segunda-feira, 28 de abril de 2014

Não misturem as coisas...

Já uma vez falei da Nigella Lawson, uma destas novas estrelas da cozinha, que todos os dias nos propõe novos sabores para as nossas refeições. Gosto dos programas dela porque mistura muito bem a cozinha com a narrativa numa linguagem “very british” e uma música de fundo muito jazzistica. A mistura da Nigella sai perfeita mas há outras misturas que nem sempre soam bem e são bem conseguidas.
Vendo algumas opiniões sobre o 25 de Abril penso que há muita gente a misturar o significado da data bem como, abusivamente, dar-lhe significados distintos.
Um dos erros mais frequentes é não reconhecer que a vida é hoje muito melhor. Basta ver alguns indicadores como o número de pessoas que tem acesso à escola, a taxa de alfabetização, casas com instalações sanitárias e os resultados do serviço nacional de saúde, considerado um dos melhores do mundo.

Outra questão recorrente é a de que o 25 de Abril tem donos que falam em liberdade com mais propriedade. Apesar de não se gostar do momento que passamos não se pode apelar ao derrube violento de pessoas eleitas com legitimidade parlamentar como se vivêssemos num regime imposto à força. Quem governa, concorde-se ou não com a sua política, foi escolhido numa eleição livre a que Abril abriu portas. Comparar a situação atual com o salazarismo, branqueia, também Salazar e a ditadura. No regime anterior não havia eleições e é nas eleições que é o povo quem mais ordena. 

3 comentários:

AP disse...

Caro Jack,
Agora sim estamos de acordo.
O 25 de Abril de 1974, não foi um momento isolado, a iniciativa militar culminou décadas de resistência e de luta contra o fascismo sendo imediatamente apoiado por um amplo levantamento popular em todo o pais.
O Portugal que temos hoje é o resultado das nossas escolhas, legitimadas pelo poder do voto, ao qual muitos de nós só tivemos direito depois do 25 de Abril de 1974.
Até sempre!

Jack The Ripper disse...


Mais um motivo para a liberdade não ser faltar a obrigações legitimadas pelo povo.

Até sempre

Zé Esterco disse...

O que mais piada me dá (acho mesmo um piadão!!!) é ouvir esses pseudo-políticos e pseudo-intelectuais, com 20 e poucos anos, que vomitam - sim, vomitam - dizeres acerca daquele tempo em que não havia liberdade. Disse bem! Não havia liberdade. Nem vou perder tempo em escrever o sinónimo de liberdade, nem a dar exemplos comparativos. Não conheço nenhum desses "pseudo-tudo" que viveu entre os anos 30 e os anos 70. Se calhar é porque sou muito despistado, não sei. Porém, o trapaceiro do meu avô, analfabeto, disse-me (eu não acredito mas... enfim...) que andava descalço e que começou a trabalhar com 6 anos. "Guardava piruns", dizia ele. Depois, dois anos mais tarde, subiu de posto: começou a cavar. Defecava num buraco (cano) situado ao pé da cozinha enquanto a mãe, carinhosamente, fazia as sopas de batata.

Esses "pseudo-tudo" não sabem o que é miséria nem levaram reguadas de um Prof. Almeida, tal como o regime da altura assim outorgava.

Bem, vou carregar a bateria do meu iphone, instrumento da minha liberdade. Naquele tempo não havia iphone. Bem, "icome" também escasseava, portanto...