sexta-feira, 4 de abril de 2014

Causa Perdida?

No local onde trabalho tenho uma colega que é muito dada a tecnologias. Tem o seu Iphone 5 sempre artilhado de aplicações que dedilha por entre gritos histéricos. Claro que o Iphone é branco e combina com portátil de onde ela, responsável de um setor, manda emails e reencaminha outros. Mas no fim de contas faz apenas isto, os emails pouco valor acrescentado têm e as aplicações pouco mais devem ser que o Whatsapp ou o catálogo de alguma loja de roupa. Há uma frase famosa de Robert Solow, um Nobel da Economia: “vejo computadores por toda a parte menos nas estatísticas da produtividade” que reflete o que digo. Mas esqueçamos a minha colega. Isto foi apenas um desabafo e este tema é uma causa perdida.
Outra causa quase perdida é a que decorre sobre uma notícia que li esta semana. A EPAL depois de cortar a água a mais de mil pessoas, afirma que ninguém morrerá de sede pois há muito chafariz e fonte. A água é irrecusável e mesmo quem não pode pagar tem direito a ela. A água potável é essencial e a higiene que propicia evita doenças. É difícil perceber como as autarquias abdicaram de distribuir este bem para passarem a distribuir, gratuitamente, festas e foguetório. Não devia haver água privada assim como não há rios nem praias…será também uma causa perdida?

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Jack,
Falando em produtividade, tem toda a razão, tenho um amigo que tem um iPhone 5 e usa uma agenda em papel para registar os seus compromissos, estranho não?
Assim como estranho é continuarmos a votar nas pessoas que deixam privatizar as empresas que garantem a satisfação das nossas necessidades básicas.
Mas acredito que não é uma causa perdida, basta mudarmos as nossas escolhas.
Até breve!

Anónimo disse...

Parabéns por ter trazido este tema. É triste ver como a alienação social em que nos mergulham faz com que os homens aceitem a privatização de um bem, que é de todos, como se de uma inevitabilidade se tratasse!
Intoxicados mentalmente aceitamos como prioritário o que é acessório e esquece-se a dimensão humana, o amor ao outro, a universalidade de bens como a luz do dia, o ar, a água. Parece que só o lucro, os números, as estatísticas é que têm que dar certo.
Onde o lugar para o Homem? Onde o valor da Pessoa? Onde o respeito pelo valor dos bens que nos foram dados sem pagar? Donos da água!! Um pesadelo! Talvez um dia o dono das nuvens se irrite por não estar na sociedade empresarial e mande desligar... a chuva!

Zé Esterco disse...

Boas! É pertinente a primeira parte da sua publicação. Sou Iphonodependente e, neste momento, frequento um programa de desinphonoxicação. O meu caso já era preocupante: o Iphone roubava-me muito tempo, tempo esse que eu não dedicava à família e ao trabalho. Mais, quando se acabava o plafond de internet no meu Iphone, cheguei ao ponto de roubar internet "wi-fi" a particulares. Perante esta situação alarmante, os meus pais decidiram meterem-me neste programa. Não tem sido fácil. Numa primeira fase, meteram-me num casão e tiraram-me o meu Iphone. Estava sempre sob a vigília de um monitor. Depois, já tenho um Alcatel para comunicar com a família. Tenho a dizer que estou muito melhor: já conheço a família e o trabalho. Porém, tenho recaídas e estou agora a ter uma ao escrever este relato através de um Iphone que roubei a um amigo. Fica o conselho: se quiserem ter uma vida familiar feliz e um casamento bem sucedido, não usem o Iphone.

Cumprimentos.