Quem tenha estado em Roma poderá ter reparado que a um indivíduo que tente usufruir dos transportes públicos sem pagar é chamado de “Português”. O termo é utilizado em sentido pejorativo, no entanto, a origem deste termo é bastante mais honrosa para os habitantes da Lusitânia. Em 1514, D. Manuel I organizou uma embaixada ao Papa Leão X. Esta embaixada era composta pelas mais diversas riquezas vindas do Oriente e até incluía um rinoceronte e um elefante, animais até então desconhecidos na Europa, e que, no caso do Elefante viria a tornar-se mascote do Papa. Ora, o Papa, perante tal aparato e honrarias mandou publicar uma Bula onde se decretava que nenhum Português pagava qualquer valor em nenhum espaço ou evento público. Pouco importa agora a origem do termo, o que importa é que, actualmente uma pessoa que não paga, em Itália chamam-lhe "Português", e isso não nos honra.
A situação é quase um retrato do que se passa agora. Os mercados, quem empresta, não acredita que Portugal pague, ou acredita que pague a muito custo, por isso exige juros elevados.
E a situação é tal que mesmo quando se apresenta como cumprida a meta do Défice Público (7,3%) os mercados não acreditam em Portugal. Será porque utilizámos o Fundo de Pensões da PT para fazer números? Será que é porque acham que não temos capacidade produtiva para um crescimento sustentado?
Mas isso agora, não me importa a mim, e não deveria importar a todos os Portugueses, porque se há quem deva acreditar em Portugal são os Portugueses e não se devem estes lamentar do seu triste fado. É por isso que no meio de tantas más notícias surgem empresas como as do calçado que reposicionaram o seu negócio, surgem empresas como a Delta Cafés e a Renova que inovam e exportam cada vez mais os seus produtos, surgem empresas como a Galp Energia e Jerónimo Martins a investirem em novos mercados, surgem jovens cientistas portugueses com descobertas fantásticas. Por isso tudo é que devemos Acreditar!
1 comentário:
Ainda há 15 dias estivem em Roma. E acredite ou não, só os italianos pagavam o transporte público. Ao meu lado sentavam-se imigrantes das mais remotas nacionalidades que escolheram Itália e a Europa em busca de uma vida melhor. Achei curioso a alcunha dada. Porém, como bom português tirei proveito da fama e não paguei também o transporte público. Tendo em conta a quantidade turistas que visitam Roma todos os dias pareceu-me que das duas uma: ou os proveitos são tantos que se dão ao luxo de não cobrar os transportes públicos ou simplesmente despediram os revisores porque estão em crise... Os motoristas só estão para conduzir os transportes, o resto não lhes compete, nem se intrometem para não arranjarem problemas.
Quanto ao tema do seu post, só tenho a dizer que o mais certo é entrar o FMI para acalmar os mercados, por mais que isto toque nas feridas do orgulhoso e teimoso Sr. Sócrates. Ele não precisa de vencer a entrada do FMI como alguém que tenta vencer o cancro, pois já não tem nada a prova a ninguém, os portugueses já o reprovaram há muito tempo, estão fartos de mentiras e vãs esperanças. Se não mudar a maré e os mercados retomarem a confiança, o sistema entra em colapso e o PR terá que entrar em cena e dissolver a Assembleia da República para permitir que Portugal seja resgatado. Não são as empresas exportadoras que mais sofrem todos os dias, são os portugueses desempregados, os portugueses que eram da classe média e agora vivem na pobreza, são os reformados e as crianças que perdem todos os dias apoios e qualidade de vida mergulhando na incerteza do amanhã. A exportação de bens, sim, claro que é um dos caminhos a seguir para equilibrar a balança comercial... Mas quantos anos vamos ter que esperar para recuperar das asneiras do passado e das décadas perdidas? Ainda que nada mude de figura será que devemos deixar passar impunes, à boa moda portuguesa, os responsáveis disto tudo?
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