sábado, 5 de setembro de 2009

Da clarividência

Mário Soares. O “Velho Leão” por prudência que lhe é ditada pela idade, resguarda-se. Mas, lá vai exibindo a juba, mostrando que velho sim, mas não morto. E, quando fala, diz coisas que outros não se atrevem. Olha para tudo com um realismo lúcido de causar inveja. Desassombrado, opina com frontalidade. Sempre com rigor e clarividência.
Não se pode deixar de sentir um enorme prazer intelectual ao ler o que escreve no Diário de Notícias, na sua coluna “O tempo e a memória”, em 25 de Agosto de 2009, página 51.

“A entrevista que a dra. Manuela Ferreira Leite concedeu à RTP1, que vi e ouvi com a maior atenção, Constituiu, para mim, uma profunda decepção…De uma banalidade que, algumas vezes ruçou o patético.”

“Na verdade, as derivas do capitalismo financeiro do século XXI vieram dar um reganho de actualidade ao grande teórico do “Capital”, cujas intuições geniais assumiram, com a actual crise, uma força inesperada.
Os economistas clássicos, formados pelo neoliberalismo, recusam-se a compreender isso. É um erro. Como muitos dos socialistas neoliberais formados na “terceira via”, uma verdadeira fraude intelectual. Mas há cientistas políticos que não podem ser acusados de marxistas – como Alien Minc, por exemplo, - que dizem que “o único teórico que pensou, ao mesmo tempo, a economia e a sociedade, foi justamente Karl Marx”. Daí a sua actualidade.

Eis um bom tema para um debate entre socialistas e não socialistas, nos partidos e fora deles, em tempo de eleições.”

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