Se há acontecimento que marcou a minha geração foi a queda do Muro de
Berlin. Depois de passar a infância e a adolescência a ver o Brejnev na
televisão, com a ameaça de mísseis de longo alcance, foi com surpresa que, com
vinte e tal anos, vi os regimes comunistas desmoronarem-se sem haver guerra.
Fez ontem, dia 9 de Novembro, 25 anos que os alemães ocidentais abraçaram os
alemães de leste num acontecimento que teve tanto de inesperado como de
caótico.
Mais tarde, Francis Fukuyama interpretou a queda do bloco soviético como
sendo um triunfo da democracia e o fim iminente da História, significando um
tempo sem as nuvens do confronto ideológico.
Comparando localmente até poderíamos falar das últimas eleições, onde uma
vitória rotunda desmembrou a oposição, com uns a desertar e outros a não querer
saber.
Mas as nuvens de Fukuyama continuariam sob outra forma e com outros atores
já que não há quaisquer vitórias definitivas mas sim vitórias parciais no longo
caminho da História. Por cá também deveria haver outros atores na oposição de
forma e a História de Campo Maior não acabar por falta de confronto ideológico,
tal como diria Fukuyama.
1 comentário:
Há muitos muros para cair ...
Muro de Berlim
A queda do muro de Berlim teve início a 9 de Novembro de 1989 e terminou com a divisão de dois regimes políticos. Passados que são 25 anos as barreiras persistem por todo o universo. O mundo hoje parece mais caótico e conflituoso do que há umas décadas. No Rio de Janeiro construiram-se muros à volta de algumas favelas para tapar o que não deve ser visto. A Espanha construiu o Muro de Ceuta separando Marrocos da cidade de Ceuta para impedir a imigração ilegal para a Europa. O Estado Judeu construiu o muro que separa Israel da Cisjordânia para impedir ataques palestinianos. Todos este casos espelham e simbolizam a incapacidade dos homens se entenderem apesar do Papa Francisco ter rezado, em Maio deste ano, a pedir uma paz justa, e o fim de uma situação "inaceitável pelo bem de todos". É necessário que os líderes políticos procurem responder, com sucesso, aos desafios que o mundo enfrenta.
Gustavo Reis, Ferragudo in Público
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