sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vou ver que tempo faz em Wellington!

“Existe, nos confins da Ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar”. Esta frase não é de Angela Merkel, de Jean Claude Trichet ou do inefável Strauss-Khan. Esta frase não foi proferida na última cimeira europeia nem está estampada nas páginas do Wall Street Journal. E não, esta frase não é de Medina Carreira. Esta frase é de Caio Júlio César e tem mais de 2000 anos. E, como todos já perceberam, César referia-se à tribo dos Lusitanos. Hoje, mais de vinte séculos depois, esta constatação parece estar, mais do que nunca, na ordem do dia. A uma crise económica de dimensões bíblicas junta-se agora uma crise política de dimensões comezinhas, com todos os partidos do arco parlamentar e o Presidente da República envolvidos em questiúnculas menores e colocando, mais uma vez, os seus interesses eleitorais acima do interesse nacional, demonstrando ad nauseam que César não andava longe da verdade. Esta estranha atracção pelo abismo que tem marcado as sucessivas governações de Portugal, para além de deixar a nação à beira da hecatombe, marcou também o nosso carácter colectivo com tons de uma lúgubre sensação de inevitabilidade que nos faz baixar os braços face às dificuldades e mata à nascença qualquer laivo de resistência. É esta indiferença macabra que urge combater para que através do envolvimento, da responsabilização e do dinamismo em todos os âmbitos sociais possamos construir algo remotamente semelhante a uma nação bem sucedida. Ou então, como dizia esta semana a Clara Ferreira Alves, vamos ter que emigrar para a Nova Zelândia, mas temos que ir depressa porque os irlandeses já estão a caminho. Vou ver que tempo faz em Wellington!

1 comentário:

Anónimo disse...

É mesmo isso, "Não nos governamos, nem nos deixamos governar". Achei interessante a "crise com dimensões bíblicas"...De facto podemos fazer a analogia dos Lusitanos com o povo Hebreu que durante 400 anos viveu em escravidão no Egipto...Quando por fim foram libertos, não mais sabiam sobreviver sozinhos e quando confrontados a problemas inerentes à libertação que tanto tinham desejado, não souberam fazer face!
O nosso pais encontra-se num estado grave (é cliché dizer isto) mas é a realidade...
O problema vem das mentalidades e não do país...e por isso, mesmo que viéssemos a salvar Portugal desta Enorme crise, não adiantaríamos muito a nível de autonomia...