quarta-feira, 25 de março de 2015

Orpheu

Passa por estes dias 100 anos da edição da revista Orpheu. Uma revista modernista que apresentava o futuro a galope e feita por homens de uma geração “que ainda está por vir, cuja alma não conhece já, realmente, a sinceridade e os sentimentos sociais" (Fernando Pessoa).
A revista teve apenas duas edições e, apesar de muito criticada, Orpheu tinha a poesia e a irreverência de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá Carneiro. Dirigida por Luís de Montalvor e pelo brasileiro Ronaldo de Carvalho não tinha jornalistas, tendo sido escolhido um menor de idade, António Ferro como editor de forma a evitar problemas com a justiça.
Por cá também o futuro se anuncia a galope e quem não teve a tentação de ser também Orpheista? Mais do que uma tentação é uma obrigação mesmo que haja crítica, outros neutralizem essa vontade.
Também já é primavera, o tempo, dá jeito, que melhore até ao fim de semana e o Sol “vae esmolando os campos com bodos de oiro” (Almada Negreiros). Os “teus beijos, queria-os de tule,/Transparecendo carmim” (Mário de Sá Carneiro) e esbugalhar-me na “fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios” (Fernando Pessoa). “Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!”


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