segunda-feira, 27 de maio de 2013

Papillon

Este domingo à tarde revi o filme Papillon com que a RTP2 presenteou aqueles que não cederam ao apelo do futebol. Dois atores, Steve McQueen e Dustin Hoofman, em dois desempenhos soberbos, dão vida a dois prisioneiros em constante tentativa de fuga de uma prisão na Guiana Francesa.
Nos intervalos, curtos da RTP2, fui apurando algumas notícias que os jornais me proporcionaram este fim de semana. Uma delas, a da reunião do conselho de Estado, para debater e pensar em Portugal após a saída da troika. Não deixa de ser boa notícia planear, em devido tempo, acontecimentos futuros mas também não deixa de ser irónico que, o conselho de estado, constituído por responsáveis pela situação atual estejam a debater o futuro. Por outro lado, li uma notícia sobre o diploma que regula a mobilidade especial entre os funcionários públicos. Inquietante a conclusão de que 75% do pessoal das autarquias tem o perfil alvo das rescisões, trabalhadores menos qualificados. O diploma prevê, expressamente, que as autarquias sejam abrangidas e transfere as competências da gestão da mobilidade especial para as câmaras. É provável que só as grandes câmaras tenham necessidade de reduzir pessoal mas em todas vai haver diminuição das transferências do orçamento de Estado, ou seja todas terão menos dinheiro.
É claro que as rescisões serão amigáveis, mas se o perfil do programa são os trabalhadores menos qualificados, em caso de alguns aceitarem, que hipóteses terão no mercado de trabalho? E o Estado cria este programa sem mecanismos de requalificação das pessoas? Esse mesmo Estado que planeia com tanta antecedência?
Na cena final do filme, as duas personagens despedem-se, um decide arriscar um salto ao vazio para o mar, o outro decide não arriscar mais e ficar na ilha. Penso que será este o resultado do programa de mobilidade. Se alguém for bom para arriscar sai, se não tiver hipóteses fica. Poderá ser a sangria, no Estado, de bons funcionários. Era isto que se pretendia?

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