Quando me quer
enganar
A minha bela
perjura,
Pera mais me
confirmar
O que quer
certificar,
Pelos seus olhos
mo jura.
Como meu
contentamento
Todo se rege por
eles,
Imagina o
pensamento
Que se faz agravo
a eles
Não crer tão grão
juramento.
Porém, como em
casos tais
Ando já visto e
corrente,
Sem outros certos
sinais,
Quanto me ela
jura mais,
Tanto mais cuido
que mente.
Então, vendo-lhe
ofender
Uns tais olhos
como aqueles,
Deixo-me antes
tudo crer,
Só pela não
constranger
A jurar falso por
eles.
Luís de Camões
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