quinta-feira, 9 de abril de 2009

Da euforia pascal

Aproxima-se a Páscoa. A grande celebração vai começar. Para uns a euforia báquica que afoga todas as tristezas, deita para trás as preocupações, permite um convívio sem peias, nem barreiras.
Para quem aprecia não há melhor remédio. Os romanos diziam “In Vino Veritas”. Mas no vinho pode encontrar-se muito mais: a fuga aos problemas, o adormecimento do corpo e do espírito, que nos trás alguma acalmia, ainda que, lamentavelmente, muito pouco duradoura. Depois vem a ressaca. Fica o corpo em farrapos e a alma a parecer que se quer libertar procurando outras paragens de maior descanso.
Mas, paciência: enquanto durar, há-de funcionar. Há vezes em que chegamos à conclusão que só nos resta pegar a vida pelos cornos da desgraça. E todos temos o direito às nossas fugazinhas mesmo que não passem de escapatórias curtas e de efeitos tão nefastos. Mesmo uma alegria breve, sempre é uma alegria. E, caramba! Deixem-me esquecer de tudo porque eu quero beber. Eu preciso esquecer. Eu tenho urgência em não sentir. Poderei parecer devasso bebendo, mas não quero tornar-me indigno traindo. Embora saiba que, logo depois, tenho de regressar para continuar esta coisa a que chamamos viver, com toda a inteireza de carácter que me for possível.
Vá! Que se lixem as mágoas! Tristezas não pagam dívidas! Durante os poucos dias de magia que nos restam, vamos mergulhar nesse universo sonhado pelos deuses rurais que nos geraram. Amigos e companheiros, aí vou e aí espero ficar sabendo que não vou conseguir resolver nem adiar os males que me atormentam. Encham-me bem esses copos quando souberem que estou quase a chegar.

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