A ler por desfastio…

Estava eu posto em sossego quando resolvi ir arrumar umas estantes. Por desfastio talvez. Não ia acabada a terceira estante encontrei um livro sobre Maquiavel. O reconhecido fundador da política moderna. No seu livro “O Príncipe”, descreve as virtudes de um bom governante mas, também conclui que este pode não as possuir verdadeiramente, podendo e devendo manter as aparências de as possuir. Esta dicotomia levou a que o adjetivo “maquiavélico” significasse astuto e maldoso.

Lembrou-me Maquiavel o estado da câmara de Elvas, tema que eclodiu nas férias do DeCampoMaior e que fui acompanhando, por desfastio talvez. Isto porque o estado natural das coisas é este mesmo, que governe quem foi eleito e não haja pantominas sobre quem efetivamente deve mandar.

Não vou entrar em detalhes sobre o tema para não me enfastiar com a descrição de golpes palacianos numa câmara de um país supostamente democrático.

Se há algo que quem envereda pela vida pública deveria saber é que finalizado o seu tempo deve sair de cena. Mas claro que depois de tantos anos custa não ter as pessoas à volta, não os endeusando nem os reconhecendo. Mas a res pública, a coisa pública, é isto mesmo, finalizada a missão…está a missão terminada.

E o contrário também se aplica, não deve ser ostracizado quem depois de perder a influência volta ao seu quotidiano de cidadão comum. Por desfastio talvez conto uma pequena história. Numa vila de cujo nome, quixotescamente, não me quero lembrar foi celebrado um casamento onde foi convidado quem antes teria posto de influência. Chamemos-lhe Sr. B, por desfastio e não ser sempre Sr. X. Ora conta-se que haveria dificuldade, por parte de quem distribuía os nomes dos convidados pelas mesas, em encaixar o dito Sr. B, uma vez que ninguém queria partilhar o espaço contíguo.

Finalizada a missão…está a missão terminada…