segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O "nosso" Orçamento!

Tem sido tema de grande movimento pelos corredores de São Bento, trata-se da discussão do Orçamento de Estado para 2010. Tem sido falada a existência de acordos entre os dois maiores partidos com assento parlamentar. Para além disso a primeira proposta avançada para os aumentos da função pública foi tal que implicaria um não aumento real dos salários.
Tenho consciência que aquilo que vou escrever a seguir não vai agradar aos funcionários públicos, mas se é a minha opinião não posso fugir dela. Para os funcionários públicos o ano de 2009 foi um dos melhores anos que há memória. Tiveram aumentos salariais de 2,9%, ao mesmo tempo que as taxas de juro atingiam mínimos de sempre, que se assistia a uma diminuição generalizada dos preços e o euro se mantinha como moeda forte. Contas feitas o poder de compra subiu 3,7% se tivermos em conta a inflação negativa de 0,8%. Também é verdade que nos anos anteriores, os funcionários públicos tiveram uma significativa perda do poder de compra. E pior que isso fazem parte de um sistema que não premeia o mérito. Por outro lado têm emprego para toda a vida enquanto em 2009 o desemprego bateu à porta a muitos portugueses.
Estas variáveis tornam os funcionários públicos na chave da resolução do problema das finanças públicas e os líderes sindicais terão de perceber que só com a ajuda da função pública poderá haver a reforma tão esperada tornando o sistema mais eficiente e mais justo. Até lá o nível de salários será o único elemento que os governos podem controlar, tornando-o sempre no único foco gerador de tensão social.
Para fechar e prometendo voltar a este tema mais oportunamente pelas notícias que tenho o orçamento da autarquia subiu para pouco mais de 18 milhoes de euros, muito acima dos orçamentos anteriores em que se quedava por cerca de 14. Haja ambição e trabalho para ir buscar os fundos comunitários que estavam esquecidos!

5 comentários:

JPS disse...

O engraçado nisto tudo é exigir-se tanto das entidades públicas (basta ver os blogues de Campo Maior) mas garantindo o menor número de funcionários possível e com os vencimentos mais baixos possível. Eu sei que a escola neo-liberalista gosta de tratar os assuntos através de percentagens. Esquece-se que essas mesmas percentagens só representam números significativos quando se referem a salários chorudos. Na realidade, e considerando que a grande maioria dos funcionários públicos têm ordenados que não ultrapassam os 650€, um aumento de 2,9% corresponde a menos de 15€ líquidos. É isso que tem feito dos funcionários públicos uma classe privilegiada? É isso que tem afundado o nosso Orçamento de Estado? Ou será a incompetência desta geração de gestores neo-liberalista que se apoderaram das instituições públicas? Falo em incompetência para gerir aquilo que é de todos nós, porque para aquilo que é deles e dos amigos, não há melhor, lá isso é verdade.

Anónimo disse...

Estou de acordo com o Jack. O João Paulo alega que os funcionários na sua maioria não ultrapassa 650 euros. Não é muito de facto mas que dirão os milhares de desempregados. Deveriamos exigir a redução de parlamentares e afins.
Porque quem anda na politica não está para servir a causa pública, mas para se servir. Iriamos então olhar para o funcionalismo público, onde não tenho duvida que existem quadros em excesso, e não querendo genelarizar, muita incompetência e reduzissimo rendimento.

Jack The Ripper disse...

Caro João Paulo,

Obrigado por teres marcado presença, penso que pela primeira vez, neste blog.

Sem dúvida que trazes outra perspectiva à discussão.

Volta mais vezes gostei de te ver por cá!

Caro Anónimo das 19:50,

Agradecendo também o comentário, acrescentaria que são os maus funcionários públicos que tapam os competentes, que são bastantes, e criam esta opinião generalizada.

A ambos o meu agradecimento!

Anónimo disse...

Não será que o que falta na função pública é uma séria e bem fundamentada avaliação do desempenho?
Refiro-me a todos os sectores da função pública mas, principalmente, aos que estão cristalizados em estruturas corporativistas que fazem da luta contra a avaliação o seu cavalo de batalha.
Sem avaliação ou com falsos sistemas de avaliação que resultado vamos obter? Que todos progridem seja qual for o mérito e a qualidade do desempenho. Sobe-se por "efeito de maré" como os barcos atracados num porto, ou seja, sobem todos ao mesmo tempo. Mais: como sem verdadeira avaliação não há fiscalização dos processos e critérios de promoção a cargos de chefia, funcionam os processos ínvios de escolha onde capeiam as cunhas, os compadrios e outras cumplicidades mais ou menos inconfessáveis.
Afirmar que na função pública se ganha mal, é emitir uma opinião com muito relativa veracidade. Efectivamente, há na função pública muita gente a ganhar muito mais do que merece. Em contrapartida, há gente muito competente muito mal paga em relação àquilo que seria justo se tomarmos por fundamento aquilo que realmente realiza no desempenho das suas funções.
Há vícios na nossa sociedade que necessitam de serem corrigidos, usando de seriedade e coragem. Temos de nos libertar de certas demagogias e preconceitos que servem apenas para perpetuar privilégios, regalias que fomentam a injustiça social e a mediocridade.

Anónimo disse...

A peste... e a função pública.


Quando a cultura dos números da função publica, é bebida em doses industriais nos órgãos de comunicação nos infindáveis garrafões económicos dos celebérrimos arautos da economia como Medinas, Salgueiros, Silvas Lopes etc. e tal, que apregoam diariamente que os >>salários na Função Pública não devem aumentar em 2010 << todas as células de transmissão oleadas (ou contaminadas) por tais sumidades, se põem a transmitir para as demais forças celulares instaladas por este País, opiniões igualmente idênticas ao que nos é oferecida pelo Sr. Jack ( também ele infectado?) neste seu post no Decampomaior.

...mas que por uma questão de credibilidade do post (e defesa da igualdade), bem poderia não se ter olvidado de mencionar:

•As vergonhosas reformas que auferem os senhores desta e outras propagandas , e que (por ex: o Sr. Silva Lopes) alem das muitas reformas, saiu do Montepio com um premio de 400.000 Euros, para posteriormente lhe oferecerem em bandeja de ouro (ele bem merece o esforço, coitado) mais um tacho como administrador da EDP.


•Que enquanto na Administração pública as despesas com o pessoal diminuem... as outras despesas ( porque será?) como a requisição de serviços de empresas privadas, incluindo (claro) os grandes escritórios de consultores e advogados, sobem em flecha , para no fim e ao cabo, fazerem um trabalho (quase sempre bem pior) do que aquele que antes era realizado por trabalhadores dessa mesma a Administração.


E senão vejamos os valores oficiais publicados pela Direcção Geral de Impostos:

Anos - Desp.c/ Pessoal – Aqui. Serviços
2007 ……… 10.659,2 ----------- 607,2
2008 ……… 10.939,1 ----------- 670,6
2009 ………. 8.944,9 ----------- 677,7
Milhões € … -1.714,3 ----------- + 70,5

•E que afinal o poder de compra ( só vêm o ano de 2009 porquê?) dos trabalhadores da administração pública diminuiu - 6% entre 2000 e 2009 (já tendo em atenção a inflação negativa).

-Quanto aos sindicalistas,só têm que ter bom senso e serem muito bonzinhos (ainda mais?) quando governa o Partido Socialista?

- E só há maus trabalhadores na função pública ?

- E quando é que deixarão de querer tapar o “inverno-crise” da economia sempre com a eterna peneira da função pública, e passam a nomear outros bodes expiatórios, estes sim causadores e gastadores dos dinheiros públicos (tipo:Equip/guerreiros + Bancos etc.etc.) e que desde sempre se revelaram unicamente improdutivos e muito mais incompetentes?

Nota : Não deixando de dar alguma razão em muitos, mas mesmo muitos dos pontos focados pelo Sr. Anónimo das 12,43, não quis deixar de complementar com mais alguns dados, que nos dão significativamente a imagem de um rosto mais completo com a realidade, e não só uma das faces como estavam (exceptuando o João) a fazê-lo nos comentários anteriores.

... e já agora (nunca é tarde ...) comungo a opinião daqueles que defendem... que por mais largas ou apertadas, que fizerem as malhas, estas nunca impedirão a criação, e a passagem incólume do pensamento.

Cumprimentos