Há muitos
momentos que penso que o grande desafio para quem está neste canto é a interioridade.
Muitas vezes no meu percurso me confrontei com ela e com a decisão de não
voltar ou não criar raízes aqui. O primeiro momento foi quando terminou a
universidade. Todos diziam: Vais voltar para aquele deserto? E eu respondia:
Mas eu gosto daquilo. Outro momento é quando já trabalhas e te dizem: Mas que
carreira vais tu ter lá? E dizemos: Mas eu vou! Se está a ficar um deserto quanto
menos gente houver mais deserto fica.
No Expresso deste
sábado encontrei, salvando as devidas distâncias, um companheiro destas mesmas
andanças. Carlos Tê, conhecido autor de músicas, também optou por viver no
Porto e quando questionado sobre se isso ainda era um entrave respondeu: “Nos
anos 80 foi importante as pessoas estarem em Lisboa. Sem redes, sem
Internet, era muito complicado. A não ser que se fosse genial, como a Agustina
(Bessa Luís)”.
A interioridade
sempre foi causa para que muitos campomaiorenses procurassem vida em terras
distantes. Campo Maior tem muitos filhos espalhados por esse mundo…mas digo eu,
se tem filhos também terá netos! E deixo aqui uma proposta: que o município
crie um dia para aproximar a diáspora campomaiorense da sua terra ou da terra
dos seus avós. À semelhança do 10 de Junho que se celebra a Portugalidade em Campo Maior deveria
celebrar-se a Campomaiorlidade. E, claro, deveriam ser criados condições para
Campo Maior tirar partido desta rede fomentando os contactos, os negócios, as
parcerias entre os Campomaiorenses do mundo inteiro!
6 comentários:
Caro Jack the Riper
Concordo e subscrevo o seu post, eu como muitos dos nossos conterrâneos, por força das circunstâncias também tive que migrar. Andei por Cascais, Barreiro, Angola, Crato e finalmente no ocaso da minha carreira profissional regressei à Terra.
Diz o Povo que a nossa Terra é aquele que nos dá o pão, comungo em parte com este adágio, todavia, não deixo de reconhecer que a nossa origem está sempre na mente de cada um. Regressei depois de mais de 40 anos dedicados à causa pública. Ontem no programa da RTP 1 transmitido do Crato, houve alguém que apelou, como o Jack o faz, à comemoração de um dia em que se possam juntar os naturais, residentes e os ausentes do Crato. Nós devemos seguir esse exemplo e se houver anuência dos nossos conterrâneos será uma festa extraordinária juntando várias gerações. Há uma falha que o nosso Município tem que ultrapassar, a criação do dia do Emigrante como forma de homenagear todos os que nos deixaram para procurar o seu sustento e que por isso também contribuiram para o desenvolvimento da nossa Terra.
Siripipi-Alentejano
A diáspora, tem sempre um motivo - económico-financeiro, político e outros, que levam a uma desertificação, cujos custos hoje pagamos. Mas atenção, o povo judeu foi obrigado à primeira grande diáspora, descrita na História Universal. No entanto em 1948 iniciou o regresso à "Terrra Prometida", cujo percurso continua, em condições económicas-financeiras sustentáveis, em condições de segurança invejáveis. Campo Maior tem condições de segurança- mínimas- para garantir o regresso da diáspora? Seria melhor, primeiro terapêutica urgente a um Património Nacional, que se chama Mártir Santo. Vamos então ao regresso da diáspora. Ou temos medo?
Sugiro o dia 15 de Agosto ou o fim de semana mais próximo, como o dia da Reunião. Com o cheirinho das Festas, como este ano, mas com maior cuidado organizativo, mais animação e mais qualidade.
Campo Maior também merece e também devia ter a sua grande festa anual.
Até já há uma Associação das Festas do Povo para promover o evento ...
Sim porque esse grande ritual de iniciação à bebedeira que dá pelo nome de Raia Jovem, nada tem a ver com uma grande festa campomaiorense.
Talvez não se tenha dado conta mas inventou uma palavra nova Campomaiorilidade
Por falare em Krato... eu fui e gostei bue dos koncertos e konhexi gente nova mexmo de outrax terrax. É sinale ke promovem bem o evento. E fui a akampare, não se paga nada. Goxtava bue de ver lá o presidente Rikardo e o rexto do executivo pa tirarem umax ideiax. Pelo k ovi dizere exte ano o presidente do Krato optou por um kartaz mais barato mas não deixou a kualidade dos artixtax de lado. Curti bues!!!
Fui à avenida dar um passeio. Por acaso, estava uma noite agradável de sexta-feira. Deparei-me com um bailarico paupérrimo em plena avenida cheia de gente. Em cima de um pequeno palco actuava um homem. Cantava música pimba ao som de uma concertina. E os jovens de outrora lá arrastavam os pés naquele "bailarico de verão".
Já li aqui a expressão de um anónimo que dizia: "Com pão e bolos enganam-se os tolos." Mas não é preciso ser-se muito tolo para ver que aquilo era um espectáculo pobre, a fazer lembrar aquelas "festinhas" nas pequenas aldeias do Alentejo profundo, onde Deus se esqueceu de passar, com uma barraca, dois ou três bebados, elas com bigode e a cheirarem a matança do porco e um homem a tocar umas pimbalhadas.
Se calhar estou errado, se calhar é o que o povo quer, se calhar é mais uma promessa cumprida para fazer manchete no boletim municipal... Ou se calhar isto tudo é um sonho e eu nem quero esfregar os olhos para entrar na realidade.
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