sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Da crise e do endividamento das famílias

Alguns cálculos determinaram um valor muito elevado, de cerca 130% de endividamento das famílias, tomando como base o rendimento disponível em 2007. Valor muito preocupante, dadas as fragilidades actuais da economia portuguesa sujeita a taxas elevadas de desemprego e à dificuldade de crescimento do produto interno bruto. Este excessivo endividamento das famílias é um fenómeno das últimas décadas e está relacionado com o bombardeamento da agressiva publicidade ao crédito facilitado, promovido por algumas instituições bancárias. Créditos na hora, resolução do processo de concessão do crédito por um simples telefonema e outros aliciantes "cantos de sereia", atraíram as famílias portuguesas para o naufrágio em que soçobraram.
Por outro lado, o consumismo presente na actual sociedade criou hábitos e ambições que ultrapassavam a capacidade financeira da maior parte dos portugueses. Numa sociedade em que preocupação maior é possuir determinados bens que se pensa que dão um estatuto social mais elevado, como automóveis, viagens, casas opulentas, vestuário de marca e outros bens de consumo, arrastaram os incautos para gastarem muito acima dos rendimentos que conseguiam obter com o seu trabalho.
E os bancos não podiam ter previsto que estava a emprestar acima da capacidade de solvência daqueles a quem concediam os empréstimos? O problema está na maneira como os bancos se organizaram em função de uma desmedida procura do lucro fácil. A partir do momento em que os administradores dos bancos passaram a ser remunerados pelo volume dos movimentos que se realizavam e não dos lucros reais que se obtinham, o sistema financeiro gerou a contradição em que se enlearam e que provocou a crise financeira com que actualmente nos debatemos. Ou seja, aumento espectacularmente o volume dos créditos concedidos e entrou em colapso porque muito deles, não sendo pagos, em vez de gerarem lucros, provocaram prejuízos.
E, agora, aí estamos sem saber como sair desta situação de desastre global do sistema financeiro, à beira do círculo vicioso de não haver desenvolvimento por não haver dinheiro para investir e de não se gerar riqueza que permita acumular o dinheiro necessário para desenvolver.

2 comentários:

Três horas da manhã disse...

A crise já vêm detrás, porém não tenham a menor dúvida que se vai agravar mais devido a falta de solvência dos consumidores e empresas.

Os consumidores obtaram ou foram aliciados a fazer um crédito fácil.

Mesmo assim esta situação não toma as proporções dos EUA, porque por terras do Tio Sam, todos os bancos praticam o crédito fácil. Em Portugal tal é regularizado, não sendo permitidas determinadas práticas.

O certo é que estamos a cair todos os dias em termos económicos e não se sabe quando se baterá no fundo para voltar a subir.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Boa Tarde por aqui.
É verdade que o crédito facil foi gerado pelos banco, e, os mais espertos foram atrás da conversa do vizinho que mudou de banco e agora está a pagar menos prestação do que no banco anterior. É verdade só que os mais incautos não viram que estando a pagar a inportancia X e já tendo pago X anos, passava a começar de novo, ou seja, se tinha pago 5 ou 6 anos, estava agora a fazer novo crédito para 30 ou 40 anos. O mal de certas empresas, tambêm foi o emprestimo facil, os bancos vendiam o dinheiro bem caro, senão vejamos aqui mesmo em Campo Maior as que faliram, ou estão pelo caminho devido à falta de escoamento de produtos, ou mesmo falta de serviços, caso da construção civil, e quem lhe vende, se não se precaver, vai pelo caminho. Isto é um ciclo vicioso, cai o que compra, e o que vende pode ir pelo caminho, isto devido às pessoas que contam que lhe vai sair o Euro Milhões e não sai, depois os ordenados recebidos ao fim do mês, não chegam para nem para comer, gás, agua, luz, etc...
Bom fim de semana