O post de hoje
não é aquele que estava previsto para o regresso após a Páscoa. Estava previsto
algo mais tranquilo mas, o mediatismo da edição 2013 da Enxara, obriga-me a
rever os planos.
Em 1968, Andy
Warhol, afirmou: “No futuro, toda a gente terá os seus quinze minutos de fama”
e foi precisamente o que parece que a Enxara conseguiu este ano, a Enxara e
todos aqueles que, ignorando os avisos teimaram em passar a Páscoa nas margens
do Xévora.
Depois foi ver o
circo mediático com as televisões a mostrarem os “peregrinos” isolados a
culparem os espanhóis por largarem as barragens, a câmara por ter largado os espanhóis
e os bombeiros quando, na verdade, foram eles que evitaram males maiores. Registo
o empenho da nossa corporação neste episódio e envio um agradecimento a todos o
que colaboraram.
É a cultura
popular, a cultura de massas que também retratou Andy Warhol nas suas repetições
de estrelas como Marilyn Monroe, Elvis Presley ou de objectos mais prosáicos
como a lata de sopa Campbell.
Por falar em
comida hoje estive em Badajoz e perto da ponte real estava, embrulhada a tecido
de tenda uma panela de ensopado e uma tupperware com o que pareciam ser
queijadas e broinhas. Se alguém deu pela sua falta é dirigir-se ao local!
8 comentários:
Notável post! A ignorância e o fascínio pela boçalidade, tonam-se parceiros em situações limites. Aqui a culpa não morreria solteira. Devemos felicitar as autoridades competentes, pela sua acção, que deveria ter sido mais enérgica, no sentido preventivo de uma eventual catástrofe.
Caro Jack,
Ainda estou em estado de choque com a notícia dos "peregrinos" da Enxara !
Olhe, eu não sei de quem será a
a panela de ensopado, nem a marmita das broinhas mas, ouvi dizer que ainda houve pior.
Parece que, na noite da enchente, enquanto o Sr. Calúnias andava com as barbatanas e a garrafa de oxigénio a salvar os peregrinos, alguém lhe roubou a dentadura de ouro que tinha deixado na tenda, dentro de uma caixinha !
Coitado, deve estar de rastos!
Emma Goldman, eu deixei a dentadura na tenda e Vª Excelência já não deve ter língua de tanto bajular o Jack. Cuide lá disso, que a língua faz-lhe muita falta! Tem um humor muito fraquinho, precisa de mais sal, ou de água. Se for a água da Enxara, melhor. Essa até ignorância tem mas, disso, a senhora não precisa, tem de sobra. Cumprimentos, bajuladora compulsiva!
Vá não se zangue sr. Calúnias!
Tem que saber gerir melhor o seu amor-próprio...
Pode tratar-me de ignorante se isso for útil no processo de remissão!
O dia que conseguir defender-se sem insultos ou tentativas de rebaixar, começarei a ter respeito por si!
As melhoras!
Cumprimentos
Diário de um Peregrino – 4 Dias de Viagem Espiritual
Dia 1 - Sexta-Feira
Tudo preparado para mais uma peregrinação ao Santuário da Enxara em honra de um Santo (Santa?) qualquer que fez uns milagres, umas magias ou não sei quê. Temos o borrego (roubado na terça-feira perto de Degolados) ainda vivo (o meu cunhado Chico Zé gosta de matar o cabrão dentro da ribeira), minis, vinho, queijadas, broinhas e coisinhas boas. Somos treze ao total. Como na última ceia. Vamos ter que enforcar alguém e vai ser a vaca da minha sogra. Nissan caixa aberta a tope e cá vamos nós.
Este ano decidi acampar do lado de lá da ponte. Diz a minha mulher que ouviu dizer na cabeleireira que vai chover muito e há risco de a ponte ficar submersa. Tretas de merda. O meu calo diz que vai estar um tempo maravilhoso.
Chegados ao lugar do acampamento vemos que uns anormais acamparam no sítio que eu escolhi. Só porque não marquei o terreno pensam que podem acampar onde querem. São duas velhas de 60 e poucos anos e um velhote de 88 numa cadeira de rodas. Tentamos convencer a escumalha para abandonar o NOSSO local mas não querem sair nem atados. Temos que tomar uma atitude. As velhas são espancadas e atiramos o velho (com a cadeira) para dentro da ribeira. Tomem lá que já almoçaram. Vão-se embora chorando e arrastando o velho pela lama (a cadeira de rodas foi levada pelas águas). Bem feita. Agora passam a respeitar mais as outras pessoas. Começa a chover.
Dia 2 - Sábado
Não chove. Eu não disse? Estes anormais da Protecção Civil andaram por aqui a avisar de possibilidade de enxurrada. Que tristes. Vão mas é trabalhar maraus!!!! Aqui a tentar enganar os PEREGRINOS!!! Tenham vergonha, seus chulos!!!
Almoço e Garraiada.
Bebi demais ao almoço e vomitei um pouco. Mas Garraiada é garraiada e temos que cumprir as nossas tradições. O bezerro que soltaram parecia um gato mas apareceu de surpresa e assustei-me e as pessoas começar a rir. Anormais. Voltei para a arena a enfrentar o bicho mas tive azar e o cabrão deu-me uma cabeçada nos testículos. Fiquei com o direito inchado. Parece uma Maçã calibrada pela EU. Volto para o acampamento e tiro gelo da geleira das minis e coloco no testículo. O inchaço parece desaparecer. Volto a colocar o gelo na geleira. Vou fazer cocó na ribeira. Os espanhóis que o comam. Eh,eh,eh.
Voltam a aparecer os chulos da Protecção Civil a avisar de subida das águas que no Abrilongo. Esta gente não tem sentido do ridículo? Chulos.
Dia 3 – Domingo
Choveu muito durante a noite e parece que no Abrilongo fizeram descargas. Isto está tudo inundado e não se consegue passar a ponte. Onde andam os gajos da Protecção Civil? É uma vergonha. Deste lado tudo inundado e sem poder passar para o outro lado. Assim está Portugal. Chulos que não querem trabalhar. E não avisaram as pessoas. Tenho vergonha de ser português.
Começam a passar pessoas em motas de água. Querem levar as mulheres e as crianças primeiro mas eu armo um escândalo. As mulheres e as crianças primeiro? Que nojo de Protecção Civil.
Por fim passo para o outro lado no lugar do meu filho de 4 anos. Está a TVI a fazer entrevistas e vou dizer a todo Portugal a vergonha da acção da Protecção Civil e dos Bombeiros (outros chulos). Tomem.
Continua a chover. Chego a casa e ligo a televisão para me ver sorridente dentro de uma carrinha da Protecção Civil. Fiquei bem.
Dia 4 – Segunda
Continua a chover.
Tenho que voltar ao acampamento para apanhar as coisas e a Nissan. Chego e a ponte continua intransitável. Que vergonha. Tiveram toda a noite para drenar a ribeira e não fizeram nada. Chulos!!!
Chego, por fim, ao acampamento. Está tudo inundado. A Nissan submersa. Nas traseiras das carrinha parece que está uma cadeira de rodas. Que nojo.
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Como podem concluir,pelo meu diário, são os peregrinos as vítimas desta situação e não os culpados. Por favor, acabem já com esta miserável campanha. Chulos!!!
Não se metam com as boas gente da Mui Leal e Valorosa Campo Maior. Chulos!!!!
Para a próxima Enxara vou levar:
- braçadeiras;
- colchão de água;
- óculos de natação;
- impermeável;
- auriculares para não me entrar água para os ouvidos e para não ouvir os avisos da Protecção Civil;
- tachos e panelas;
- comida e bebida à farta;
- iate com cozinha, casa de banho e um quarto com cama de casal (o que dá jeito).
Assim, que venha a Protecção Civil, esses malandros, chatear-me a cabeça. Se quiser ir ao "Mãos Sujas" beber um copo, ou comer a açorda do Carrasco, vou de iate. Quem pode, pode...
Caro jack
No início achei grosseiro o teor de alguns posts mas tenho de reconhecer que a “caricatura” do "diário de um peregrino" grotesca, mas engraçada, e de uma grande proximidade à realidade do que se passa anualmente naquele aprazível lugar, onde em tempos idos, seria talvez diferente daquilo em que se transformou.
Sou de Campo Maior e nunca fui muito bairrista confesso, a não ser quando estudava em Elvas e os Elvenses e não, só faziam piadas jocosas sobre Campo Maior, aí a coisa era séria, com o passar do tempo deixei de dar importância a essas questões, no entanto hoje preocupa-me o rumo que esta terra e estas gentes se estão a tomar. E não estou a falar de política. Mas sim de valores, individuais, coletivos, de cidadania com tudo o que o conceito encerra…
É urgente a mudança de paradigma. Todos nós merecemos, os nossos filhos também.
A população, com a sua sensatez, franqueza e fidelidade, sempre fez maravilhas, no século das descobertas como no das revoluções, na era iluminista como na tecnológica. Basta querer.
Zainab
"A arca de Miguel Carvalho"
Deus, ao ver tanta iniquidade e ignorância em Campo Maior, preparou uma vingança. Então, escolheu a altura da Páscoa, época da Festividade das Barracas, ou a Romaria de Nª Srª da Enxara, para pôr em prática essa vingança. Mas, antes disso, incubiu Miguel Carvalho, servo leal e Bombeiro por excelência para pregar às gentes: "Avisarás o povo pois, vou mandar uma tromba de água tão grande que a Barragem do Abrilongo abrirá as comportas e aumentará o caudal do rio Xévora. Muitos farão chacota de ti, não te darão ouvidos, tratar-te-ão mal mas tem fé. Constrói uma Arca. Assim, salvarás aqueles que acatarem o teu conselho, bem como todo o animal terrestre ou voador, selvático ou doméstico, macho e fêmea de cada espécie."
E Miguel, servo leal e de fé, acatou o conselho do Senhor. Pregou às gentes e, como se sentia impotente, pediu a ajuda do Presidente Ricardo Pinheiro a fim de avisarem as gentes. Fizeram exactamente como Deus mandou, vez após vez. E o povo fazia chacota: "Quem é que disse que ia chover? Por pensares assim, não te divertes! Olha nós, de mini na mão, a comer um chouriço. És um parôlo!" O povo assentou arraiais.
Depois de estar tudo instalado, uns a comerem, outros a beberem, Miguel fechou a "Arca". E Deus mandou vir uma chuvada que encheu barragens, fez aumentar os leitos dos rios e alagou os campos. E o povo continuava na Enxara e começou a aperceber-se da força de Deus devido ao alagamento. Porém, a ignorância, a soberba e a iniquidade levou-os a afirmar de que não foram avisados. A gente de fé e humilde abandonou a festividade e entrou na "Arca". Deus, que é perdoador e misericordioso ordenou a Miguel Carvalho: "Preparás veículos e embarcações e, juntamente com o resto da corporação de Bombeiros de Campo Maior e do Distrito, deslocar-te-ás à Enxara e salvarás o pobre povo ignorante e desobediente. Eu sou um Deus misericordioso." E Miguel acatou as ordens de Deus. E foram equipas de mergulhadores, moveram-se corporações de todo o Distrito em prol de uma causa. E o povo foi salvo. Mas, mesmo assim, desdenhava da Protecção Civil: "Se soubéssemos que iria ser assim, não teríamos vindo. Pelo menos, tinham-nos avisado, ou até para isso chegam atrasados? Não custaria nada percorrer os acampamentos a avisar as pessoas." A humildade dos Bombeiros foi tanta, que ouviram as críticas destrutivas mas, apesar de tudo, têm orgulho naquilo que fazem e, se acontecesse uma situação destas outra vez, voltariam a ter a mesma atitude.
P.S.: Leiam as palavras de Nuno Candeias, publicadas no seu facebook. Quanta humildade!
https://www.facebook.com/#!/nuno.candeias.58
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