Corro o risco de,
com este post, receber mais um poema dizendo que estou melancólico, mas com a
vida local tão sem vida (na política local até me dizem que nem há
possibilidade de haver oposição) e como não me apetece falar da euforia
nacional pelo regresso aos mercados, quando o fardo carregado pelas famílias é
tão pesado, apenas me resta um post introspectivo e reflexivo. Espero não vos
causar bocejos quando lerem estas linhas…
Não pude deixar
de sentir tristeza quando, vi na “Oprah”, o Lance Armstrong confessar que se
tinha dopado. Foi um momento triste, eu que muitas vezes, subi com ele, nas
tardes de julho, o Alpez d’huez e passeamos de amarelo pelas ruas de Paris.
Lance disse que o fez porque queria ganhar muito e acima de todas as coisas.
Fico a pensar que
este sentimento não é raro mas sim uma constante nos dias de hoje. A competição
fomenta-se quase desde o berço, na escola, no emprego…Institui-se a ideia de se
ser o primeiro, o líder, o macho alfa (e por uma questão da igualdade direi a fêmea
alfa mas é uma expressão muito menos usada) e esquece-se, muitas vezes, a
grandeza de quem sabe enfrentar os fracassos da vida ou de quem os enfrentou com
muita classe. Quantas seleções campeãs do mundo de futebol têm o carisma da
seleção do Brasil de 1982 abatida com três golos do Rossi?
Noutro terreno,
li há algum tempo, um artigo que falava da tragédia em que se transformou a
viagem, em 1912, de Robert Scott. Também ele numa corrida, numa competição para
trazer a honra para o Império Britânico de ser o primeiro homem a chegar ao Polo
Sul. Scott perdeu a corrida para Roal Amundsen e perdeu a vida também nesta
tentativa. Escreveu um diário encontrado anos depois onde terminava com uma
mensagem para um amigo: “Adeus. Não temo o fim, mas tenho pena de perder muitos
pequenos prazeres que tinha planeado para o futuro”. Sejam ambiciosos mas não
percam a vida nessa tentativa!
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