segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não há almoços grátis!

Esta frase que por nós tem sido divulgada pelo economista João César das Neves é original de um outro economista Milton Friedman, um homem apologista do livre mercado e do liberalismo económico. Nobel em 1976, Milton Friedman, com esta frase quis criar uma metáfora explicar situações em que o acesso gratuito a determinadas coisas, não significa que não haja quem pague ou que não tenha outros custos que todos tenham que suportar.
Esta introdução serve puxar à discussão alguns temas soltos que, têm sido noticiados por outros blogs e até por alguns comentaristas aqui no Decampomaior. Esses temas são especificamente três: Continuidade do Jornal de Campo Maior, Continuidade da emissão da Rádio Campo Maior e a limitação de alguns serviços no Centro de Saúde. Quanto aos dois primeiros já por todos é sabida a situação financeira da Santa Casa da Misericórdia. Gostaria de saber o que se tem feito para alterar esta situação? A Autarquia tem prestado alguns apoios é certo, mas pelos vistos insuficientes. No entanto não gostaria que recaisse sobre a Autarquia todo o onús do apoio. A Santa Casa tem procurado esses apoios? Tem-no feito da melhor forma? Este era um tema que deveria ter a atenção de toda a sociedade campomaiorense uma vez que mal ou bem a Santa Casa é a única instituição que presta serviços de apoio para a terceira idade. Mas atenção Não há almoços grátis, isto tem que custar alguma coisa até mesmo deve custar aos membros da Santa Casa o abandono de uma política hermética, fechada e elitista, visível quando escoltaram o Arcebispo de Évora qual Guarda Suiça o Santo Padre.
Por último o caso da perda de Serviços do Centro de Saúde. Já sei a retórica que a Saúde tem a sua política decidida centralmente, mas também sei que, em contrapartida, há muitos eventos prestados pelo Estado e Autarquias que são grátis. Não há almoços grátis e se são realizadas algumas iniciativas gratuitamente o dinheiro faltará noutros sítios, como por exemplo a saúde.
Como exemplo recente disto, soube que a nossa Autarquia criou, no Centro Cultural, um espaço onde se poderá ter aulas de viola...gratuitamente. Se isto inicialmente era de aplaudir, eis que na reunião de apresentação, para espanto da Vereadora, houve quem reclamasse da Autarquia, uma viola onde pudesse dar os primeiros acordes. Se Não há almoços grátis era caso para dizer que para se aprender a tocar viola queremos "Cama, mesa e roupa lavada!". Os Almoços grátis tem este efeito secundário de alimentar o facilitismo!

5 comentários:

Anónimo disse...

Porque razão não foi publicado o meu comentário de ontem sobre o jornal de Campo Maior?
Nele se dizia que os colaboradores estavam a ser chamados para lhes ser feito o agradecimento e comunicada a suspensão da publicação do jornal.
Não vejo que mal possa haver em fazer este esclarecimento...

Anónimo disse...

Não sou simpatizante quer do liberalismo económico quer do liberalismo político. Para mim o Estado ou tem uma função social, ou tende para se tornar polícia que mantém em respeito a maioria e que governa no sentido de facilitar a vida às classes dominantes. Embora se afirme como fundamentalmente democrático, o liberalismo nunca garante a igualdade de oportunidades, embora a afirme como princípio.
Mas a questão em Campo Maior é outra. Ao longo de 12 anos, uma ignorante e inculta forma de populismo convenceu as pessoas não só de que havia "almoços grátis", como, ainda por cima, as convenceu de que tinham o direito de os exigir. Embrutecidas por este aparente facilitismo, quase ninguém percebia que alguém pagava os almoços que certas figuras diziam oferecer. O dinheiro que os pagou não foi utilizado em benefícios sociais que teriam sido bem mais importantes. De facto, esse dinheiro foi gasto, não foi investido e aí vai a grande diferença.
Quanto à Santa Casa, deve ser feito um comentário que até agora tem sido evitado:
- Para quê tanto barulho, tanto comentário, tanto protesto, tanta contestação, para se chegar a tão fraco resultado?
- Onde estão os projectos, as linhas de acção, os planos de desenvolvimento sustentado que foram tão publicitados e tão prometidos?
- Podemos considerar que é gerir essa forma de redução de actividades que tem sido a prática dos actuais órgão de gestão da SCMCM?
Se podíamos apontar à anterior gestão uma ousadia excessiva em algumas das suas decisões, se podíamos criticar o furor megalómano de um projecto demasiado para os recursos reais, devemos agora também criticar a ausência de competência, capacidade, discernimento e coragem dos órgãos actuais.

Jack The Ripper disse...

Anónimo das 10:46,

Não havia mal nenhum no seu comentário, só não foi publicado imediatamente por falta de oportunidade minha

Dr. Estranho Amor disse...

É com amargura, mas não de forma inesperada, que vejo definhar estes dois projectos jornalísticos. Numa terra sem massa crítica, sem princípios de participação em comunidade, nem interesse em alcançar qualquer um destes pressupostos, quer a rádio quer o jornal (muito mais a rádio) representavam (representam) uma nesga de vitalidade cívica e de construção de uma realidade comum.

Nem a Rádio Campo Maior nem o Jornal de Campo Maior eram (são) prodígios de excelência técnica ou de conteúdos, é certo. Eram (são) muitas vezes (principalmente o Jornal) feitos de forma amadora, foram muitas vezes utilizados em questiúnculas políticas e nem sempre (principalmente o Jornal) promoveram a cumplicidade com os campomaiorenses. Mas apesar de tudo, representavam (representam) uma tentativa de mudar a nossa consciência colectiva. Se é que existe alguma.

E se agora há a tentação de apontar dedos acusadores para encontrar culpados do fatal desenlace, é bom não esquecer que, para além das responsabilidades dos Engenheiros Financeiros da SCMCM e de todas as peripécias político/económicas, mais uma vez, a sociedade campomaiorense volta as costas a dois projectos que se queriam factores de agregação e partilha. Somos mesmo assim: quando há não queremos saber, quando não há protestamos porque não há. Será porque está na “massa do sangue”.

Como dizem nuestros hermanos espanhóis: “Entre todos lo mataron y él solito se murió”.

PS: Caro Jack, creio que o tema do Centro de Saúde merece um post próprio.

Anónimo disse...

A culpa morreu solteira....

Aproveitando o comentário das 23.26, venho apenas dar mais uma achega ao tema.

Se virmos fechar estes dois projectos a culpa é de todos: Da Misericordia - que se calhar nao se esforçou e tentou encontrar formas alternativas de investimento; Da comunidade campomaiorense: que não abraçou/acarinhou estes projectos da melhora forma; e dos empresarios locais que não apoiaram estes dois órgãos divulgando as suas empresas, preferindo dar o dinheiro a outros orgaos de comunicação.