sábado, 5 de setembro de 2009

Semana das Tradições chega ao fim

Termina neste fim-de-semana a Semana das Tradições na nossa vila. Ao contrário do que tenho visto nalguns blogs e nalgumas opiniões que recolhi na rua pareceu-me que este ano houve mais varandas que aderiram a ser enfeitadas com flores de papel. Havia, inclusivamente, trabalhos muito elaborados e uma rua onde todos os vizinhos engalanaram as varandas de igual forma (a chamada Canadinha). Notou-se um certo aroma a Festas das Flores.

Também não quero pensar, ao contrário do que é dito em alguns comentários do blog "Campo Maior na Internet" que A ou B enfeitaram as varandas porque são burriquistas e C ou D não enfeitaram porque são socialistas. Defendo que não deve haver política nas Festas das Flores nem em nenhum dos seus sucedâneos. Voltarei a este tema num comentário futuro.

Já em relação aos espectáculos e eventos espalhados, durante a semana, por toda a vila, a minha opinião é bastante menos positiva. Acho que houve bastante falta de adesão por parte da maioria dos campomaiorenses. Também aqui não quero pensar que as pessoas se sentiram pressionadas por aderir ou não por ser ano de eleições e ficar subentendido que se apoia A ou B. É preciso repensar o evento, e como escrevi há dias, pensar na hipótese de ser em Agosto para revitalizar a feira.

9 comentários:

Anónimo disse...

Em primeiro lugar, não devemos ter percorrido as mesmas ruas. Mesmo a Canadinha tinha, sim senhor, várias janelas com algumas flores bonitas mas pequenas, pouco vistosas, e não chegava a dar sequer um cheiro às Festas do Povo.
Quanto à explicação para a falta de público nos espectáculos não se pode pôr a hipótese de as pessoas estarem cansadas de ser sempre a mesma coisa? Não me parece que aqui posso haver qualquer intenção política.

XAVIER disse...

Deixando de lado a política para analisar objectivamente a questão:
Passados são quatro anos e a que resultado chegámos? A tentativa de utilizar a arte tradicional e popular de ornamentar os espaços públicos com flores de papel a que chamaram, Janelas a S. João, Varandas de S. João e não me lembra que outras coisas,falhou. Falhou porque partiu de uma mistificação que consistiu em tentar convencer as pessoas que se tratava de uma tradição. Ora, nunca houve tradição de tal coisa em Campo Maior. Houve grande tradição dos festejos em honra de S. João no dia do seu nome e houve as Festas dos Artistas, do Povo ou das Flores, significativamente conhecidas lá fora como Festas de Campo Maior.
Não é pelo voluntarismo de quem manda que se fazem tradições. É pela acção livre e continuada do povo que certas realizações se vão constituindo como tradições.
Surprende-me a análise feita neste "post", na qual vejo muita preocupação de conciliação e prova de boa vontade, mas sem bases que possam sustentar tão boas intenções. Deixo como exemplo de análise várias questões que devem ser tomadas em consideração:
- Será que o número de janelas enfeitadas chega a atingir uma trintena? E quantas janelas existem em Campo Maior?
- Em quantas ruas de Campo Maior houve janelas ornamentadas? E em quantas há mais de seis janelas com ornamentações? E porque não há ornamemtações nas principais ruas de Campo Maior?
- Como falar de maior adesão da população a um projecto que nasceu torto e mostra não ter tendência para se endireitar.
- Uma tão fraca adesão justifica que se fale em mais adesão quando o que sobressalta é a esmagadora abstenção da população perante a insistência desesperada dos que temeimam em manter esta manifestação que não cola nem como festa popular e muito menos como tradição?
Quanto aos espectáculos: O chamado impropriamente folclore, quando se limita a esta encenação, resulta em corografias, bailados, cantares e trajos, tão repetitivos, tão monótonos e desinteressantes, que se vêem uma vez por curiosidade, uma segunda vez porque se esperam diferenças e à terceira já não se vai lá porque já se viu tudo o que se podia ver. Aquilo feito assim é uma maçada. Além disso os ranchos são todos tão monotonamente parecidos... Tão deturpadores da reais tradições...
Talvez sejam espectáculos que levem alguma animação a pequenas povoações muito ligadas a um tipo de vida muito rural com as pessoas ainda muito ocupadas no trabalho dos campos.
Campo Maior, por muito que tenha regredido, ainda não é propriamente uma aldeia.
Há um último aspecto: peça ao seu comentador "Sua Eminência, o Sr. Cardeal Siripipi" que diga quanto foi gasto pela Câmara na realização destes eventos. Suspeito que tenha sido uma grande e injustificável barbaridade.

Jack The Ripper disse...

Caro Anónimo,

E a sua opinião que, obviamente eu respeito, mas olhe que continuo a pensar que o número de varandas era maior. E os trabalhos vistosos a que me referia não eram na Canadinha, mas sim por exemplo, as uvas da Rua das Pereiras. De qualquer forma como referi são opiniões.

Quanto à falta de público, estamos de acordo, e o facto de se tornar repetitivo também tem influência na falta de adesão.

Jack The Ripper disse...

Caro Xavier,


Tenho que reconhecer que me tocou numa corda sensível. Mostrei boa vontade com as Varandas porque defendi e defendo um evento " a lembrar as Festas" em anos que não as houvesse. As Varandas enfermam de todos os defeitos que aponta, mas manter a actividade das Festas viva nesta fase é para mim um prémio suficiente, dai a minha boa vontade e conciliação. Como disse em relação às Festas das Flores não deve haver política.

Quanto às despesas das Tradições, penso que sua Eminência o Cardeal Siripipi já se pronuciou no seu blog. Falou em qualquer coisa como 150.000 Euros. Valor exagerado de onde Campo maior não vai retirar nada.

Anónimo disse...

Xavier quer queiramos quer não Campo Maior não é uma terra com tradições para além das Festas do Povo. Festas antigas como essas a S.João eram festas de cariz acentuadamente religioso, e como sabe hoje as pessoas, apesar de continuar a dizer que têm fé, a vida tem outros intersses. Eu sou dos deploro o desenraizamento do que é Português, mas isto a que chamam globalização, electróniica tem vindo a tirar identidade à cultura popular a muitos paises, principalmente aos mais pobres, porque se calhar as as pessoas acham que "parecendo moderno" são mais inteligentes, e infelizmente não é assim. Não tendo nada a ver com o assunto mas reparei no noticiário das 13h salvo erro da SIC que apenas dois jornais dinamarqueses davam grande destaque ao jogo entre os dois paises. E em Portugal todos nós sabemos que é precisamente o contrário. As janelas pelo que me foi explicado na ocasião do seu aparecimento, destinavam-se, numa dimensão mais pequena, a manter presente o espirito das festas. Como a quem lhe competia fazê-lo a Comissão das Festas, não se mexeu, e a Camara tomou a inicitiva, serviu logo para se entrar na guerra politica que todos nós conhecemos. Quanto ao folclore vê-se que não aprecia, está no seu direito mas não é só nas aldeias que se realizam espectáculos deste tipo, não serão tão frequentes no Sul mas no Norte do país as coisas não se passam da mesma maneira. Olhe quando temos alguém que nos ensine a ver e compreender determinada forma de arte mudamos muitas vezes de opinião. Veja que este ano os Comunistas levaram para a Festa do Avante um espectáculo de ópera. Quem diria.

Anastácio disse...

Permitam que meta a minha colherada no meio da vossa conversa:
Pois é Jack. Agora você pôs a questão nos devidos termos. Se tivessem feito umas festas mais modestas mas dentro do modelo tradicional, estaria consigo a aplaudir a decisão. O exemplo do Redondo é ilustrador daquilo que digo. Mas, como pode alguém que pensa e age como sendo a "Iluminada" que tudo pode pela importância da sua pessoa e pela presunção das suas certezas, pela prepotência da sua vontade, abalançar-se a fazer umas Festas que têm, como condição básica, que ser Festas do POVO? Como pode quem teceu continuamente e esforçadamente as malhas da desunião, do partidarismo fanático, da calúnia e da intrigra, para desacreditar o grupo adverso,propor seja o que for para que o povo se una em volta de qualquer projecto?
Tenha paciência mas, numa análise objectiva como o Sr. Xavier propõe, torna-se evidente que só mudando o paradigma de gestão e os gestores, teremos o "New Deal" de que esta terra precisa para que possa de novo trilhar rumos que conduzam ao futuro. Se assim não for continuaremos a escorregar para um presente de vistas curtas que acabará por se parecer com o que de pior tivemos no nosso passado.
Já agora permitam que vos diga que, para mim, a política não tem que ser a actividade sórdida que devemos evitar. Pelo contrário há, felizmente, gente que a exerce com dignidade, competência e honestidade e que, por isso, é digna do maior louvor. Não há uma política má por natureza. Há políticos que fazem politicas a nível da excelência e há políticos que só a arrastam até ao nível da excrecência.

Maria disse...

Anónimo das 16:06
Como em todas as coisas há o que é genuíno e o que não passa de má imitação. Tem razão ao dizer que no Norte e, já agora, mais perto de nós, na Beira Baixa, se fazem excelentes festivais de folclore. É o folclore que resulta de uma recolha sistemática e obedece ao bom-gosto fundamentado na realidade da cultura popular. Não é folcore aceitável aquele que deturpa para criar, com o mínimo de esforço, espectáculos que não primam pelo gosto nem pela qualidade. É deste folclore que se está a usar e a abusar aqui em Campo Maior.
Como bem disse o sr. Xavier, eles parecem-se tanto, nos trajes, nas coreografias e nos cantares que tudo aquilo se torna, de facto, pouco interessante.
Sendo a nossa cultura musical popular tão rica, tão variada e tão interessante, como o provam as recolhas feitas por gente competente, admite-se que duma forma tão preguiçosa e tão desleixada se improvisem trapalhadas que mais não fazem do que destruir a memória e o valor dessa mesma cultura musical popular? Se não queremos ir mais além e circunscrevermo-nos ao caso de Campo Maior, está demonstrado à saciedade o valor e a originalidade das saias camponesas pelo que elas tinham de capacidade de repentismo e improvisação, pela maneira como envolviam uma população inteira na sua prática e pense-se se é justo reduzir os espectaculares bailes de roda nesse arremedo que agora aparece como espectáculo de palco.
Quanto à história mal contada do início das varandas a S. João, convém recordar que, na altura a Associação de Festas fez um comunicado à população esclarecendo que não foi contactada para dar qualquer colaboração ou opinião sobre a realização de tal acontecimento. Quem teve a ideia de fazer as varandas não quis partilhar essa iniciativa com mais ninguém.
Por outro lado, quando muito esporadicamente se fizeram tentativas de trazer manifestações culturais mais eruditas a Campo Maior, eu fui das que esteve presente e, por ter gostado, aplaudi com veemência. Mas, alguém pensou que aquilo não garantia o apoio imediato da população. Ou seja, estavam pouco interessados em educar o gosto porque, a haver dividendos, eles só se manifestariam a longo prazo. Estas é que são as verdades nuas e cruas que explicam o que por aqui se vai passando.

Anónimo disse...

Volto ao blog para dizer que concordo coma quase tolaidade do comentário que o Anastácio fez à minha intervenção. Quanto à Maria não sei se sabe que os ranchos não escolhidos pela Camara, existe um organismo INATEL que dá o seu apoio e consequentemente os mcustos terão algum peso no critário de escolha. Mas veja que apesar de tudo Têm aparecido cá alguns bons ranchos, ainda ontem os Mineiros de Aljustrel e o Rancho do Algarve honravam o folclore das suas regiões. Quanto aos nosssos aí infelizmente as coisas já se passam de outra maneira. Aquela gente não sabe e, pior está convencida que sabe,não quer aprender com quem lhe podia ensinar, mas quem podemos culpar?
Quanto ao assunto das varandas admito perfeitamente que tenha razão, mas lá está já havia a politiquice no meio. Sobre este assunto deve saber também como é que o Vice-Presidente dessa comissão tomou o poder. Como diz o Anastácio, o iluminado tudo sabe, as flores dos tetos eram todas repolhos feitos em série, sempre os resultados da exploração das festas foram positivos, deste vez que restou?. Fico por aqui porque já estou a dervirtuar a intenção inicial da proposta do JACK.

siripipi alentejano disse...

Tal como no ano passado vou apresentar na Assembleia Municipal uma nova nota de protesto ácerca da Semana das Tradições e do seu despesismo e aproveitamento politico com o dinheiro de todos nós. O meu próximo post é igualmente dedicado a este Certame.
Penso que nós Campomaiorenses somos culpados pela realização destas pseudo semanas de desfiles de Ranchos Folclóricos quando existe um Órgão onde todos podem apresentar as suas reclamações ou ideias - a Assembleia Municipal.
7 de Setembro de 2009
siripipi-alentejano