Passa por estes dias 100 anos da edição da revista Orpheu. Uma revista
modernista que apresentava o futuro a galope e feita por homens de uma geração
“que ainda está por vir, cuja alma não conhece já, realmente, a sinceridade e
os sentimentos sociais" (Fernando Pessoa).
A revista teve apenas duas edições e, apesar de muito criticada, Orpheu
tinha a poesia e a irreverência de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de
Sá Carneiro. Dirigida por Luís de Montalvor e pelo brasileiro Ronaldo de
Carvalho não tinha jornalistas, tendo sido escolhido um menor de idade, António
Ferro como editor de forma a evitar problemas com a justiça.
Por cá também o futuro se anuncia a galope e quem não teve a tentação de
ser também Orpheista? Mais do que uma tentação é uma obrigação mesmo que haja
crítica, outros neutralizem essa vontade.
Também já é primavera, o tempo, dá jeito, que melhore até ao fim de semana
e o Sol “vae esmolando os campos com bodos de oiro” (Almada Negreiros). Os
“teus beijos, queria-os de tule,/Transparecendo carmim” (Mário de Sá Carneiro)
e esbugalhar-me na “fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os
comboios” (Fernando Pessoa). “Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!”
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