segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Caça Tesouros

De toda a diversidade programática da televisão por cabo tenho-me demorado naqueles programas onde se caçam tesouros de diversas formas. Se uns compram em leilão objetos não reclamados nos aeroportos outros andam a vasculhar sótãos e garagens à procura de relíquias históricas. Há outros que, tendo uma casa de penhores, avaliam uma série de armas com bastante valor histórico. O gerente da casa de penhores diz sempre, lacónico, que após tantos anos no negócio há uma coisa que aprendeu: “nunca sabe o que poderá entrar pela porta”.
De certa forma acontece-me o mesmo quando abro o jornal ou vejo o noticiário. Nunca sei que tesouros vou encontrar. Em Lisboa, os cantoneiros, encarregues da recolha do lixo estiveram em greve. Sim, estas pessoas ignoradas, que trabalham em horas impróprias, que ganham pouquíssimo, que não tem perspetivas de carreira e que fazem um trabalho que ninguém quer entraram em greve. E porque? Para que os seus empregos não sejam mais precarizados com a sua passagem para as juntas de freguesia.
Se em Lisboa, a câmara quer delegar funções, vejo que em Óbidos encontro outro “tesouro”. A câmara testa uma nova escola municipal, estando a negociar com o governo um novo modelo de gestão para garantir mais intervenção na organização das escolas. A intervenção negociada inclui questões pedagógicas e poderia incluir a responsabilização da câmara na contratação dos professores. Imaginam as câmaras a definir os programas letivos? E a contratar os professores? Com que critérios?
Já sei que os tempos de crise podem levar a algum desnorte mas é precisamente nesses tempos que deveria aparecer o melhor de cada um de nós e das instituições. Que essas mesmas instituições se metam em campos para os quais não estão vocacionadas não me parece a melhor das medidas. Quando se abre o jornal nunca se sabe que tesouros vamos encontrar…tesourinhos deprimentes! 

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