Fiquei apreensivo
quando ouvi a proposta para o modelo de privatização da RTP. Essa eminência
parda chamada António Borges anunciou, em prime time, na RTP (suprema ironia)
que a RTP2 iria, simplesmente, fechar e que a RTP1 seria concessionada. Simplesmente
ficaríamos sem serviço público de televisão…simplesmente…
Mais estupefacto
fiquei quando li na imprensa do fim de semana que o novo concessionário ficaria,
à partida, com uma receita garantida que se aproxima das receitas totais da SIC
e TVI. Esta receita provem da taxa do audiovisual que todos pagamos na fatura
da electricidade. Como se não bastasse leio na mesma reportagem que a RTP,
neste momento, já dá lucro e que em 2013 custaria zero aos cofres do Estado.
Felizmente que
também ouvi algumas vozes a levantarem-se a contestar este modelo. Os primeiros
foram os outros canais privados que afirmam que o mercado publicitário é
pequeno para mais um canal privado generalista. Mas também li que alguns
Constitucionalistas têm dúvidas sobre a constitucionalidade destas medidas. Mas
será que podemos esperar algo de um tribunal constitucional que quer que os
privados também fiquem sem subsídio de Natal em nome da equidade quando os
funcionários públicos não são despedidos e os privados o podem ser a qualquer
momento? Onde está aqui a equidade?
Parece-me que a
questão da RTP ainda fará correr muita tinta e, não me parece, mas antes tenho
a certeza que os Vampiros não tiraram férias…e nem o Sol abrasador já os detêm!
9 comentários:
O CONSULTÓRIO SENTIMENTAL DO DR. ESTRANHO AMOR
Dr.M.Relvas, Bacharel, 53 Anos, Lisboa
Pergunta: Doutor, ando preocupado. Tenho problemas com a maçonaria, com as secretas, com a minha licenciatura e com a RTP. A minha carreira política está em causa?
Resposta: Caro Dr.M. Relvas, não tem razões para estar apreensivo. Todas essas situações que descreve só teriam arruinado qualquer carreira política num país civilizado. Mas estamos em Portugal e o que lá fora é visto como escândalo e manigância aqui, felizmente, tem “equivalência” como virtude indispensável para medrar politicamente. Continue a aplicar as “equivalências” e tudo vai correr bem.
Ricardo P., 31 anos, Autarca, de Campo Maior.
P: Caro Doutor, sou autarca numa pequena vila alentejana e para o ano que vem tenho eleições, o que é uma chatice. Qual foi o ponto alto do meu mandato, na sua opinião?
R: Amigo Ricardo, o seu ponto alto foi a promessa de construir uma Marina na Barragem. Foi um golpe de autêntico génio político. Nestas próximas proponho que repita a brincadeira e atire para o ar a possibilidade de organizar os Jogos Olímpicos de Inverno em Agosto no Polidesportivo de Degolados ou que vai drenar a Barragem do Caia para encontrar um Galeão Espanhol do Séc. XVI proveniente das Américas recheado de ouro.
J.Sócrates, 56 anos, Estudante, Paris
P: Doutor, sinto-me injustiçado por tudo aquilo que se diz de mim. Acha que a História acabará por me colocar no lugar que mereço?
R: Não tenho a mais mínima dúvida, amigo Sócrates, que a História acabará por colocá-lo no seu devido lugar. Esperemos que esse lugar não se chame Estabelecimento Prisional Pinheiro da Cruz.
Isabel R. , 41 anos, Vereadora e Intelectual, Campo Maior
P: Dotor, estou muito preocopada com a farta de cultura dos meus coterranios. Que poço faser para que eles tenham uma cultura de bom nivel?
R: Eu não me preocuparia, amiga Isabel. Se o objectivo é nivelar por baixo o objectivo está mais do que cumprido.
João B., 55 anos, Ex-Autarca, Campo Maior.
P: Doutor, estou a pensar em voltar a candidatar-me à Câmara. Acha que os campomaiorenses sentem saudades minhas?
R: Sim e a isso chama-se Síndrome de Estocolmo.
Pedro P. Coelho, 49 anos, homem a dias da Troika, desde um T0 em Massamá
P: Doutor, estou esgotar as soluções para reduzir o défice e já não sei onde mais cortar. Pode dar-me algumas ideias? Obrigado.
R: Há ainda muita coisa por cortar, amigo Pedro. Por exemplo, essa coisa de os portugueses possuírem duas pernas, dois braços, duas mãos, dois rins, dois pulmões, dois pés e, em alguns casos, até dois testículos, é viver acima das possibilidades. Com um exemplar de cada basta e o excedente vai para venda no mercado negro de órgãos.
J.Gordo, 59 anos, Coordenador do BE, desde o Teatro de Operações Mártir Santo.
P: Doutor, acha que algum dia os ciganos vão sair do Mártir Santo? Abraço.
R: Creio que não, amigo Gordo. É mais fácil um qualquer vereador de Obras entrar num Mosteiro para cumprir voto de silêncio para o resto de vida que isso dos ciganos acontecer. De qualquer forma, aplique o velho ditado “ Se não podes com eles, junta-te a eles” e enverede pelo caminho da criminalidade (assaltos, venda de droga, violência e intimidação junto da população) contra a etnia cigana que, estou certo, as autoridades policiais e judiciais serão tão tolerantes consigo como o são com a citada comunidade.
Continua...
S.Bicho, 57 anos, Mestre de Obra, Campo Maior.
P: Boa noite, Doutor. Vou ser breve. Queria saber se de uma perspectiva política é plausível, através da participação democrática, criar mecanismos de interacção directa entre os munícipes e as instituições locais de forma a dinamizar e optimizar a criação de projectos que envolvam toda a dinâmica criada pelas sinergias que fluem no contexto de uma sociedade civil agregada e ser simultaneamente motor de partilha de ideias e projectos que possam restaurar a possibilidade de conseguir um concelho jovem e dinâmico que vá ao encontro das expectativas autonomizadoras das características já de por si envolventes de participação democrática numa constante mutação de forças agregadoras e motivacionais dos projectos em curso na perspectiva sócio/cultural vigente durante a existência de dicotomias assinaladas no programa de referência das competências funcionais?
R: Não.
R.Pingo , 53 anos, Eminência Parda, Campo Maior
P: Doutor, depois dos berbicachos com o Geriátrico e com as piscinas da Fonte Nova acha que tenho condições para voltar a ser candidato à Assembleia? Obrigado.
R: Ver resposta a M. Relvas.
Aníbal Cavaco S., 73 anos, viciado no Facebook, Belém
P: Queres ser meu amigo no Facebook?
R: Não.
Ana G., 44 anos, Ex-Vereadora da Cultura e Intelectual, Campo Maior
P: Dotore, acho que a pulitica cultural actual da Camara é nefasta e que tenta copiar tudo o que se fes pelo anterior esecutivo. Concorda?
R: Plenamente de acordo. É uma cópia do que se fazia anteriormente. Só ainda não sei qual é o Ecce Hommo original e qual a restauração da D. Cecilia Giménez.
P.Portas, 49 anos, Submarinista , Feira da Ladra
P: Querido Doutor, perdi os documentos dos submarinos e tal, as comissões, já sabe… Posso vir a ter problemas com a justiça por causa disso? Um beijo.
R: Claro que não vai ter problemas com a justiça. Isso nem é delinquência mas sim uma pequena diatribe própria dos excessos da juventude. Aqui punimos crimes graves como conduzir sem cinto ou não utilizar a faca com cabo azul para cortar o peixe e não esse tipo de inocentes brincadeiras de poucas centenas de milhões de euros.
J.Ripper, Opinador , Campo Maior
P: Caro Dr, estou a ponderar iniciar a minha carreira política. Posso contar com o seu voto?
R: Claro que sim. Vai desejar factura?
O Dr. Estranho Amor reaparece com o seu humor ácido.
Um Bem Haja!
Que inveja desse seu texto! Quanta imaginação! Quanto humor! Quanta coerência! Quanta metáfora! Perfeito! No entanto, não querendo desfazer, eu acrescentaria mais duas personagens:
Alexandre Florentino, 30 anos, tratador de papéis, Campo Maior.
Pergunta: Doutor, tenho aqui umas fotocópias e uns papéis do não sei quem, mais uns despachos relacionados com o coiso e umas fotos da Raya Jovem para colocar no Boletim Municipal e uns papéis para o Ricardo assinar, se tiver tempo porque tem uma reunião com o Sr. Rui e mais uns papéis que deixei algures com umas ideias para dinamizar a vila... o que faço?
Resposta: Reencaminha para o João Muacho.
João Muacho, 40 anos, organizador de papéis, ex-Vereador das Obras, Campo Maior.
Pergunta: Doutor, tenho aqui umas fotocópias e uns papéis do não sei quem, mais uns despachos relacionados com o coiso e umas fotos da Raya Jovem para colocar no Boletim Municipal e uns papéis para o Ricardo assinar, se tiver tempo porque tem uma reunião com o Sr. Rui e mais uns papéis que deixei algures com umas ideias para dinamizar a vila... o que faço?
Resposta: Reencaminha para o Alexandre. Se ele estiver ocupado com algum papel... aguarde, senão confunde-lo.
Brutal! lol
Para escreverem BABOSEIRAS como as do senhor Estranho Amor mais vale a pena estarem sossegados. tebham vergonha e nao insultem as pessoas.
Caro Dr Estranho Amor, queria saber se quando se perde o poder mantido ao longo de muitos anos da mais profunda demagogia se sente alguma coisa em especial.
R:- Sim, sente-se ódio, inveja, suores frios, a chamada dor de cotovelo.....
Dr Estranho Amor
A sua sátira está fantástica!
É sinal de inteligência rirmos de nós próprios.
Arranque com um blogue pois o Jack está a ficar muito "pseudo".
Soror Mariana
Tem razão a Soror Mariana um blogue do Dr. Estranho seria muito bem vindo!
Enviar um comentário