sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A Pistola e a Cultura

Goebbels tem uma frase célebre, muito recitada nos meios intelectuais ou se quiserem pseudo-intelectuais: “Cada vez que alguém me fala de cultura tenho vontade de pegar numa pistola”. A frase pretendia atingir todos aqueles que dizem encher os teatros, as salas de cinema e as óperas mas que afinal não os frequentam por falta de interesse.
No último Eurobarómetro, pergunta-se por que não iam os portugueses a um museu ou galeria no último ano. Resposta: 51% falta de interesse. A mesma pergunta para um bailado ou ópera. Resposta: 56% falta de interesse; E por que não foi ao teatro no último ano? 40% falta de interesse. E ao cinema? 35% por falta de interesse. Aqui, há uma nuance face às outras artes. É que, perto, 32% respondem que não vão ao cinema por uma questão de dinheiro, porque é caro. Não precisamos pegar na pistola, as pessoas dizem a verdade.
Apesar disso, conseguimos recordes na exposição na Ajuda da exposição de Joana Vasconcelos. Conseguimos recordes nas bilheteiras do filme "A Gaiola Dourada". Enchemos pavilhões para o Cirque du Soleil. Esgotamos concertos de Verão. A exposição Rubens, Brueghel, Lorrain, do Museu do Prado, já recebeu 20 mil visitantes. O que significam estes números? Afinal há interesse?

E quando se fala na supremacia do interesse no desporto (leia-se futebol) sobre a cultura? No domingo estiveram 62 mil pessoas no Estádio da Luz e o País ficou em suspenso à espera da confirmação de Cristiano Ronaldo como o melhor do mundo. Aqui já parece haver interesse. É um espectáculo de massas, como não são uma exposição e um teatro. E não são, porque não podem ou por que não se quer? Parabéns Ronaldo, algum dia estarás no Panteão onde não entrou o Pessoa! E já agora para quem não vai ao cinema por falta de interesse, a música do anúncio que a RTP fez ao Ronaldo é do Gladiador! 

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