Estamos naquela altura do ano que devemos ser bonzinhos ou, se preferirem,
mostrar caridade cristã, no entanto não pude deixar de ficar enjoado quando,
vendo o cartaz cultural, vejo tanta festa de solidariedade. Fruta da época, é
certo, à qual não se pode escapar. Por isso fiquei espantado com a exposição
sobre a I Grande Guerra que o prof. Fernando Antunes, juntamente com o Clube de
Empreendedorismo da Escola Secundária, se propõe realizar já a partir de 12 de
Dezembro.
Que diabo…Guerra…Natal…não liga mesmo nada…Pois bem, enganam-se os
leitores, que conduzidos por mim nesta ácida introdução pensarão que não tem
nada a ver os horrores da guerra com a quadra do advento.
No Natal de 1914, faz agora redondinhos 100 anos, ocorreu nos campos de batalha
da I Guerra um facto verdadeiramente extraordinário. Nessa tarde de dia 24 o
exército alemão começou a decorar as trincheiras com velas. Os beefs ingleses
responderam com cânticos de Natal. De repente atiram prendas de um e de outro
lado: chocolate, tabaco, álcool. A artilharia parou, começaram por retirar os
mortos e fizeram funerais conjuntos. Há relatos de haver jogos de futebol e
confraternização entre ambos os lados com os cânticos de Natal a misturarem
sotaques ingleses e alemães. Que os horrores da guerra permitam um destes
acontecimentos é verdadeiro espírito de Natal.
Não me resta mais que pedir a todos os leitores que passem pela biblioteca
da Escola Secundária para apreciarem a exposição que estes alunos prepararam.
Um verdadeiro candeeiro na escuridão.
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