apesar de ser amiga de grandes personalidades do Iluminismo como Diderot, Montesquieu e Voltaire.
Por cá, outra Catarina emerge como a grande vencedora das eleições de 4 de Outubro. É ela que manda, é ela que tem a chave e já bateu com a mão na mesa, dizendo que ninguém fala pelo partido a não ser ela própria, Catarina Martins. A líder do Bloco foi audaz, deixou cair a saída do Euro e a permanência na NATO, com isto arrastando o PCP que também não quis ficar de fora. Será isto possível?
Não encontrei nenhuma rainha Mariana digna de uma comparação histórica. A única Mariana que me ocorre é a lady Marian do Robin Wood e essa, não é, decerto, comparação para Mariana Mortágua, a muleta inteligente de Catarina Martins. Esta segunda emerge a golpe de massa cinzenta e acutilância.

Podemos não partilhar as suas ideias e políticas, mas mesmo assim devemos reconhecer as suas qualidades. O pedido para Mariana sair na Playboy é redutor e de péssimo mau gosto. Governasse Catarina, a Grande e, decerto, rolariam cabeças. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Direita…Esquerda…Volver...

Era o que faltava, nestes últimos posts do DeCampoMaior, entrar em grandes considerações sobre o atual momento político. O que se decidir sobre a constituição do governo terá repercussões, num momento em que já não andará por aqui quem vos escreve. Por isso falemos um pouco de História, uma área do saber à qual muitas vezes deitei mão, para ilustrar os temas aqui focados.
Este governo de aliança à esquerda que se projeta por estes dias é inédito na nossa democracia. Mesmo em 1977 aquando do segundo governo constitucional, e os socialistas necessitaram de coligações, este foi de incidência parlamentar e feito por socialistas e centristas. Mais tarde, em 1983, foi a vez de Mário Soares “meter o socialismo na gaveta”, e fazer aliança com o PSD de Pinto Balsemão.
Nestes namoros de esquerda não posso deixar de falar do célebre “engolir o sapo”. Aconteceu nas presidenciais de 1986, quando Álvaro Cunhal, para evitar males maiores e que fosse eleito um homem de direita, aconselhou os comunistas a votar em Mário Soares.

Aqui ficaram as notas históricas, e mesmo parecendo o Sousa Veloso, quando finalizava o TV Rural, “despeço-me com amizade” até ao próximo e um dos derradeiros posts.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Abdicação

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho.
Eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa — eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro' 


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes

Quando faltam pouco mais de uma dezena de posts para o número 1000 do DeCampoMaior, e com ele o fim das publicações deste blogue, é tempo de fazer algum resumo do que foi este espaço, antes de entrar nas despedidas propriamente ditas.
O DeCampoMaior pretendeu ser, ao longo destes anos, um espaço de opinião do autor, mas aberto a outras opiniões que por aqui deixassem. Os temas que foram abordados tentavam chamar a atenção dos leitores para aspetos menos óbvios dos mesmos, fazendo revelar outras perspetivas e procurando trazer outras ideias.
Sempre, também, tentei que os temas fossem ilustrados por passagens históricas ou outras curiosidades de forma a fazer o texto mais atraente ao leitor, e por consequência que as ideias tivessem mais eco.
Houve fases que achava que os meus propósitos não eram alcançados, que tudo estava como dantes, quartel-general em Abrantes. Esta frase é um exemplo do que dizia antes. Parece que o General Junot, aquando da primeira invasão francesa, deparou no início com fraca resistência. Então fechava os seus relatórios com esta frase, mostrando que a situação estava imutável. Usa-se em momentos que se pretende descrever uma grande resistência à mudança.  

Também houve fases que achei que tinha levado a carta a Garcia, o que foi bastante gratificante. Esta da carta a Garcia é outra das tais frases de que me socorri. Se me der tempo ainda falarei dela…

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Não há jantares grátis!

Nesta momento ainda não se sabe como será o próximo governo, nem quais os seus ministros. Sabe-se que tem que haver entendimentos, e por isso concessões entre os principais partidos de onde surgirá a solução governativa.
Mas convêm ir avisando o próximo governo que a nossa situação económica é frágil, que o financiamento depende de entidades externas e que muitos dos nossos melhores mercados estão em crise também.
Vendo a situação interna, deverão olhar para o emprego, a emigração e a imigração quase inexistente, de forma a equilibrar a demografia, variável económica fundamental. Falou-se pouco de saúde e educação na campanha, mas estas áreas também devem merecer a sua atenção. Sei que é pedir muito, mas é isto que compete ao próximo governo. A tarefa é exigente e não haverá jantares grátis. Só assim poderá haver segurança para os idosos e esperança para os jovens. Este post, em jeito de carta aos próximos governantes, terá sido um dos últimos posts políticos do DeCampoMaior, resta esperar que tudo se cumpra.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

CERN

Alguns leitores devem saber que existe um organismo europeu de pesquisa nuclear junto da fronteira franco-suiça. Este centro, designado por CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), tem sido responsável por muitas e importantes descobertas. A mais notável talvez seja a WEB mas, ao longo da sua existência, outras descobertas, noutros campos, têm tido importância relevante. Criado em 1954 a organização tem vinte Estados membros e em 2010 tinha um efetivo de aproximadamente 2400 funcionários em tempo integral, assim como mais de 11000 cientistas e engenheiros (representando 580 universidades e centros de pesquisa e 80 nacionalidades).
Hoje, também Campo Maior vai inaugurar o seu CERN. O centro escolar vai a inaugurar, com a presença do ministro da educação, e a sua designação, acabou por coincidir, vendo as siglas, com a do CERN europeu. Achei engraçada e auspiciosa a coincidência. Esperemos que o Centro Escolar seja também um centro de excelência, desta feita, na área do ensino. Mas seja, tal como o outro CERN, plural, diverso, com espíritos livres e com muitos átomos de criatividade.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Eleições...o dia depois

Quem acompanhou as sondagens e a campanha não se surpreendeu com os resultados acontecidos. A Coligação PSD-CDS venceu de deverá ser, naturalmente, chamada a fazer governo, embora desta vez sem maioria. Quanto ao PS, recolhe uma importante derrota, mas para já, António Costa não se demite.
Localmente a vitória pertenceu ao Partido Socialista com um aumento de 278 em relação às legislativas de 2011. Semelhante aumento obteve o Bloco de Esquerda, enquanto que os partidos da coligação perdem 349 votos.
No distrito, apesar do grande aumento de votos no PS (mais de 5000 votos), a divisão de deputados prevaleceu, pelo que Pedro Morcela, vê cair o sonho de ser eleito deputado.

E agora, sem maiorias, os resultados abrem as portas ao diálogo necessário para haver entendimentos. Para bem de Portugal...que a situação melhore!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Para refletir…

São já este domingo as eleições legislativas, das quais dizem alguns, ser as mais importantes do Portugal recente. Por isso, vai hoje, o Decampomaior dedicar-se à reflexão que deve ser sábado, mas é aqui antecipada.
Sem novidade, perfilaram-se desde o início, duas forças políticas capazes de ganhar as eleições. A coligação do atual governo tem tido a sua estratégia baseada no receio de serem perdidos os sacrifícios impostos aos portugueses. Já o Partido Socialista baseou a sua estratégia em aliviar a austeridade. As sondagens dão a Coligação como estando à frente, dando como erro do Partido Socialista a sua viragem à esquerda, assustando os eleitores do centro, que são aqueles que decidem as eleições em Portugal.
Para além dos factos concretos da campanha e das sondagens há algo que parece ser certo. Em Portugal, ao contrário de muitos países europeus, o panorama partidário não se altera, isto é, não há, como em Espanha, plataformas políticas como o “Podemos” nem em Itália o “Cinco Estrelas”. Fica para refletir o porque…
E pronto, naturalmente, o DeCampoMaior não vai fazer propaganda para este ou aquele partido, mas faz apelo ao voto. Uma grande abstenção, um grande desinteresse, apenas resulta em piores políticos.

E para refletir, apetece-me relembrar as palavras de Alexandre O’neill no poema “Portugal”: ó Portugal, se fosses só três sílabas de plástico, que era mais barato!