sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Corrida ao Polo Sul


Corro o risco de, com este post, receber mais um poema dizendo que estou melancólico, mas com a vida local tão sem vida (na política local até me dizem que nem há possibilidade de haver oposição) e como não me apetece falar da euforia nacional pelo regresso aos mercados, quando o fardo carregado pelas famílias é tão pesado, apenas me resta um post introspectivo e reflexivo. Espero não vos causar bocejos quando lerem estas linhas…
Não pude deixar de sentir tristeza quando, vi na “Oprah”, o Lance Armstrong confessar que se tinha dopado. Foi um momento triste, eu que muitas vezes, subi com ele, nas tardes de julho, o Alpez d’huez e passeamos de amarelo pelas ruas de Paris. Lance disse que o fez porque queria ganhar muito e acima de todas as coisas.
Fico a pensar que este sentimento não é raro mas sim uma constante nos dias de hoje. A competição fomenta-se quase desde o berço, na escola, no emprego…Institui-se a ideia de se ser o primeiro, o líder, o macho alfa (e por uma questão da igualdade direi a fêmea alfa mas é uma expressão muito menos usada) e esquece-se, muitas vezes, a grandeza de quem sabe enfrentar os fracassos da vida ou de quem os enfrentou com muita classe. Quantas seleções campeãs do mundo de futebol têm o carisma da seleção do Brasil de 1982 abatida com três golos do Rossi?
Noutro terreno, li há algum tempo, um artigo que falava da tragédia em que se transformou a viagem, em 1912, de Robert Scott. Também ele numa corrida, numa competição para trazer a honra para o Império Britânico de ser o primeiro homem a chegar ao Polo Sul. Scott perdeu a corrida para Roal Amundsen e perdeu a vida também nesta tentativa. Escreveu um diário encontrado anos depois onde terminava com uma mensagem para um amigo: “Adeus. Não temo o fim, mas tenho pena de perder muitos pequenos prazeres que tinha planeado para o futuro”. Sejam ambiciosos mas não percam a vida nessa tentativa!

Sem comentários: