Se fiz a avaliação
quantitativa das classificações no post passado, vou hoje debruçar-me sobre
alguns aspectos qualitativos que a publicação dos rankings mostrou.
Pela primeira vez
o Ministério da Educação pôde cruzar os resultados dos exames com informação
sobre as condições dos alunos. Sem surpresa, chegou-se à conclusão que quanto
mais professores no quadro e com mais experiência, quanto maiores forem as
habilitações dos pais melhores serão as notas. Também se concluiu que as condições
económicas tem um peso significativo no desempenho escolar. Como alguém me
dizia, fazendo-me recordar velhos alfarrábios, verifica-se a teoria da pirâmide
de Maslow, se as necessidades básicas não estão satisfeitas…
E é sobre este
ponto específico que gostaria de falar. Sobre Campo Maior podemos fazer várias
inferências. A primeira é que sendo Campo Maior um concelho que a nível de
distrito se situa entre os que tem mais poder de compra (podem consultar o site
do INE), não se tem reflectido este facto em posições do ranking mais altas. A
segunda é que com o agravamento da crise e com o aumento de impostos as condições
serão bastante piores para o ensino. Como se dizia, no Expresso, na passada
edição “apesar de todas as mudanças realizadas nos últimos 50 anos, na
sociedade em geral e no sistema educativo em particular, o peso da estrutura
social continua a ser muito forte”. Com o agravar da situação económica podemos
assistir ao aprofundar de uma contradição, na época do acesso massificado à
escola, na época da democratização do ensino as desigualdades aprofundam-se no
interior do sistema educativo!
12 comentários:
"... sendo Campo Maior um concelho que a nível de distrito se situa entre os que tem mais poder de compra (podem consultar o site do INE), não se tem reflectido este facto em posições do ranking mais altas."
Ora, muito se tem falado do grande poder de compra atribuido ao nosso concelho, mas digo-vos uma coisa: devem ser muito poucos a comprar muito. Querem a verdade? Cá vai: o número de alunos do concelho de Campo Maior que recebe subsídios (acção social) é superior a 40%!! Se tiverem tempo e meios, procurem comparar este número com os dos restantes concelhos do distrito. E depois, conscientes da verdade e não da ilusão, falaremos das posições da nossa escola nos rankings do distrito, e do real valor que teve obtê-las: 3ºciclo- 7ª escola em 23; Secundário- 2ª em 7.
caro Anónimo,
É verdade o que diz. Esse número estava publicado e é assustador que exista no nosso concelho. Mas mesmo assim e comparando de uma forma relativa, não só com o distristo, mas com todo o interior empobrecido Campo Maior deveria estar pelo menos a meio do ranking e em nunhuma classificação isso acontece. Não diga "do real valor em obtê-las" porque é um exagero
Jack
Tal como dizia nos seus comentários, a escolaridade dos pais também contribui para o sucesso dos filhos. Esta é também uma situação que se verifica em Campo Maior. Antigamente isto não seria razão para que os alunos não se empenhassem, não dessem valor à escola. Hoje, com as ofertas tão diversificadas os jovens têm ocupações em demasia que os faz desfocar e andar numa roda viva onde não há lugar para definir prioridades. E os pais?? Os pais embarcam nestas andanças!
Porque pode interessar, deixo o posicionamento da Escola Secundária de Campo Maior de acordo com o ranking publicado pelo "Público".
2003 -508ª
2005 - 472ª (total 595)
2006 - 556ª (total 587)
2007 - 358ª (total 602)
2008 - 371ª (total 604)
2009 - 169ª (total 600)
Como se pode constatar a melhoria verificada resultava de um processo evolutivo gradual que foi perturbado por múltiplos fatores...
Ora aqui está um comentário com uma perspectiva diferente mas serena e informada. Concordo inteiramente
Porque pode ser interessante deixo o ranking da Escola Secundária de Campo Maior, de acordo com o Jornal Público:
2003 - 508ª
2005 - 472ª (em 595)
2006 - 556ª (em 587)
2007 - 358ª (em 602)
2008 - 371ª (em 604)
2009 - 169ª (em 600)
Para se conseguirem bons resultados é necessária a conjugação de múltiplos fatores.Foram mencionados alguns ,mas antes de tudo é preciso sentir-se a vontade de ser melhor ,de trabalhar mais, de refletir sobre o caminho percorrido. É preciso que pais e alunos valorem o Saber como um bem enriquecedor e imprescindivel. É preciso que se ache que "o copo" ainda está meio vazio e que, por isso, é preciso continuar . Quando as aparências bastam falta a força para fazer melhor. Depois é preciso que todos olhem na direção certa e se queira começar a construir com qualidade desde o ínício. Isso dá trabalho e não se resolve com melhores meios físicos... Por isso é tão mais fácil dizer "Há muitos piores que nós..." . Isso deixa em paz muitas consciências...
.. então isto acontece SÓ em Campo Maior.... daí a classificação vergonhosa... culpada a terra, culpados os pais (incultos), culpados os filhos (burros), culpado o Zé Sócrates, o PGR, e até a Angela Merkel...pérolas a porcos, que é como quem diz, dar semelhantes alunos a estes professores.....
Há tempos debrucei-me acerca do tema do insucesso escolar em Campo Maior. Nessa discussão que tive com um anónimo, todos eram culpados menos (adivinhem!!!) os alunos.
É óbvio que, para a resolução de parte do problema, é necessário todos - pais, alunos e professores - remarem na mesma direcção. Podem-me vir com histórias do género: "Há professores que são maus profissionais e tal..." E o trabalho em casa, meus amigos? Não se faz? Os pais??? Onde são vistos neste problema??? Meus caros: nas universidades é bem pior, pois encontra-se de tudo: desde professores bons, até ao mais reles ser humano que, além de não quererem saber dos alunos, nem se preocupam em dar a matéria que, supostamente, sairá na frequência e eles têm de a fazer se quiserem passar à cadeira e não dar mais despesa aos pais.
Em Campo Maior não há consciência da realidade nua e crua porque toda a gente vive despreocupada com o emprego à porta de casa e uma vida mais ou menos "desafogada"; o que há num lado com fartura, falta noutro. O que há de boa vida, falta na cultura, saber e educação. Em Campo Maior contam-se pelos dedos as pessoas educadas, interessadas e sábias. Podem criticar-me: há abundância de burros! E aos burros não se lhe pode dar cultura, saber... Esta é a realidade, chamem-me insensível, espertalhão. Segurem-se!
eu chamar-te-ia "iluminado"...
Falam muito de educação? O que sabem verdadeiramente sobre educação? Só um idiota pode analisar a situação com tanta simplicidade, como nenhum outro setor a educação reflte as indecisões políticas, a instabilidade, em suma, a realidade social, e Campo Maior não é apanágio de cultura. Poder de compra é sinónimo de que as pessoas se preocupam em fazer formação, aprender uma língua, estudar música? Deve o ensino descer ao nível da ignorância e estupidez, da boçalidade e incivilidade, da rasura e indigência cultural?
Uma formação que não favoreça a indigência espiritual, que estimule o progresso intelectual e moral, que capacite a pessoa a
— Ver o mundo com outros olhos,
— Tomar decisões fundamentadas,
— Agir com responsabilidade,
— Questionar o sentido das coisas e dos factos,
A educação não se mede nos rankings…
Já agora onde estavam os iluminados nos anos anteriores? Ou só agora despertaram e se preocupam Oxalá tenham filhos que venham beneficiar do que de positivo se faz neste momento na escola pública de Campo Maior...
Ah...entendeu a mensagem!! Uma coisa são opiniões divergentes outra coisa é falta de educação...e como voce tem obrigação de saber de educação...
É assim: não admito aqui insultos. Publico este comentário porque foi retocado.
Só mais dois pontos: primeiro, os rankings da escola têm sido sempre aqui comentados. Segundo, por não saber nada de educação é que peço mais esclarecimento e mais presença da escola na vida publica.
E não precisa de assinar porque sei quem você é!
Calúnias, não o trato por senhor porque o senhor está no céu. Gostei dessa do emprego à porta de casa. Mas, mesmo assim, com o emprego à porta de casa, o pessoal vai para o trabalho de carro. O trânsito em Campo Maior é assustador às 8 da manhã. Isto vem ao encontro da história do poder de compra. Assim, faço minhas as palavras do Calúnias: "se há num lado, falta no outro".
Faço um apelo ao executivo camarário para que se façam esforços numa instalação de redes de transporte em Campo Maior (metro, comboio e autocarro) e, já agora, o estacionamento devia ser pago na zona histórica.
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