segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Anda à Roda!

Parece que o governo está mesmo determinado em aumentar a receita fiscal. A última medida é a criação de um concurso, inspirado numa ideia brasileira, em que os prémios são atribuídos a quem pediu fatura no ato da compra.
Já houve quem dissesse que a melhor forma de ganhar dinheiro no casino era comprar um casino, ora o governo pretende imitar esta máxima criando a Fatura da Sorte.
Em qualquer lotaria os jogadores tendem a concentrarem-se mais no primeiro prémio, que sairá apenas a um, e muito pouco na possibilidade de nada ganharem, o que sucederá a todos os outros. Por isso joga-se bastante contra toda a lógica e probabilidades.
Mas o objetivo é mais rebuscado, pretende-se mudar o hábito dos portugueses de abdicar da fatura criando as condições para a existência de uma economia sombra muito grande. Com estes sorteios o governo pretende incentivar mais 4 milhões de contribuintes a pedirem a fatura, alargando a base tributável e aumentando o número de empresas com resultados positivos. A receita calculada previsível situa-se entre 600 e 800 milhões.
Os prémios prometidos são carros de gama alta, o que completa a ironia, de uma vida irrealmente melhor.
Como não há bela sem senão, já se identificou um número crescente de pessoas que não pretendem pedir fatura para o Estado não controlar os seus movimentos e invadir a sua privacidade. Chamam-se NIFóbicos, e a ideia do Estado ter uma enorme base de dados com os seus hábitos de consumo, arrepia-os, que é como que diz arrepiam caminho quando deveriam pedir faturas. È mais uma vez o Big Brother do George Orwell revisitado!


1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Jack,
Na passada semana, em conversa de amigos, levantou-se esta mesma questão e foi direcionada para aquilo que é a nossa cultura e os nossos valores. Enquanto que nos países nórdicos a fuga aos impostos é algo inconcebível no nosso país o inconcebível é a não fuga aos mesmos. Será que devíamos começar a fazer um trabalho de base na nossa sociedade, começando pelas nossas crianças, como vem sendo feito com a reciclagem? Será que os nossos emigrantes qualificados, quando voltarem ao país, vão ajudar-nos a compreender a necessidade de pagar impostos? É um fato que um dos problemas que temos é que não sabemos muito bem o que é feito com o dinheiro que pagamos, mas uma coisa é certa com ou sem Big Brother não podemos viver sem eles.
Já agora, espero que o carro me calhe em sorte.
Cumprimentos.