segunda-feira, 10 de novembro de 2014

As Nuvens de Berlin

Se há acontecimento que marcou a minha geração foi a queda do Muro de Berlin. Depois de passar a infância e a adolescência a ver o Brejnev na televisão, com a ameaça de mísseis de longo alcance, foi com surpresa que, com vinte e tal anos, vi os regimes comunistas desmoronarem-se sem haver guerra. Fez ontem, dia 9 de Novembro, 25 anos que os alemães ocidentais abraçaram os alemães de leste num acontecimento que teve tanto de inesperado como de caótico.
Mais tarde, Francis Fukuyama interpretou a queda do bloco soviético como sendo um triunfo da democracia e o fim iminente da História, significando um tempo sem as nuvens do confronto ideológico.
Comparando localmente até poderíamos falar das últimas eleições, onde uma vitória rotunda desmembrou a oposição, com uns a desertar e outros a não querer saber.

Mas as nuvens de Fukuyama continuariam sob outra forma e com outros atores já que não há quaisquer vitórias definitivas mas sim vitórias parciais no longo caminho da História. Por cá também deveria haver outros atores na oposição de forma e a História de Campo Maior não acabar por falta de confronto ideológico, tal como diria Fukuyama.

1 comentário:

Anónimo disse...

Há muitos muros para cair ...

Muro de Berlim

A queda do muro de Berlim teve início a 9 de Novembro de 1989 e terminou com a divisão de dois regimes políticos. Passados que são 25 anos as barreiras persistem por todo o universo. O mundo hoje parece mais caótico e conflituoso do que há umas décadas. No Rio de Janeiro construiram-se muros à volta de algumas favelas para tapar o que não deve ser visto. A Espanha construiu o Muro de Ceuta separando Marrocos da cidade de Ceuta para impedir a imigração ilegal para a Europa. O Estado Judeu construiu o muro que separa Israel da Cisjordânia para impedir ataques palestinianos. Todos este casos espelham e simbolizam a incapacidade dos homens se entenderem apesar do Papa Francisco ter rezado, em Maio deste ano, a pedir uma paz justa, e o fim de uma situação "inaceitável pelo bem de todos". É necessário que os líderes políticos procurem responder, com sucesso, aos desafios que o mundo enfrenta.

Gustavo Reis, Ferragudo in Público