quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ilusão Monetária

Daniel Bessa, esta semana na sua coluna do Expresso, dá uma bela lição de economia bem como da história recente do nosso país. No dia 27 de Maio de 1974 o governo instituiu o ordenado mínimo. Nos dias da revolução as empresas não podiam dizer que não tinham dinheiro porque os bancos estavam autorizados a emprestar e estes, por sua vez, pediriam ao Estado que também não diria que não havia dinheiro. Houve até um despacho a garantir este facto. A remuneração subiu, de um dia para o outro, 48% nos trabalhadores não agrícolas. Tudo parece fácil quando se tem um banco central e soberania monetária. Esse dinheiro acabou por valer pouco nos anos de 1974 e 1975 porque esse aumento da massa monetária não tinha correspondência em aumento de bens e serviços.
A situação atual é distinta. Portugal não tem soberania monetária e portanto quando não há dinheiro…não há dinheiro.
Quando quem diz que Portugal deve sair do Euro deve também dizer que, apesar de se recuperar essa soberania, e portanto a capacidade de imprimir dinheiro, a inflação subirá reduzindo o poder de compra desse mesmo dinheiro.

Há uma ilusão monetária…mais dinheiro no bolso capaz de comprar menos coisas…

1 comentário:

Unknown disse...

A inflação não será minimamente na mesma ordem de valor que a desvalorização. A queda de poder de compra já existe e se é verdade que os produtos importados tendencialmente ficarão mais caros, o que não é tão evidente quanto parece, o que acontecerá é que como em qualquer momento as pessoas mudarão a configuração do cabaz essencial (tipo aumenta o valor do arroz compra-se mais batatas, mas no final o cabaz fica o mesmo e só quando o cabaz minimo aumenta de preço é que se pode falar em inflação). Sair do euro é apenas muito complicado nos primeiros 3 meses, complicado ao fim de 6 meses, e depois aumenta o trabalho começa a haver reequilibrio salarial e da balança de pagamentos para positivo, as pessoas habituam-se e o país começa a bombar...

Existe uma outra teoria muito interessante, quando existe um desemprego acima do 5,5%, a moeda geral pode desvalorizar 30% que a inflação não passa do 3%, o exemplo mais recente deu-se nos EUA desde há 2 anos. Com 20% de desemprego muito dificilmente teremos inflação...