quarta-feira, 4 de março de 2015

Num domingo qualquer…

Juntavam-se a cada domingo e infalivelmente no Badalo três tipos extravagantes e de tão singular aspeto que me inspiraram a curiosidade, em mim tão rara, de saber quem eram. Uma vez abancaram cerca da minha mesa. Após várias referências a brilhantes façanhas donjuanescas, falaram de um outro indivíduo, e percebi que colaboravam no trabalho acintoso da horda amatilhada para o desprestigiar.
Levantei-me e dei uma volta pelas velharias e avistei-te com a capa de seda negra ponteada de vidrilhos a esvoaçar sobre os ombros que pulavam no desembaraço frenético da marcha. Podia dizer que os olhos eram esmeralda e a tua blusa topázio, mas estas cores são pedras tão gastas pela literatura que tenho a certeza que Tenesse Williams acharia de um tremendo mau gosto. Prefiro dizer que os teus lábios eram cor cereja simplesmente.

Estava um Sol pardacento que amortecia o contraste da brancura da cal com o negro dos paralelos da estrada. Tu estancaste a marcha secamente. Os meus olhos esgazeados passearam pelas formas que molemente sarapintavam o jardim. Tudo isto num domingo qualquer De Campo Maior…

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