Das autárquicas IV

Por último, apresentam-se as mensagens enunciadas pelo movimento constituído especificamente para apresentar uma candidatura aos órgãos autárquicos de Campo Maior, denominado "A Nossa Terra, Campo Maior". Este movimento resultou da ruptura do actual presidente do município com o Partido Socialista, pelo qual tinha sido eleito anteriormente por três mandatos. Aliás, é significativo que o site apareça com um símbolo onde se inscreve o título do movimento, ladeado em letras muito grandes pelo nome enunciado de João Burrica. Esta personalização é, portanto, a marca distintiva e congregadora do movimento.

Aliás, a maior parte das mensagens aqui apresentadas mostram esta centração na figura do actual presidente:

• Ganhar Campo Maior;
• Por um Campo Maior mais livre, mais justo e mais fraterno;
• O centro histórico de Campo Maior foi uma das principais apostas do presidente;
• O centro histórico de Campo Maior está preparado para o futuro;
• As obras marcaram os últimos anos da vida de Campo Maior;
• Para os nossos idosos a festas dos avós, os passeios, as remodelações em casa e o cartão do idoso;
• As políticas de apoio social de cultura, de desporto e de lazer;
• Uma atenção especial na formação académica;
• As festas da juventude e o encontro desportivo;
• A requalificação e construção de várias dezenas de quilómetros de estradas;
• Continuar a trabalhar pelo progresso e desenvolvimento do nosso concelho em paz, harmonia, em democracia e liberdade;
• Unir o povo da nossa terra para novamente ganharmos Campo Maior;
• Continuarmos a trabalhar com a mesma ambição e com o mesmo bairrismo e tornar Campo Maior cada vez mais agradável e bonito;
• O Presidente de Câmara que mais obras e investimentos públicos conseguiu realizar;
• Quero renovar o nosso parque escolar;
• Quero continuar a acarinhar e a dar motivos de alegria e felicidade aos nossos idosos, aos avós, às nossas crianças;
• Quero continuar a requalificar Campo Maior, sem descurar a entrada da nossa terra conjuntamente com este cartão de visita como é o jardim da liberdade, a nossa Avenida;
• Quero reinventar o futuro, conjuntamente com a equipa de Gente da Nossa Terra, e ir ao encontro das expectativas e dos interesses da nossa comunidade Campomaiorense.
  

As primeiras mensagens levantam alguma perplexidade quando se faz a análise do seu conteúdo. Não há grande razão para quem está no poder há 12 anos, enunciar agora que se candidata com a intenção de "ganhar Campo Maior" para o tornar "mais livre, mais justo e mais fraterno". Porque então, cabe perguntar qual a razão porque não foram em três mandatos atingidos objectivos tão fundamentais e estruturantes de uma gestão democrática.
Aliás, nos documentos de campanha, as mensagens constantemente recorrem a uma mesma ideia enunciada quase do mesmo modo: "ganhar Campo Maior"; "para novamente ganharmos Campo Maior". Isto indica que o objectivo fundamental é o de posse do poder pelo grupo que promove o movimento e não o de colocar esse movimento ao serviço de Campo Maior.
Segue-se um enunciado do que foi realizado e aqui a questão está em constarem desta lista aquilo que são os pontos fracos e os maiores falhanços da actual gestão, nomeadamente, o centro histórico que é, pelo seu evidente abandono, a crítica que mais frequentemente é feita à acção do presidente ou, ainda, as referências à rede viária, outro dos grandes problemas do concelho.
De qualquer modo, o carácter acentuadamente retórico deste discurso, torna muito difícil a análise objectiva do conteúdo das suas mensagens.
Esta é, de facto, fundamentalmente a candidatura de um homem. Um discurso feito na primeira pessoa - "eu fiz"; "eu quero" - e não o projecto, de uma equipa. No seu discurso não aparece delineado nem um projecto, nem um programa eleitoral para a sua acção futura.