… Que a fortuna não deixa durar muito. Esta semana reli Camões. Li pouca
literatura, muito menos poesia e tenho procurado recuperar o atraso quando
tenho podido e a outra literatura, mais técnica, me deixa. Os versos do início
são de Luís de Camões, numa parte dos Lusíadas onde descreve os amores de Pedro
e Inês. Inês, “posta em sossego”, antes da tragédia que a acometeu.
"Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano."
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano."
Ora estava eu posto em sossego, pensando que, tempos
de crise e dificuldades, podiam aumentar a clareza dos pensamentos e trilhar
caminhos distintos aos anteriores, quando não leio mais que notícias de casos
de um e outro partido do chamado “arco governativo”. Entra-se em pré-campanha e
põe-se o país em sossego com todos estes casos.
Curiosamente o verso em título também é o começo
de uma outra obra literária portuguesa, Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett. Outra
tragédia romântica…afinal de contas sempre tivemos queda para tragédias.
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