sexta-feira, 13 de março de 2015

N’aquele ingano d’alma ledo e cego

… Que a fortuna não deixa durar muito. Esta semana reli Camões. Li pouca literatura, muito menos poesia e tenho procurado recuperar o atraso quando tenho podido e a outra literatura, mais técnica, me deixa. Os versos do início são de Luís de Camões, numa parte dos Lusíadas onde descreve os amores de Pedro e Inês. Inês, “posta em sossego”, antes da tragédia que a acometeu.
"Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano."
Ora estava eu posto em sossego, pensando que, tempos de crise e dificuldades, podiam aumentar a clareza dos pensamentos e trilhar caminhos distintos aos anteriores, quando não leio mais que notícias de casos de um e outro partido do chamado “arco governativo”. Entra-se em pré-campanha e põe-se o país em sossego com todos estes casos.
Curiosamente o verso em título também é o começo de uma outra obra literária portuguesa, Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett. Outra tragédia romântica…afinal de contas sempre tivemos queda para tragédias.

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