segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Gripe e o DeCampoMaior!

Tenho temas para publicar mas estou com gripe e apeteceu-me poesia.
A Gripe e os Homens – António Lobo Antunes.


Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisanas e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

6 comentários:

Anónimo disse...

Doenças…

E chegou a vez ao De… olhando para ele, diariamente nota-se que há ali qualquer coisa que não funciona.

Umas vezes é pela palidez que ostenta. Outras pelo nervosismo da escrita. Outras ainda, pela repetição das palavras. e dos assuntos a despropósito…

...enfim é daquelas coisas que não temos coragem de o dizer cara-a-cara, com receio de levantar alguma lebre da toca… mas mal “abala” de ao pé de nós, e o vemos afastar-se naquele passo seguro-incerto-seguro;logo comentamos para o companheiro do lado:
Não sei o que se passa com este rapaz , mas que não anda lá muito bem não anda !

Não acha o compadre que há ali qualquer coisa que está a falhar ?

Será algum problema físico ? de amor da Lurdes ? familiar ? no emprego ?

Sem resposta, encolhemos os ombros resignados - como é habitual em tudo até chegar a nossa vez - acabando por esquecer, mudar de assunto, e tal como a água que corre por debaixo das pontes, retornamos ao leito da conversa do futebol...
... do Benfica (já)campeão este ano; das searas amareladas por não chover ;das tragédias dos aumentos diários nas nossas vidas ; das palavras vazias, dirigidas a um destinatário de qualquer mundo imaginado naquele momento de incerteza e farsa, como se a verdade viesse daqui a pouco num qualquer telejornal das 20, ou no suicídio moral - em directo - ao assistir a um qualquer dos programas seguintes....

É claro que o 25 de Abril não tem a culpa, assim como o dedo mafioso que aponta para “Ele” também não.

Sabemos que a história repete-se, e todos os anos há 28 de Maios, sem que nada aconteça, ainda que haja muita “boa” gente que vai á missa rezar para que no dia 10 de amanhã, apareça montado numa nuvem, o velho presidente do conselho que lhe deu cor, com o sangue dos mortos que produziu.

Saudades ! … ou não fosse saudade uma palavra tão genuinamente portuguesa.

Claro que com isto não quero dizer que De… - que está melhor graças ás aspirinas - informações fidedignas – não volte a recair, se olhar novamente para as paginas centrais (do jornal), e voltar a centralizar o olhar (desesperado ? embevecido? envergonhado ? ) nas fotografias a cores - do Panteão subserviente ao poder - maiores (muito maiores) que as fontes da Fonte Nova.

Se não puder ir com a Lurdes , fique - ao menos - com o Antunes !
É claro que não será o mais indicado para uma cura completa , mas sentirá algumas melhoras !

Jantemos…

Dr. Estranho Amor disse...

O M.I.J.A.C (Movimento Instigador Jack À Câmara) deseja-lhe uma rápida recuperação. Necessitamos da sua análise fria e oportuna e da sua interpretação livre e preclara dos factos e realidades do nosso mundo.

Para amenizar a convalescença, e vista a sua debilidade por poesia, um poema do grande Alexandre O’Neill:

Sigamos o cherne,minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos,até,do cherne um beijo,
Senão já com amor,com alegria...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne:traído
Peixe recalcado...

Sigamos,pois,o cherne,antes que venha,
Já morto,boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando,mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...

Sim, Jack, você pode ser o nosso “cherne”.

Jack The Ripper disse...

Para o Anónimo José Quitério,


Voce pode criticar-me quanto quiser agora se não gosta do que lê aqui só tem a fazer uma coisa, em nome da liberdade que tanto apregoa, não ler e não comentar.

Já agora quando me trata por De... omite a palavra mais importante...Campo Maior.

E como sei que é médico diga-me lá o que faço à gripe!

carlos disse...

Lobo Antunes será mto provavelmente o nosso proximo "Nobelizado" (sem ironia).
As melhoras .
E faz hoje 2 anos, nevava que deus a manadava...

Dr. Estranho Amor disse...

Quer dizer:

1)Sem mediar convite, aparece todos os dias para “jantar” em “casa” do Jack.

2)Entrando na “cozinha” Jackiana, e mesmo antes de se sentar, arremete contra os naperons da bancada.

3)Apresentada a Sopa, grita “Outra vez isto?”

4)Limpo e lambido o prato da sopa, Jack apresenta-lhe o prato de peixe. Ante de provar, insulta o cozinheiro pelo aspecto “suspeito” do Carapau.

5)Trincadas até as espinhas do peixe, está na hora da carne. Os insultos voltam a surgir quando se dá conta que se trata de Porco e não de Vaca. “ Fora de lugar este prato, fora de lugar”, protesta veementemente.

6)“Venha a minha sobremesa” grita furioso desde a mesa. Quando se apercebe há apenas fruta, volta a dirigir-se ao paciente Jack e grita-lhe “ Sois uns subservientes ao poder da indústria hortofrutícola”.

7)“Como estava tudo”, pergunta temerosamente o Estripador. “Uma trampa, estava tudo uma trampa, como é habitual”, responde o auto-convidado.

8)Levanta-se e dirige-se para a porta. Mas a meio do trajecto ainda grita para Jack “Amanhã volto outra vez. Guarda a mesa do costume”.

Por vezes Jack, mas só por vezes, percebo e entendo os Tonton Macoute que pedem a "fumigação".

Anónimo disse...

Coexistências …

No primeiro impulso pensei em não fazer. Faço-o, no sentido de esclarecer, que as “tristes” emoções lidas aí acima, não têm relação com a verdade.

Porque… não é pelo facto de “a maioria” tresler - o que é para se lido com algum sentido de humor – eu darei como verdadeiro, o que não é.

E ( já agora) também, poder (re) afirmar, que as criticas provocadas por insensibilidades literárias - me continuarão a dar profunda pena - mas não me melindram.

… talvez porque nos meus hábitos de leitura, deixo em paz, o meu o musculo cardíaco – porque tenho coração de pobre - mas accionando normalmente o trabalho do cérebro.

É verdade, que há pessoas que não leio, porque simplesmente me irrita a sua “pose” os seus tiques (truques) literários!

Outras há, que não deixo de os ler – até insistentemente os procuro - precisamente porque me irritam - muitas vezes - o que escrevem.
O De… ou melhor ,o Decampomaior - que não conheço pessoalmente - tem estado nestes últimos.

Almocemos…