quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Homem da Chuva

Li esta semana que Portugal está entre os quatro países com pior classificação no desajuste entre a oferta e procura de competências no mercado de trabalho. Quer dizer que as pessoas não têm as competências que as empresas necessitam. Li preocupado mas não admirado. Quem está nas empresas sabe bem que este facto é uma realidade. E enquanto esta realidade perdurar as empresas terão dificuldades em serem mais competitivas. Como dizia um amigo meu “é adequada pois sabe falar francês e tocar piano”, e desta forma enchem escritórios e repartições porque é chique mas perde-se o tempo no bric-à-brac como diria o Eça. E as escolas e universidades teimam em manter um certo autismo não atendendo à realidade empresarial.
Por falar em autismo, esta semana revi o “Rain Man” com uma interpretação soberba do Dustin Hoffman. Também ele desajustado da realidade mas com um jeito enorme para contar cartas enquanto jogam  black jack e ganham montes de dinheiro.
Quase em off topic atrevo-me a contar um pequeno episódio que me aconteceu esta semana. Num papel que a vida nos reserva pude, durante alguns minutos, estar na mesma sala com cinco pessoas que encontrei, noutros papeis, noutros tempos, há quase tantos tempos que parece ter sido noutra vida. Eu e estas cinco pessoas fizeram-me lembrar Pirandello e a sua peça “Seis personagens à procura de autor”. Tal como na peça revi estas vidas e as encenei. Uma personagem fascinante mas da qual sofri uma pequena traição contrastava, diretamente, com uma outra ternurenta. A terceira vê em mim quase um verdadeiro anticristo e a quarta é tão altiva que a sua altivez quase me chega ao pescoço. Resta uma indiferente mas envelhecida.
Alguém devia dizer às universidades e a estas seis personagens que no casino da vida, tal como nos casinos reais, é proibido contar as cartas. Façam-no apenas se forem o homem da chuva …o rain man!

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Jack,

Para quem já fez recrutamento, tenho que concordar que os nossos jovens não tem as competências que a formação académica lhes devia fornecer para responderem às necessidades das nossas empresas. Se associarmos a este facto uma certa falta de humildade, então há muito que mudar, não só ao nível educacional como também ao nível das mentalidades. Como muito bem referiu “… E enquanto esta realidade perdurar as empresas terão dificuldades em serem mais competitivas. …”
Parabéns pelo artigo, sempre atual.
Cumprimentos.

Palerma disse...

Há empresas (poucas, muito poucas) que funcionam porque o patrão tem pena das pessoas e "arranja-lhes qualquer coisinha". E essa coisinha, por muito simples e básica que seja, o "trabalhador" não cumpre... É o problema da sociedade em que vivemos...