segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Cultura não tem Preço?

Não foi com surpresa que vi o resultado de um estudo do Instituto Nacional de Estatística em que afirmava que a região do Alentejo concentrava em 2010 o maior número de câmaras com uma proporção de despesa em cultura e desporto superior a 20%. Também não me surpreendeu que Campo Maior surgisse entre aqueles que maior proporção dedicam à cultura. De acordo com os dados do INE, o valor mais alto de todo o país estava em Viana do Alentejo (43,9%), seguindo-se Castelo de Vide (32,2%), Montemor-o-Velho (30,9%), Campo Maior (28,5%) e Fronteira (27,1%).
E não me surpreende porque durante muitos anos o pelouro da cultura foi sempre visto como um pelouro muito importante. Muito importante para as populações? Não! Apenas importante para aqueles que se pretendiam perpetuar no município à base de eventos que pudessem encher o povo de pão e circo à moda da Roma antiga.
Não vou entrar em considerações sobre se a cultura ofertada era cultura, anti-cultura, sub-cultura ou outros adjetivos que se lhe queiram atribuir. Parto até do pressuposto que todo o dinheiro gasto, mesmo numa atuação pimba, foi dinheiro gasto em Cultura se pensar que até a “Lata de Sopa Campbell” do Andy Warhol o é.
Em países onde o grau de desenvolvimento é maior o orçamento da cultura também o é, no entanto não quer dizer que se gastarmos tudo em cultura o nosso grau de desenvolvimento passe a ser maior. Isso é não estar focado naquilo que são as necessidades reais das populações. Por isso, e isso sim surpreende-me, que ano após ano os municípios mantenham o seu pelouro da cultura quando o ambiente que vivemos pressupõe um foco diferente. Estas instituições não são imutáveis nem monolíticas, antes devem adaptar-se ao ambiente em que se inserem tal como uma empresa altera estratégias de mercado ou como uma equipa de futebol altera o seu sistema de jogo!

7 comentários:

Anónimo disse...

bom dia onde diz que a cultura não tem preço, o terceiro mundo tem preço? os assaltos e a fome tem preço? um abraço

«O ALCAIDE DO CASTELO» disse...

até que em fim ouve uma pessoa que viu a realidade em Campo Maior, a cultura e o desporto tem um preço, este município está a gastar muito nesta matéria, está a gastar mais na cultura do que no pessoal em salários. E pessoas a passarem muito mal na nossa vila, há aqui uma coisa que não bate certo, e os senhores doutores e engenheiros da nossa terra, não vêm a realidade do problema? como Portugal pode ir para a frente com pessoas destas...... UM BOM NATAL PARA TODOS DA PARTE DO BE.

Jack The Ripper disse...

Para o anónimo das 10:29

Repare que eu não digo eu pergunto se a cultura não tem preço. A pergunta é cheia de ironia.

Para o Alcaide
A sua opinião é sempre radical mas olhe que as câmaras anteriores foram bem piores nesta matéria

«O ALCAIDE DO CASTELO» disse...

boa tarde , não se esqueça que estamos falidos, pela politica do PS, por esse motivo há prioridades mais que a cultura, em Campo Maior já á fome, eu não sou radical só falo a verdade, e muita gente não gosta da verdade, há pouco dinheiro tem que ser bem dividido.não é o caso presente, o Senhor axa justo que a maioria dos reformados na nossa vila, têm que comprar os medicamentos a pestaçôes, passam frio por não terem dinheiro para a eletricidade, e a cãmara não faz nada para diminizar o problema, mas para a cultura e desporto já há milhôes... um abraço

Dr. Estranho Amor disse...

Acerta na mouche, Jack.

A “cultura” promovida pelas Câmaras Municipais sempre foi um mini-Ministério da Propagada, o braço-armado da demagogia mais rasteira da baixa política. E, claro, também uma negociata que envolve políticos ansiosos por dar “circo” aos eleitores e “artistas” sedentos de subsídios. Uma mão lava a outra, a política consegue uma certa aura de intelectualidade e a comunidade “artística” o sonhado subsídio. Aqui paz e depois glória e todos contentes.

Acontece que quando se distribuem dinheiros públicos, ou seja dinheiro de todos nós, devemos escrutinar o objecto do investimento, os seus benefícios e as suas virtudes. E mais nos tempos que vivemos.

No nosso caso local, por exemplo, seria assaz interessante conseguir efectuar um comparativo entre os milhões de euros (sim, MILHÕES) delapidados das arcas públicas em subsídios “culturais” durante as últimas décadas e o real impacto dessas actividades na formação e evolução cultural campomaiorense. Os resultados não são demasiado complicados de imaginar e apontam para uma inutilidade absoluta.

Continuar a insistir neste modelo corrupto de “cultura” é nefasto para as populações e apenas útil para “massajar” uns quantos egos com ambições “artísticas”.

GARCIA disse...

bom dia DR: Estranho, estou de acordo tudo o que vc escreveu, simplesmente fala a verdade, é pena aparecer pouco, já notei que é uma pessoa muito realista um abraço

Anónimo disse...

E veja-se, numa semana em que o fado é considerado património imaterial da humanidade e por respeito nem se dança,a nossa vereadora coloca o fado da "Casa da Mariquinhas" a ser acompanhado pela dança do ventre durante a comemoração do aniversário do CCCM.