Esta semana, a respeito do post sobre a candidatura das Festas a património
mundial, houve alguns comentários que mereceram a minha reflexão. Um deles
falava que as Festas tinham perdido a essência porque até já os “tetos” eram
feitos de forma mecanizada. Há muita gente que, ao contemplar a passagem dos
tempos, tem esta mesma opinião. Sendo assim dei comigo a pensar nas alterações
que ocorreram em Campo
Maior nos últimos vinte ou trinta anos.
Por esse tempo as mulheres ainda trabalhavam maioritariamente em casa e,
apesar de já não estarmos em ditadura, a sua mentalidade tinha sido moldada
pela Crónica Feminina. Hoje as mulheres estão também no mercado de trabalho e
têm elas próprias, e bem, aspirações de carreira e de estudos. Muitas delas,
tal como os homens, trabalham por turnos durante a noite com os transtornos que
isto cria no seu quotidiano.
Quando vão ao quiosque não procuram os Lavores Femininos, procurando antes
a revista das receitas da Bimby que lhes retire algum tempo na cozinha.
Tanto homens como mulheres enfrentam exigências muito maiores agora a nível
profissional e, apesar de tudo, toda a gente consegue algum dinheiro extra para
fazer férias em algum sítio de praia no Verão. Até mesmo para o tempo livre há
maior oferta de atividades que muita gente não abdica em troca de fazer flores
para os tetos.
Tudo isto condiciona a realidade das Festas das Flores que têm que se
reinventar nestes tempos de mudança…tal como todos os tempos o foram!
2 comentários:
Se continuarmos a entrar em considerações sobre os tetos serem confeccionados de forma automatizada, sobre quem faz as flores (se os habitantes das ruas, se pessoas pagas para isso) sobre a apelação do evento ( Festas das Flores, Festas do Povo ou Festa dos Artistas) a perenidade do evento ficará mesmo ameaçada.
Eu sou a favor da modernização deste evento. Tenho a certeza que métodos de confecção mais modernos e mais práticos só trarão benefícios! Uma festa que atrai tanto visitante não pode continuar a ser quando o povo quer. As Festas são uma marca cultural para Campo Maior e a sua organização deve ser mais séria, não como tem sido até aqui. Irrita-me este conservadorismo bolorento e a frase feita à qual todos respondemos quando nos perguntam quando há Festas: “Não há frequência estipulada, é só quando o povo quer”. Se fosse pela vontade do povo, haveria Festas todos os anos, por isso a mudança na organização é imprescindível . Devemos deixar-nos de considerações condicionantes e avançar para a modernidade. De resto candidatar-nos a Património Mundial com um estado de espírito tão retrógrado é a porta aberta ao Não da Unesco.
Espero que tanta modernidade não destrua aquilo que é a essência das nossas Festas, uma vez que é um dos pontos que a UNESCO valoriza.
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