O “Der Spiegel”, na sua última edição, sugere
uma interessante reflexão sobre a tendência atual do jornal em papel e de como
este tende a sucumbir perante a força arrasadora da net e das redes sociais. No
dia 7 foi a vez do “Financial Times Deutschland” fechar portas com uma edição toda a negro. E
este fenómeno atinge todo o tipo de jornais, sejam eles de esquerda, direita,
de elite ou popular. Para lá dos modelos económicos, dos motivos ecológicos e
da internet o “Der Spiegel” lança uma
hipótese como origem para este fenómeno e sugere que o tipo das mensagens mudou
e é sob essa perspectiva que devemos olhar a comunicação.
Tanto nos
jornais em papel como nas edições digitais, a informação escrita surge sob a
forma de artigos, o que corresponde a um hábito de consumo. Mas talvez isso
esteja a mudar, porque o público espera, também deles, um processo dinâmico. A
informação deve dar a impressão de ser colhida em direto. Não é o papel
que está em causa mas sim o artigo estático no tempo.
A comunicação social
impressa que parece sofrer menos é a que alterou a sua perspectiva e se afastou
dessa pressão de atualização permanente. A revista “The Economist”,
tanto na versão na net como em papel, trata a atualidade mundial em poucas
linhas na edição impressa. O resto consiste em análises, reportagens de fundo e
artigos de opinião. Ou seja, conteúdos que ajudam a compreender o fluxo das
informações, em vez de congelarem um determinado momento sob a forma de relato
factual.
Há tempos
defendi que Campo Maior deveria ter um jornal digital para preencher a lacuna
do anterior jornal em
papel. Este artigo do “Der Spiegel” parece dar-me
razão. O jornal terminou por falta de sustentabilidade financeira. A edição
digital poderia ser a solução, tendo também em conta a perspectiva de
informação dinâmica e não fatual. O facto desmorona-se em poucos segundos…
Sem comentários:
Enviar um comentário