Já há algum tempo
que não escrevia sobre Economia. Dada a quantidade de informação sobre má
economia tornou-se aborrecido escrever sobre o tema correndo também o risco de
aborrecer os leitores que por aqui passam. No entanto, os premiados do Nobel
devolveram-me os motivos de satisfação sobre uma área que sempre foi tema de
eleição aqui. Acontece que, Alvin Roth e LLoyd Shapley das universidades de
Harvard e da Califórnia respectivamente, foram distinguidos “pela teoria das
alocações estáveis e a prática de design de mercado”. Quer isto dizer que, através
do uso de algoritmos complexos, estes economistas desenvolveram modelos que tornam
mais eficientes as alocações entre elementos de dois grupos diferentes mas que
têm em si uma ligação. Complicado? Teórico? Sim, o modelo matemático é complexo
e se a economia não é matemática não pode haver boa economia sem boa matemática.
No entanto, e aqui reside a virtude deste estudo, os resultados foram aplicados
em situações tão quotidianas como a alocação de rins entre dador e paciente
aumentando, nos Estados Unidos, a eficácia e o resultado dos transplantes. Aplicações
semelhantes podem ser encontradas entre nós, por exemplo, no concurso de
professores. Seria muito boa notícia que se aumentasse a eficácia deste
processo, no entanto, neste modelo a escola também teria que mostrar preferência
sobre um professor concreto.
Outro aspecto
virtuoso desta distinção é que ela é neutra em relação às grandes escolas de
economia. A habitual dicotomia entre clássicos e keynesianos, entre mais ou
menos Estado, surge aqui esbatida, acabando por ser pacificadora do ponto de
vista político. Está feita a reconciliação…esperemos que as boas notícias
continuem a surgir!
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