quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Do lixo nas ruas

A limpeza das suas ruas é, a par da brancura das casas, uma das imagens mais marcantes das cidades, vilas e aldeias do Alentejo. Os forasteiros ficam sempre impressionados com o asseio que é visível nas povoações da nossa região.

Infelizmente, Campo Maior tem vindo a tornar-se uma excepção. O ciclo diário é quase sempre o mesmo, ainda que possa variar quanto à intensidade e à quantidade de detritos:
- De manhã, logo a seguir à passagem dos funcionários da Câmara encarregados da limpeza das ruas, a vila consegue encaixar-se na imagem que se atribui às terras alentejanas, porque, verdade seja dita, esses funcionários aplicam-se na execução da sua tarefa;
- À medida que o dia avança, começam a aparecer no chão das ruas, papéis, embalagens de aperitivos, de chocolates e de gelados, sacos de plástico e, por vezes, outros materiais que se pensaria que nunca apareceriam, no chão de uma rua, como caixas de sapataria, algumas com sapatos velhos, embalagens de telemóveis...
- Com a chegada da noite e a deposição de sacos cheios de lixo no chão junto dos contentores, os animais abandonados que vadiam pela vila, rasgam esses sacos em busca de comida. Assiste-se então ao ponto máximo da sujidade, quando o conteúdo dos sacos é literalmente espalhado na via pública.

São comportamentos inexplicáveis, porque só podem ser tratados como um problema de falta de civismo. É certo que se pode argumentar que há falta de recipientes espalhados pela vila, onde as pessoas possam deitar o lixo. Mas, também é certo que, nos sítios onde existem, não há menos lixo espalhado pelo chão. Há situações clamorosas, como na Avenida da Liberdade, onde até há bastantes recipientes para o lixo. Contudo, mesmo à volta desses recipientes, que estão vazios, há muitos papéis e restos de embalagens espalhados pelo chão. Quando chega a noite, o espectáculo torna-se degradante com as porcarias que se podem ver espalhadas dentro e fora do lago, dentro e fora da fonte da rotunda e nos gradeamentos dos repuxos.
Concerteza que um problema de tal gravidade não se pode resolver multiplicando os serviços de limpeza. Até porque os que já existem deveriam ser suficientes. A menos que se pusesse uma brigada de recolha de lixo com presença permanente em cada rua, o que, francamente, seria ridículo. Não estamos perante uma questão de falta de limpeza, mas perante uma questão de total falta de educação que leva alguns dos habitantes a deitarem desconsideradamente todo o tipo de lixo para o chão. É, portanto, um problema que só se resolveria com adequadas campanhas de educação cívica.

É curioso verificar que os responsáveis pela gestão do município parecem não reparar neste facto. Se já o tivessem feito e se preocupassem com a situação, certamente já teriam desencadeado uma campanha de sensibilização dos munícipes para a necessidade de preservar a limpeza da vila. E, porque não?, recorrer a medidas repressivas para os que persistirem em dar uma imagem tão má da população de Campo Maior.
Talvez que medidas deste tipo fossem mais úteis para o prestígio de Campo Maior do que certas actividades de duvidosa eficácia nas quais se gastam vultuosos recursos. Ou será que os campomaiorenses não preferiam ter uma vila asseada, composta e bonita?

8 comentários:

Anónimo disse...

Bravo!Bravíssimo!
Até que enfim começam a surgir pessoas com visão critica para apontar erros e defeitos e que, ainda por cima, o fazem com elevação e de forma irrepeensívelmente bem-educada.
Sigo com gosto e entusiasmo os seus "postes". São um bálsamo no meio da baixaria em que costuma situar-se a discussão da política local.
Mas, que se pode fazer contra isso?
Educá-los?
Seria divinalmente bom se pudesse ser feito...
Mas como se "a estupidez atrai a estupidez, na razão directa da sua massa e na razão inversa da sua inteligência?"
O remédio é ignorá-los e fazer que a carvana siga para diante.
Por favor, continue este grato diálogo, pois que bem necessitados estamos de possibilidades como esta.

Três horas da manhã disse...

É unânime, as ruas de Campo Maior hoje em dia são um caixote do lixo. Na realidade, aqui existem uma forte falta de civismo de alguns Campomaiorenses que atiram "tudo" para a rua.

Faz uns dias contaram-me, que existem pessoas que depois dos encargados da limpeza passarem e limparemo lixo, atiram de propósito com detritos para o meio da rua, são essas mesmas pessoas que dizem que os encargados da limpeza não fazem nada.

Acredito, que pudesse ser melhorada toda a infra-estrutura montada sobre a recolha do lixo, porém e como muito bem diz no seu post...o mal está na falta de educação cívica.

O Município deveria olhar para este problema, e, desenvolver uma campanha de sensibilização, que deveria ter como alvo toda a população mas em especial as crianças.

Cumprimentos!!!

Anónimo disse...

Um de Campo Maior disse:

Apoio tudo o que escreveu e em reforço adianto esta que eu presenciei
- uma daquelas senhoras muito asseadas, estava a lavar a sua porta donde tinha varrido o lixo para o meio da rua
- foi ver acaixa de correio donde retirou alguns folhetos de publicidade quwe amarrotou e jogou no meio da rua
- e esta heim!...

Anónimo disse...

Sou fã dos seus escritos
Mas hoje gostei demais
Fiquei tão sensibilizada que pedi ao meu neto para lhe mandar estas palavras

Infeliz terra que está nas mãos de gente com tão pouca classe

Os que mandam banqueteiam-se e os sem vergonha, os tontos e tontas que os rodeiam contentam-se com a migalhas que caem da mesa do banquete
Julgando-se muito espertos envergonham-se e achincalham-se a servir de capachos a gente que nem para servir prestava

quando cabará est pouca vergonha?

quando poderemos voltar a sentir orgulho de sermos campomaiorenses?

Anónimo disse...

Aja quem nos acuda
quando chega ao fim esta desgraça?

Eu cá sinto vergonha de tudo isto

Continue a escrever a ver se mantemos alguma esperança

Júlia disse...

Não venho comentar mas informar que vão reiniciar-se as actividades da ACC e deste blogue.

Anónimo disse...

Apesar de o campo dos meus interesses ser diferente e de certas intriguíces rasacas, ligadas à política local de Campo Maior, me acusarem grande repulsa, Não posso deixar de o(a)cumprimentar pela elevação com que está a intervir na análise critica dos problemas de Campo Maior.

siripipi alentejano disse...

Concordo absolutamente com o tema, julgo que é oportuno e actual. A limpeza em Campo Maior anda pelas ruas da amargura, antigamente quando era só a Câmara a proceder à recolha, depósito e tratamento de lixo, as nossas ruas estavam mais limpas e não existiam um acumular de lixos junto dos contentores. Depois de a Autarquia ter integrado a Valnor e outorgado uma pareceria coma Santa Casa da Misericórdia, a primeira para a recolha e tratamento e a segunda para a limpeza das Ruas, os serviços prestados por ambas passaram a ser péssimos. É o que verificamos, principalmemnte em feriados e fins de semana, todavia, também temos que salientar que existe uma grande falta de
civismo por parte dos utentes que não cumpre os mais elementares princípios civicos, de higiene e de defesa ambiental. É premente que se alertem todos os Municipes para a necessidade de cumprirem essas regras de boa conduta e respeito pelo próximo, não nos podemos esquecer que as Câmaras possuiam Códigos de Posturas que puniam estes prevericadores, os tempos mudaram, surgiu a democracia e esses Regulamentos cairam no esquecimento. A Democracia trouxe-nos e liberdade e como tal para se viver em sociedade e num estado de direito, não nos podemos esquecer que a nossa liberdade termina a partir do momento que começa a liberdade do próximo, só assim é que posemos viver em sociedade.
Campo Maior, 30 de Agosto de 2008
siripipi-alentejano