quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Mito de Sísifo


Quando, em 1942, Albert Camus publicou “O Mito de Sísifo” publicou a sua primeira obra filosófica. Camus recorre ao destino do herói grego Sísifo, que os deuses condenaram ao tormento de empurrar uma pedra montanha acima. Pouco antes de chegar ao cume, a rocha escapa-lhe das mãos e Sísifo tem de recomeçar a empurrar. O trabalho de Sísifo não conhecia fim, era sempre o mesmo; quando parecia ter quase terminado, tinha de recomeçar desde o princípio. O homem encontra sentido na medida em que se dedica à sua vida, e tal como Sísifo, que regressa para a sua pedra, considera como alcançada por si a série de ações desconexas que constituirão o seu destino. Chamava-lhe a “filosofia do absurdo”.
Nada absurdo foi o trabalho apresentado pela Associação de Pais e Encarregados de Educação, no passado dia 20 de Novembro. Este trabalho recolhe as conclusões do inquérito apresentado aos pais algum tempo antes.
Agradeço desde já ao Jaime Carmona ter-me enviado o estudo, ele que colaborou directamente na sua elaboração, ele que para além de pai, é professor e tem formação em administração escolar, em resumo…ele que sabe da poda.
Não irei aqui dissecar exaustivamente as conclusões, mas tal como Sísifo apenas destaco o absurdo…o absurdo que é os pais estarem maioritariamente disponíveis para atividades da associação, de estarem satisfeitos com a sua atividade, e maioritariamente a conhecerem, mas depois a participação nas assembleias ser tão reduzida.
Á Associação, que entra em processo eleitoral, apenas deixo a mensagem de, tal como Sísifo, persistir nos seus propósitos e ações.

5 comentários:

Jaime Carmona disse...

Caro Jack,
Como constatou pelo documento e respectivas conclusões, o papel da Associação de Pais não é fácil!Muitas das vezes as pessoas que criticam não sabem do que falam! Acho importante enfatizar o número de respostas que ficaram em branco. Algumas dever-se-
-ão ao desconhecimento mas, em muito dos casos, foi sinal de abandono! Abandono esse dos deveres como Pais. Desta forma, pode ter uma ideia da missão que a Associação de Pais tem pela frente. E a Associação de Pais não é de A ou B...é de todos! Por vezes, questionamo-nos se alguns serão merecedores de tal denominação!

Anónimo disse...



Jack

não posso deixar de dizer que houve posts que depois de lidos me apeteceu responder e nem sempre com as palavras mais doces, no entanto nunca o fiz. Hoje não vou deixar passar sem tecer uma critica positiva ao post do "Mito de Sísifo" vê-se que é um verdadeiro filosofo, é interessante o que está subjacente. Todos aqueles que se dedicam a causas em que acreditam e lutam todos os dias para empurrar a pedra, não é fácil!
É verdadeiramente notório o esforço que a associação de pais está a fazer para se manter como entidade, zelando por um ensino público de qualidade, ao contrário e é inevitável dizê-lo, das muitas associações que existem em Campo Maior e que nem sabemos a razão da sua existência nem qual o contributo para a melhoria da qualidade de vida das nossas crianças e jovens!
Pena e muita que os pais no geral não percebam a importância da sua participação, talvez um dia quem sabe…
Já agora o Jaime podia pensar um dia em candidatar-se à liderança do agrupamento, a alternância democrática faz falta.

Jack The Ripper disse...


Anónimo das 17e 24,

Convido-o a comentar sempre mesmo que as palavras sejam menos doces. Este espaço é de discussão e como não há verdades absolutas é sempre bom haver várias perspectivas.

Quanto à candidatura do Jaime acho uma excelente ideia. Pode até contar com a minha colaboração pessoal

Jaime Carmona disse...

Jack,
O trabalho levado a cabo pela Associação, não apenas pela minha pessoa, procurou dar voz aos pais, principalmente a larga maioria que nunca comparece(u) numa assembleia geral. Foi um trabalho interessante e que serve "apenas" de ponto de partida e não de chegada. Há muito a fazer e todos podem contribuir!
Por outro lado, falando agora como profissional de Educação, o fenónemo escolar é o reflexo da sociedade que temos: desinteresse, abandono e pobreza a vários níveis.
Pede-se à Escola o que não se cobra a outros. Espera-se da Escola o que outros tinham obrigação de fazer. A Escola não se esconde mas vai-se diluindo em causas menores.A Escola tem servido para desviar a atenção dos problemas de fundo do País.
Tenho dificuldade em concordar sempre consigo, respeito a sua opinião mas, por vezes, falta-lhe o conhecimento empiríco. Numa época de cortes atrás de cortes, veremos que efeitos a médio prazo nos trará a todos: pais, professores e alunos!Não duvido que a cegueira do défice resulte em cegueira coletiva! Lembra-me Saramago! Atualmente, a Jaganda de Pedra à deriva é a Europa e a Cegueira atingiu a totalidade do velho continente!
Finalmente, não tenho qualquer ambição ao lugar de Diretor de Agrupamento. Os anos dão-nos alguma sabedoria em detrimento da impulsividade! Quem está por dentro da administração escolar sabe que as escolas abriram-se às comunidades e à politiquice...
Já agora, lembre os seus leitores para o ato eleitoral da Associação de Pais - 6 de Dezembro, pelas 21 horas!

Jack The Ripper disse...


Para o Jaime,

Não tenho a pretensão que concorde sempre comigo e não estando na educação é natural que me falte o conhecimento empírico. No entanto não deixo de opinar, porque não opinar é não participar tal como não participam a larga maioria dos pais que não vão às assembleias.

Também acho, e olhando ao seu comentário, que se devia separar a apreciação do estado da escola da cegueira do défice. Há questões que vinham de antes e que não foram tratadas devidamente por todos