Definitivamente os Anos 80 estão na moda. Existe uma enorme nostalgia sobre essa década, e é muito normal entre as conversas de amigos que se gerem autênticos torneios sobre quem recorda mais músicas ou quem via os desenhos animados do "Era uma vez o Espaço" ou o "Tom Sawyer". Quem, como eu, cresceu e viveu a adolescência nessa década, recordará com certeza esses tempos. Tal como hoje o FMI ameaçava tomar o país de assalto, em 1983, acabou mesmo por o fazer e com certeza recordarão que havia produtos racionados. Eram tempos difíceis em que não se trocava apenas cromos mas a roupa passava entre irmãos e depois entre os primos. Os fatos de treino que havia eram apenas de três ou quatro cores e tinham umas listas brancas verticais a acompanhar o braço e a perna. Assim quando havia Educação Física os pátios das escolas pareciam campos de "educação" da Revolução Cultural de Mao Tse Tung. Havia também uma revista em alemão - Bravo - que ninguém entendia o que lá se escrevia mas que três ou quatro amigos compravam entre todos para repartir os posters e os autocolantes. Assim, as pastas e os cadernos estavam cheios de fotos do Boy George, dos Duran Duran, da Sabrina e da Samantha Fox sendo que estas últimas tomavam conta do descontrolo hormonal próprio destas idades. Pessoalmente, não gostava do Boy George nem dos Duran Duran, mas que diabo, naquela altura havia The Smiths e The Cure e aquele Joshua Tree dos U2 de 1987 foi a minha banda sonora durante muito tempo.
Mas nos anos 80 havia também uma frase que quase todos ouviamos: "Ou estudas ou vais aprender uma vida". "Aprender uma Vida" é uma frase pequena mas que dita e entoada pelos nossos país ecoava nos nossos ouvidos com uma força enorme. Havia qualquer coisa de Espartano naqueles sons. É por isso que quando leio que em Portugal, existem, actualmente, 300 mil jovens que não estudam nem trabalham só posso pensar que a crise, é também e muito uma crise pedagógica!
1 comentário:
Considero que existem duas ideias fulcrais que convém reter deste post:
1.ª - Sem dúvida alguma que os anos 80 fazem parte da nossa memória afectiva. Foram anos muito ricos a vários níveis (música, moda, mudanças sociais e ideológicas, etc). Contudo, é fundamental que mantenhamos bem viva a ideia de que os mesmos apenas foram resultado de muitas lutas travadas anteriormente (exemplos disso são o Maio de 68, a Revolução de Abril...)
2.ª - Os nossos pais, Homens e Mulheres que se viram privados de infância e juventude, souberam sabiamente alicerçar-nos com o que de melhor existe no que concerne a valores e ideais. O mérito é tão somente deles!
Para concluir, considero que nós, adultos (pais e educadores), temos uma quota parte de culpa relativamente à crise de valores que se faz sentir nos dias de hoje. Esta é bem mais grave que a crise económico-financeira! Mas todos temos culpa, porque, extasiados e ludibriados, deixámo-nos "acorrentar" pelo consumismo e pela futilidade de ideais!
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