quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O Homem que matou Liberty Valance

Há muitos anos, nos sábados e domingos, servia-se de sobremesa filmes de verdade e não amenas comédias românticas, enternecedoras mas de um sabor sem sabor. Tropecei, por acaso, entre os muitos canais do cabo, por um destes filmes: “O homem que matou Liberty Valance”. O filme é do John Ford, um gigante do género western, e junta no mesmo filme, John Wayne e James Stewart. A história também é de amor, pois ambos disputam a mesma mulher, sendo que um deles terminará matando o mau da fita. Poderão dizer alguns dos leitores que tenho tanto gosto para filmes como ouvido tinha o Van Gogh para a música no entanto John Ford também traz para a tela um outro conflito, o de um homem que sendo advogado quer trazer o conhecimento e a lei ao oeste duro onde impera a lei da armas. Quando via o filme não pude deixar de pensar nas palavras de Ângela Merkel. Quando se deve dinheiro sujeitamo-nos a que outros venham a dar palpites e a Merkel vai dai e diz que Portugal tem licenciados a mais. Acontece que apenas 17% da população portuguesa entre os 25 e 64 anos têm um grau superior quando a média da OCDE é de 32%. E sendo verdade que muitas vezes a oferta da mão de obra está desajustada da procura, também é verdade que a cultura não se esgota na empregabilidade mas também esgota a edições de Heine, Schiller ou Goethe ou os pensamentos de Hegel ou Heidegger. Além disso a qualidade dos licenciados portugueses é inquestionável pois muitos trabalham e são escolhidos, precisamente, por empresas alemãs. Mas enfim, os palpites são coisas da Merkel. No filme o advogado ensina a rapariga a ler e ela acaba por ficar com ele. Coisas do John Ford!

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