O agora tão falado capitalismo especulativo constitui a forma mais extrema de liberalismo económico. Este liberalismo que reduz ao mínimo a intervenção do Estado para garantir o máximo de liberdade de acção ao mundo dos negócios, é muitas vezes designado como "capitalismo selvagem" para sublinhar o seu carácter essencial que é a ausência de regras e de mecanismos de intervenção política do Estado em defesa dos interesses do conjunto da sociedade.
Os defensores desta doutrina e desta prática economicista apregoam como verdade incontestável que a liberdade total das actividades económicas levará ao funcionamento de uma ordem natural regida pela chamada "lei da oferta e da procura". Esta regulará o nível natural da produção em função das necessidades do mercado. Ora, a verdade é que esta "lei da oferta e da procura" conduz a uma mistificação porque, no livre jogo dos negócios, os mais fortes, na sua insaciável procura do lucro, acabam sempre por submeter os mais mais fracos, reduzindo-os a condições miseráveis de subsistência. Daí que, historicamente, aos períodos de maior liberalização das actividades económicas se têm sempre seguido períodos de grandes crises sociais.
Tanto mais que, agora, grande parte da vida económica se converteu, não na procura do lucro pela produção de bens destinados ao consumo, mas numa procura de ganhos através de espantosas manipulações do capital financeiro, gerando-se uma espécie de "capitalismo de casino" em busca de ganhos rápidos pela manipulação de mirabolantes deslocações de dinheiro.
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