quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Santos da Casa não Fazem Milagres

Na semana passada, estava eu de regresso à vila depois de uma semana de trabalho, quando entrei num dos nossos bares mais típicos. Fiquei, discreto, mudo, quase invisível num dos cantos observando um grupo de clientes que tal como eu comemorava o descanso de fim de semana. Entre conversas vadias de temas comuns e incomuns, o dono desdobrava-se em cumprimentos para alguns elementos, enquanto os copos de cerveja formavam fila no balcão. – Está bem assim, Doutor? Ou quer mais Seven Up na imperial? (sim, há quem deite gasosa na cerveja). Toda esta reverência a dois indivíduos com ar distinto, chamaram a atenção a dois outros do mesmo grupo. Interpelou o primeiro: “Já viste, a ti não te chama Doutor por seres de cá e aos outros é Doutor para aqui e para o outro lado”. Respondeu o segundo: “Isso nem se usa já. Deixa-te disso, já sabes que santos da casa não fazem milagres”.
Como diria o António Aleixo este tipo de ditados populares tem alguma ponta de verdade. Quantas vezes não se diz que Campo Maior é uma terra madrasta para os próprios filhos?

Esta sexta-feira um filho da terra vai falar da sua terra. Esta sexta-feira o Dr. Francisco Galego vai apresentar, no centro cultural um livro sobre a Vila de Ouguela. A obra “A Antiga Vila de Ouguela – Elementos para a sua História” será apresentada aos campomaiorenses. Triplo milagre, dirão alguns, um Campomaiorense falando de Campo Maior em Campo Maior. Ou talvez não…os conhecimentos do Dr. Francisco Galego sobre a sua terra dispensam milagres para se poder falar dela. Não deixem de passar pelo Centro de Cultural, quer gostem ou não de milagres, quer sejam filhos desta terra ou de outra qualquer…

1 comentário:

Mata Hari disse...

Olá Jack,
Achei a conversa da tasca muito engraçada. O patrão da tasca la teria as suas razões de tratar uns por tu e outros por doutores. Sabe cá o Jack se o patrão da tasca não andou a jogar ao berlinde com os que tratou por tu? Deixemo-nos destas considerações arcaicas. Abomino esta mania tipicamente portuguesa de hierarquizar o tratamento.
Quanto ao reconhecimento e orgulho que deveria haver por parte da comunidade perante intelecutais locais que zelam pela nossa história, o que lhe vamos fazer? Essa atitude é universal e remota. Lembre-se que o proprio Jesus não passou do filho do carpinteiro!
Já agora, de quem é filho o "Chico Galego" ?