sexta-feira, 9 de maio de 2014

Valsa

Ficámos finalmente, meu amor
Na praia dos lençois, amarrotada
O mal que venha sempre, é um mar menor
... Sorriso de vazante na almofada

Se chamo som das ondas ao rumor
Dos passos dos vizinhos, pela escada
É porque á noite, acordo de terror
De me encontrar sem ti de madrugada

Qual a côr desta noite e de que medos
São feitas essas mãos que não me dás
Ó meu amor... a noite tem segredos
Que dizem coisas que não sou capaz


António Lobo Antunes

3 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!!

Anónimo disse...

Para Ti

Foi para ti
que desfolhei a chuva 
para ti soltei o perfume da terra 
toquei no nada 
e para ti foi tudo 

Para ti criei todas as palavras 
e todas me faltaram 
no minuto em que talhei 
o sabor do sempre 

Para ti dei voz 
às minhas mãos 
abri os gomos do tempo 
assaltei o mundo 
e pensei que tudo estava em nós 
nesse doce engano 
de tudo sermos donos 
sem nada termos 
simplesmente porque era de noite 
e não dormíamos 
eu descia em teu peito 
para me procurar 
e antes que a escuridão 
nos cingisse a cintura 
ficávamos nos olhos 
vivendo de um só 
amando de uma só vida 

Mia Couto

Anónimo disse...

Cada um mais lindo que o outro, deve ser bom receber assim um poema deste dedicado á nossa pessoa!