quarta-feira, 9 de março de 2011

Geração à Rasca!

Não posso deixar de recordar que há 20 anos houve uma Geração, essa sim chamada de Geração Rasca, que se manifestou contra, primeiro a Prova Geral de Acesso e depois contra as propinas num Ensino Superior que se queria gratuito. Recordo esses tempos, porque eu estive lá, em S.Bento, em protesto contra um sistema de propinas que, olhado hoje, poderia ser considerado normal.
No próximo dia 12 de Março, num movimento iniciado no Facebook, os desempregados, os "quinhentoseuristas", outros mal remunerados, escravos disfarçados vão manifestar-se e protestar contra aquilo que eles dizem ser o "Adiamento sucessivo do seu Futuro". Pessoas, muitas delas, com formação superior manifestam-se e reivindicam empregos bem remunerados e seguros. De uma certa forma reinvidicam aquilo que os seus pais tiveram. Há aqui um paradoxo defendido pelos que apoiam a flexibilidade laboral: são os empregos bem remunerados e seguros que ditam o adiamento da entrada no mercado laboral de sangue novo. Maior flexibilização ditaria mais mobilidade e selecção dos mais competentes e formados.
Seja como seja, o que aqui está em causa é o factor Desemprego, que segundo uma análise do Jornal de Negócios atinge mais os recém-chegados ao mercado laboral, torna os precários facilmente despedidos para se concretizar numa taxa de 11,1% no final de 2010. Outra conclusão deste estudo: Apesar de haver bastante Desemprego entre as pessoas licenciadas ter um grau universitário é uma grande vantagem em Portugal. Bem, mas para conclusões destas não era necessário ir a Coimbra...ou era???




7 comentários:

Jaime Carmona disse...

Vejamos a diferença: em Espanha são apelidados de mileuristas, por cá de quinhenteuristas. Significativo!

Anónimo disse...

Pois é!
Mas há o outro lado da história. Os "rasca" desse tempo,são agora, muitos deles, médicos, engenheiros, advogados, professores ...E, por aquilo que se vê, se mudaram de estatuto, não mudaram de atitude. Só que agora os "rasca" estão mesmo "à rasca"

Jaime Carmona disse...

E por cá? O fenómeno dos diplomados desempregados é uma realidade nos países desenvolvidos desde os anos 80! Há coisas que demoram a chegar até nós, mas não falham!
A geração mais capacitada, em termos académicos, da nossa História enfrenta tempos em que a própria sobrevivência está em causa.

Anónimo disse...

Sabem que vos digo meus senhores ?
Que precisamos de um Marquês de Pombal...(Personagem controversa na política em Portugal) mas que sem dúvida através do iluminismo conseguiu levar Portugal a um "standing" diferente do que temos hoje...Bom devo dizer também que "foi sol de pouca dura", no entanto precisamos de pessoas que acreditem no potencial de Portugal ! Tampouco podemos esperar que surja outro Dom Sebastião !! Mas podemos esperar um movimento sebastianista, porque não? Creio que foi o único representante de Portugal a morrer pela nação !
Vivi 20 anos fora de Portugal e como observadora à distância pude constatar como o povo português é pequenino de espírito, é pequenino na ambição ! Talvez porque ser um povo extremamente individualista...
Pensar só em si, é o maior defeito dos portugueses, por isso não se queixem da crise, da falta de oportunidades, etc, etc...Estamos todos à espera que nos resolvam os problemas ! A passividade do povo português e a tendência a afirmar que não tem sorte, é deveras deplorável...

Jaime Carmona disse...

Cara Anónima
Concordo com a sua análise. Sabe, os que nunca contactaram com diferentes realidades não têm a capacidade de analisar completamente a nossa realidade. Dentro da nossa casa somos terriveis e desleixados, lá fora acabamos por nos moldarmos e revelamos desempenhos ao melhor nível. Sabemos que somos um povo capacitado e que não tem medo de arregaçar as mangas mas só sob a jurisdição externa.
Tenho dificuldade em aceitar a parte sobre D. Sebastião e o Sebastianismo.Esse movimento sebastianista está um pouco na origem da nossa mentalidade - fatalista e negativista e à espera de que nos salvem!
Não acredito que tenha sido o único representante a morrer pelo País. Lembre-se do que representou para Portugal a morte de D. Sebastião - domínio filipino (1580-1640).
A mesquinhez e o individualismo já fazem parte do ADN Nacional, o que é necessário é encontar uma forma de minimizá-los e fazer sobressair o colectivo. Os Descobrimentos são o maior exemplo de uma obra colectiva. Não acha?
Os movimentos são de louvar mas o que acontece a seguir? Será que as próximas eleições representarão um sinal de mudança? Haverá uma enorme participação?

Anónimo disse...

Todos estes jovens licenciados desde o principio dos seus estudos pensaram em tirar o curso e depois emprego-me no Estado como professor ou no poder local ou nos Institutos. Esqueceram-se que o Estado não podia continuar a suportar tanta gente. Daí que os bons pensaram de maneira diferente e procuraram outras soluções como especializaram-se e entrarem no mercado do trabalho por conta de outrem ou criaram as suas empresas.
Bem sabemos que todos os nossos politicos apenas se interessam pelos seus partidos e clientelas e não pelo País mas são os jovens e não jovens que têm que devidamente organizados nas Associações, nas Cooperativas e formarem um Associativismo forte com sindicatos apartidários. Então com toda esta força o poder político tanto o central como o local tem que ouvir a nossa vóz.

Jaime Carmona disse...

Sindicatos apartidários! Explique-me onde e como? Revela, no mínimo, alguma imaturidade.
Os bons que pensaram de maneira diferente? Fala de uma camada superior da população? Depreendo das suas palavras que só os que enveredaram por uma profissão liberal ou por conta própria têm qualquer tipo de valor!
É mau este tipo de pensamento, principalmente por revelar mesquinhez, preconceito e ignorância! Além disso, é injusto para com aqueles que desempenham a sua função para o Estado e que o servem da melhor forma. Por outro lado, talvez seja um sinal de inveja ou outro tipo de sentimento menos própria para com alguma instituição governamental; talvez recalcamento!
Obviamente que percebe pela minha reacção ou estupefacção que considero desapropriada a sua afirmação, no entanto, respeito-a!Não compreendo a questão da especialização que foi levada a cabo pelos bons. Achei curiosa a sua referência a funcionário público e de só se tenha lembrado dos professores! Então e os outros? Médicos, enfermeiros, assistentes operacionais (de acção médica, auxiliares de educação), administrativos, motoristas, etc. Vejo que é um daqueles que, em tempos de crise, dispara sempre na mesma direcção - os servidores públicos! É daqueles que acha que acabando com o funcionalismo público o País estaria superavitário(sem défice!), com uma taxa de desemprego nula e com uma massa salarial ao nível da luxemburguesa.
Sabe, talvez uma boa forma de iniciar essa sua ideia de participação civíca seja a de se assumir e assinar o que escreve. Quem não deve não teme!