quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A insustentável leveza do facto


O “Der Spiegel”, na sua última edição, sugere uma interessante reflexão sobre a tendência atual do jornal em papel e de como este tende a sucumbir perante a força arrasadora da net e das redes sociais. No dia 7 foi a vez do “Financial Times Deutschland” fechar portas com uma edição toda a negro. E este fenómeno atinge todo o tipo de jornais, sejam eles de esquerda, direita, de elite ou popular. Para lá dos modelos económicos, dos motivos ecológicos e da internet o “Der Spiegel” lança uma hipótese como origem para este fenómeno e sugere que o tipo das mensagens mudou e é sob essa perspectiva que devemos olhar a comunicação.
Tanto nos jornais em papel como nas edições digitais, a informação escrita surge sob a forma de artigos, o que corresponde a um hábito de consumo. Mas talvez isso esteja a mudar, porque o público espera, também deles, um processo dinâmico. A informação deve dar a impressão de ser colhida em direto. Não é o papel que está em causa mas sim o artigo estático no tempo.
A comunicação social impressa que parece sofrer menos é a que alterou a sua perspectiva e se afastou dessa pressão de atualização permanente. A revista “The Economist”, tanto na versão na net como em papel, trata a atualidade mundial em poucas linhas na edição impressa. O resto consiste em análises, reportagens de fundo e artigos de opinião. Ou seja, conteúdos que ajudam a compreender o fluxo das informações, em vez de congelarem um determinado momento sob a forma de relato factual.
Há tempos defendi que Campo Maior deveria ter um jornal digital para preencher a lacuna do anterior jornal em papel. Este artigo do “Der Spiegel” parece dar-me razão. O jornal terminou por falta de sustentabilidade financeira. A edição digital poderia ser a solução, tendo também em conta a perspectiva de informação dinâmica e não fatual. O facto desmorona-se em poucos segundos… 

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