Por mais que nos custe, há entre as consideradas camadas mais populares da nossa sociedade, uma acentuada tendência para escolherem como governantes figuras que são, por natureza e por atitude, gente bastante medíocre. Parece que se comprazem em fazer eleger aqueles que mais indiferentes são ao seu bem-estar, à sua promoção social e à criação de melhores condições de vida. Isto que é, na verdade, bastante triste, deve ser também muito desmotivador para aqueles que se dedicam à política com as melhores intenções e em busca de condições para a realização de melhores projectos.
É também evidente que, quanto mais medíocres são os politicos, mais se empenham em manter a apatia e a falta de sentido crítico do povo. Por outro lado, esses políticos, tendo subido à custa de muito servilismo perante os que eram decisivos para decidirem da sua ascensão na carreira, quando chegam aos lugares cimeiros fazem-se rodear de gente de um servilismo que chega a rondar a abjecção, de tal modo estão disponíveis para apoiarem as maiores irregularidades e injustiças.
Qualquer cidadão de espírito crítico sabe que estas são, entre outras, algumas das consequências mais frequentes da abertura e liberdade de decisão que a democracia concede a todos os seus cidadãos.
Mas, que alternativas podemos ter para isto? Apostar nos elitismos das oligarquias bem pensantes, mas tantas vezes alheias à realidade das questões sociais? Aceitar o vandalismo estúpido e absurdo dos ditadores que se apoderam do governo pelo golpe e pela violência?
A solução está em não desistir de tentar sempre, por todos os meios e de todas as formas, dar uma capacidade mais esclarecida ao povo para que possa orientar melhor as suas escolhas.
Trata-se de um caminho sinuoso, com altos e baixos, com avanços e retrocessos, mas parece ser aquele que melhor conduz ao objectivo perseguido. Nem sempre a linha recta é o caminho mais seguro para ir de um ponto para outro. Mas acredito que, se as sociedades do futuro forem mais evoluídas e mais perfeitas, elas serão seguramente mais democráticas.
3 comentários:
"...esses políticos, tendo subido à custa de muito servilismo perante os que eram decisivos para decidirem da sua ascensão na carreira, quando chegam aos lugares cimeiros fazem-se rodear de gente de um servilismo que chega a rondar a abjecção..."
A ver se entendo: podemos então considerar que há servilismo bom e servilismos abjectos.
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"Qualquer cidadão de espírito crítico sabe que estas são, entre outras, algumas das consequências mais frequentes da abertura e liberdade de decisão que a democracia concede a todos os seus cidadãos."
Outra dessas consequencias é que governa quem consegue mais votos. Uma chatice...
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"Mas, que alternativas podemos ter para isto? Apostar nos elitismos das oligarquias bem pensantes, mas tantas vezes alheias à realidade das questões sociais? Aceitar o vandalismo estúpido e absurdo dos ditadores que se apoderam do governo pelo golpe e pela violência?"
Esta confesso que não percebi.
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"A solução está em não desistir de tentar sempre, por todos os meios e de todas as formas, dar uma capacidade mais esclarecida ao povo para que possa orientar melhor as suas escolhas."
Aqui estamos 100% de acordo!
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"...Trata-se de um caminho sinuoso, com altos e baixos, com avanços e retrocessos, mas parece ser aquele que melhor conduz ao objectivo perseguido."
Que é ele, se não me perdi, a conquista do poder, certo?
Amigo Gavião,
Independentemente de concordar ou não com as ideias transmitidas no post, o que quero dizer é que o tema que levanta é sufcientemente importante para merecer uma reflexão mais detalhada.
Como muito bem diz, a solução passa por dar ao povo cada vez mais esclarecimentos e maior capacidade de orientação nas suas escolhas.
E já agora também (e isto sou eu que digo)a possibilidade de discutir estas questões de forma aberta e saudável.
Assim eles queiram e possam.
Pois é, Carlos, o seu prmeiro comentário deixou-me entre a perplexidade e o desencanto. Porque, se por um lado me pareceu que não tinha entendido nada das reflexões que procurava partilhar com quem me lesse, por outro lado, o seu comentário era dissonante com as análises esclarecidas a que me habituou com os seus comentários.
Mas, pronto, o segundo comentário repôs as coisas no seu devido lugar. Garantiu-me que afinal entendeu muito bem o que eu procurei transmitir com o meu texto.
É óbvio que a consequência mais frequente da democracia é a demagogia. A liberdade permite que todos usem dela. O problema é que muitos abusam. Qual o antídoto? Esse mesmo que aponta: esclarecer o povo para que ele possa querer e possa ser capaz de entender.
Como vê, estamos de acordo não havendo razões para chistes, nem dúvidas.
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