sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sabe bem pagar tão pouco!

“O que é que eu posso fazer pelo meu país?” Esta frase é de Alexandre Soares dos Santos, talvez plagiada ao Kennedy, mas que por estes dias adquiriu um novo significado. A Holding do Grupo Jerónimo Martins muda-se para a Holanda de forma otimizar a sua eficiência fiscal, que é como quem diz não pagar impostos em Portugal mas sim ao governo Holandês. É uma contradição para quem já foi distinguido pelo governo português e quem faz apelo à produção nacional. Mas “Sabe bem pagar tão pouco” diz o lema do Pingo Doce.
Mas ser patriota tem estas contradições por isso tenho visto muita gente a dizer que se eles pudessem também faziam o mesmo. Gente da classe média que trabalha por conta de outrem e que paga os seus impostos sem qualquer hipótese de não os pagar. Gente que se orgulha do Mourinho, gente que se revê no Horta Osório e que se surpreende de ver Pedro Gadanho entrar para o MOMA para ser curador de arquitetura contemporânea entre candidatos de todo o mundo. É o chamado patriotismo seletivo.
Mas o que dizer num país onde se convida à emigração sabendo que serão os melhores a emigrar. Há maior contradição que esta?
Não sou de desanimar mas há momentos que me parece que estou numa versão de “Os Pássaros” de Hitchcock em que estou só num país, e onde os pássaros são maçons, sob a forma de gaivotas e estorninhos, que me olham por cima do ombro à espera que desfaleça.

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