quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Início de Temporada


Quem, como eu, depois das férias se aproxima De Campo Maior tem a sensação de que perdeu uma parte de um filme, que necessita recuperar algumas “frames” de um enredo complexo.
Aproximo-me do jardim numa curva, que a rotunda, tornou ainda mais lenta e surge-me a avenida pasmada ao Sol, coração da vila. Continuam os risos das crianças no parque e as conversas vãs nos bancos.
Sento-me na esplanada que fica exposta à estrada. Um senhor com um sorriso generoso de gengivas diz-me que a avenida vai ser enramada…diz-me que as Festas são Arte…eu digo que não…as Festas são Vida…a arte está nela contida. Novidades, enfado e o doce embalo das cadeiras oferecidas pelas marcas de café e refrigerantes. Vislumbro na outra esplanada a senhora ruiva com óculos escuros. Já dá o ar da graça mas sorri pouco, pouco. No quiosque, há fila para os mais atrasados continuarem a desafiar a deusa Fortuna.
Sim, já é tempo…é tempo de regressar…  

17 comentários:

Caminete disse...

Agora imagine o mesmo filme todos os dias. Se for à esplanada do paródias veem-se sempre as mesmas pessoas sentadas nos mesmos sítios. O que mudou um pouco o panorama foi a "Raya Jovem". O concerto dos "Diabo na Cruz" (que muitos não conheciam e nem se deram ao trabalho de conhecer) foi espectacular.
Um abraço!

rosa disse...

“Ao teu bonito texto”

“” A minha resposta””

Fala-nos da vida, duma Vila airosa
Fala de regresso!
E duma rotunda, que é bem vagarosa
Mas já é Progresso!
Fala dos que partiram, e dos que voltaram
E dos que não saíram, e por ali ficaram!
Da parte dum filme, que não deu p'ra olhar!
Enredo complexo, p'ra recuperar!
Ouvem-se novidades, costumes e enfado!

Mas tu foste, e voltaste, ao teu velho Fado!

Fala-nos do riso, fala da conversa!
E dos bancos onde se senta, quem perdeu a pressa!
E entre mais uma bica
Numa esplanada, ali mesmo à beira
Sente-se o cheirinho a mais uma Feira!

E entre palavras e zunzuns de amor
Vai chegando a Festa!
Dum Jardim em Flor.

Rosa Dias
9-8-2012

Jack The Ripper disse...

É com profunda emoção que agradeço este poema à Rosa Dias. Sem dúvida um dos melhores comentários que já recebi até hoje no meu blogue. Só posso agradecer o ler-me e pedir-lhe que volte mais vezes e deixe aqui o seu aroma a Rosa!

Mata Hari disse...

Aproximo-me da rotunda que torna mais lenta a curva que anuncia a Avenida pasmada ao sol e descubro a inefável calmaria deste burgo sem igual.
Personagens como que saídas de uma história de Lope de Vega, vagueiam de forma intemporal pelos passeios.
Alguns, sentados nas cadeiras oferecidas pelas marcas de café e refrigerantes, recordam nostálgicos, a antiga Avenida.
No quiosque, a fila de espera vai sonhando em secreto, esperançosa de poder uma dia estar noutro jardim...quiçá Éden, Avalon ou Shangrilá!
Sentada na esplanada, a senhora ruiva de óculos escuros, qual Minerva, observa imperturbável, como que num anfiteatro, toda esta agitação...

Debra disse...

Bem... aproveitando as palavras proferidas pela Mata Hari como resposta a um dos meus comentários mais antigos, só posso dizer "quanto devaneio poético"! Sinto uma explosão de alegria ao constatar que Campo Maior é fonte de inspiração para tantos, mas junto-me ao Caminete que, apesar do seu comentário breve, foi mais assertivo e consegue ir ao cerne da questão: é dose o mesmo filme todos os dias!!
Aqui, neste espaço claustrofóbico, a vida é sempre igual! Por muito que se lute e que se tente alterar algo, a rotina e a monotonia sufocam e sugam a alma a qualquer um! Podemos estar fora de Campo Maior durante uns tempos que voltamos com a certeza de uma coisa, é de que as mudanças processadas ao longo dessa ausência resumem-se a factos irrisórios: talvez mais uma rotunda, ou mais uma feirazita para animar o pessoal. É isto que é agitação? É a isto que chamais de "enredo complexo"?

Caminete disse...

Mata Hari, que bela adaptação do texto do Jack the Ripper. Continue assim e não se esqueça de passar a língua pelos pés da Santa Beatriz da Silva!

rosa disse...

Rosa Dias ‎-------------

Ainda bem que gostou de ler
Meu comentário postado
Mas gostava eu de saber
Quem é que está desse lado!...

Esta coisa de se brincar
Ao esconde , esconde no PC
Nunca sei, se os devo tratar
Por tu, ou por vocemecê!...

--Ainda assim daqui vai o meu abraço e parabéns a toda a veia poética de Campo Maior.<3 <3

Anónimo disse...

Passar a lingua ...
Pela santa e pelo santo. Haja equidade!

Mata Hari disse...

Cara Debra,
Pelo que vejo ainda não me perdoou a do "devaneio poético", continua sempre que surge a oportunidade, a criticar de forma sarcástica os meus comentários.
Como pessoa culta (que parece ser) deveria elevar o nível e resistir à critica barata e mesquinha!
Tento agora perceber a coerência que existe entre o seu desabafo de hoje, quando diz que "a rotina e a monotonia" lhe "sufocam e sugam a alma" e o comentário/poema recente, no qual falava de luta contra a resignação e incentivava a não temer a mudança !
Tenha a certeza que a minha opinião vai ao encontro da sua visão sobre o assunto, mas também lhe digo que todos somos responsáveis pela incultura (quase total) que há em Campo Maior e que mandar as culpas para a actual vereadora da Cultura, não constitui uma justificação à nossa passividade!
Imagine se Vasco da Gama tivesse temido o Adamastor ! :) ...

Senhor Caminete, tenha mas é cuidado com a sua língua e deixe a dos outros!
Não adianto mais conversa com o senhor, estaria dando demasiada importância a uma língua abjecta.

Cumprimentos.

Debra disse...

Caríssima Mata,

É sempre um enorme prazer ler as suas respostas aos meus comentários. E devo confessar (aqui que ninguém nos ouve) que quanto mais a senhora fica danada, maior é o meu regozijo. Perdoe-me a sinceridade, mas talvez não seja nada que ainda não lhe tenha passado pela cabeça.
Agora, fora de provocações, não percebo em que é que se baseia para afirmar que a minha crítica foi "barata e mesquinha". Apenas opinei que o seu texto foi um devaneio poético na verdadeira acessão da palavra. Gostaria de lhe perguntar o que acharia se eu fosse mais frontal ao ponto de dizer que a sua adaptação do argumento escrito pelo Jack foi no mínimo ridícula? Mas sabe que as sequelas dos filmes têm destas coisas, a qualidade é sempre duvidosa comparativamente ao original. O seu decalque foi feito à pressa (foi traída pela urgência de lamber as botas ao Jack) e daí o péssimo resultado! Desculpe, uma vez mais, a minha frontalidade.
Outra coisa, quem puxou para a conversa a atual vereadora da cultura foi a senhora e não eu. Não misture alhos com bugalhos. O problema de fundo é mais amplo do que aquele que expõe neste blogue. É, acima de tudo, um problema de mentalidades. Não me acuse de incoerência de discurso, na medida em que volto a salientar no comentário anterior a necessidade de lutar e de alterar algo. Contudo, por vezes o resultado parece infrutífero. Daí o problema de mentalidades!

Jack The Ripper disse...

Para a Rosa

Quem daqui falar
Pouco ou nada importa
O que importa é pensar
Nas ideias que aqui exorta

Também não a deixo assim
Sem nenhum pormenor
Diga quando pensar em mim:
É alguem que gosta De Campo Maior

Caminete disse...

Mata Hari, a senhora não pode adiantar muita conversa porque não a tem. O dia que fizer alguma coisa (e não adaptar) para mudar mentalidades, aí já falamos de outra maneira. Eu imagino as voltas que deu ao dicionário para adaptar o texto do Jack the Ripper, numa tentativa de agradar alguém (ou bajular). "Adaptação ridícula". Meto entre aspas porque não foram palavras minhas. Espero não ser acusado de plágio por parte da Debra. Vejo que há muitos artistas neste burgo. Uns são reis e senhores, outros não passam de reles jograis que vivem à sombra da ignorância.

Camurça disse...

O Caminete tem razão no seu comentário dirigido à Mata Hari. Essa senhora deve ser daquelas que fala, fala, fala mas não faz nada. E que palavras bonitas profere! Como não vai para a política? Quando se critica tem de haver um fundamento. Não é a atirar palavras para o ar que se solucionam os problemas. Apresente-me soluções, propostas. Tem a oportunidade da sua vida em demonstrar o que vale. Vamos! Ao menos a Rosa Dias (que é uma Senhora) respondeu com a arte que a caracteriza e a humildade que a reveste. Ao escolher tantas palavras (para fazer uma adaptação, como diz o Caminete e eu vejo-me obrigado a concordar) caíu no ridículo e na falta de capacidade para puxar pelo cérebro (que deve ser do tamanho de uma ervilha) em apresentar soluções. Não precisa ser-se um letrado para ter iniciativas. Veja-se o caso do Lula da Silva, no país gigantesco que é o Brasil - um exemplo para todo o mundo.
As suas palavras são lixo electrónico, minha amiga!!!

Anónimo disse...

Há muito que aqui não vinha mas hoje valeu a pena.
Adorei os comentários da Debra e do Caminete.Plasmam nos vossos comentários o meu sentir...
Campo maior é uma terra linda mas está amordaçada com lindas fitas de seda,onde as marionetas desfilam...
"A marionete de fios é composta por três elementos estruturais: o boneco ou figura animado, representando um ser humano,(...) os fios de comando, que comunicam ao boneco os gestos e acções pretendidas pelo animador (esses não faltam); o comando ou cruzeta, destinada à controlar os fios e os movimentos do boneco(apesar da aparente mobilidade os comandos funcionam).A funcionalidade da marioneta depende de uma compreensão adequada dos seus princípios mecânicos e estruturais.
Nem mais!!!
Não acham que era tempo de de as marionetas descansarem de tanta representação?
Vamos abrir a mente e fazer de Campo Maior um lugar melhor para as gerações vindouras.Faça-se luz.

Anónimo disse...

Há muito que aqui não vinha mas hoje valeu a pena.
Adorei os comentários da Debra e do Caminete.Plasmam nos vossos comentários o meu sentir...
Campo maior é uma terra linda mas está amordaçada com lindas fitas de seda,onde as marionetas desfilam...
"A marionete de fios é composta por três elementos estruturais: o boneco ou figura animado, representando um ser humano,(...) os fios de comando, que comunicam ao boneco os gestos e acções pretendidas pelo animador (esses não faltam); o comando ou cruzeta, destinada à controlar os fios e os movimentos do boneco(apesar da aparente mobilidade os comandos funcionam).A funcionalidade da marioneta depende de uma compreensão adequada dos seus princípios mecânicos e estruturais.
Nem mais!!!
Não acham que era tempo de de as marionetas descansarem de tanta representação?
Vamos abrir a mente e fazer de Campo Maior um lugar melhor para as gerações vindouras.Faça-se luz.

Calúnias disse...

As marionetes já se andam a barquear pela vila. Muitas personagens são mulas, com umas talas nos olhos para olharem para a frente. Assim, ainda é mais fácil o trabalho do animador. Precisávamos de uma lufada de gente inteligente para lhe tirarem as talas.

Bombeiro disse...

Acho que está na altura de ver se as marionetes precisam de manutenção ou então substituí-las por umas novas. Estas já tiveram 4 anos de antena e pouco serviço apresentaram ao seu animador. Mas não queremos cá marionetes velhas, em desuso, pois o trabalho delas também foi uma cena de cabaret.