A Maioria Silenciosa

Recentemente faleceu David Frost. Para muitos o nome talvez não diga muito. A mim também não até saber que foi o jornalista em cujo programa televisivo Richard Nixon pediu desculpa ao povo americano. Apeteceu-me rever Nixon. Um exemplo de como não se deve fazer política. Conservador e educado nos rígidos valores evangélicos, Nixon estudou Direito e criou nome como perseguidor implacável dos comunistas. Logo em 1952 entrou na liça eleitoral como candidato à vice-presidência. Foi acusado de corrupção mas que foi atenuando utilizando hábeis intervenções televisivas. Em 1968 foi eleito presidente apresentando-se como salvador dos americanos esquecidos, aquilo a que chamou, Maioria Silenciosa. Ganhou, mas o lobo vestia-se com pele de cordeiro, e a Maioria Silenciosa foi esquecida também por ele, a dinâmica económica entrou em retrocesso, a inflação e o desemprego subiram, bem como a despesa com a Guerra do Vietname.

Quando cinco assaltantes entraram na sede do partido democrata, no edifício Watergate de Washington, e foram descobertos, dois jornalistas pressentiram o escândalo e continuaram a investigar. Dessas investigações saíram obstruções à justiça, encobrimentos e outras prevaricações. Em virtude da sua ambição narcisista, Nixon legou à história cada uma das suas palavras, que constituíram prova de delito e como prova da sua incompetência em todos os âmbitos, desde o económico ao cultural. Foi no programa de David Frost. Em época de eleições, fica aqui um compêndio de como não se deve fazer política.