Um militar da GNR, de 51 anos, foi ontem condenado pelo Tribunal de Ourém a uma pena de dois anos de prisão, suspensa por igual período, por ter recebido cem euros de uma condutora para lhe perdoar uma multa. O colectivo de juízes deu como provado que Joaquim Coelho cometeu um crime de corrupção passiva para acto ilícito e aplicou-lhe, como pena acessória, a proibição do exercício de funções dentro da Guarda durante dois anos.
O arguido "aceitou não cumprir um dever por uma contra-partida monetária" e "deixou-se vender para não elaborar a contra-ordenação", justificou a presidente do colectivo, Cristina Sousa. O processo remonta a 22 de Junho de 2007, data em que a automobilista terá passado um semáforo com a luz vermelha acesa, na cidade de Ourém. No dia seguinte, recebeu uma notificação da GNR para se apresentar no posto a fim de tratar de um processo de contra-ordenação. Informada da infracção, a condutora lamentou-se que iria ficar sem carta – e o arguido ofereceu-se para "falar com um colega e perdoar a multa". Os dois combinaram um encontro, a 4 de Julho, e a mulher entregou-lhe duas notas de 50 euros, previamente fotocopiadas na GNR de Fátima. Horas depois, o militar acabou detido.
(In, Correio da Manhã, 2 de Julho de 2009)
O arguido "aceitou não cumprir um dever por uma contra-partida monetária" e "deixou-se vender para não elaborar a contra-ordenação", justificou a presidente do colectivo, Cristina Sousa. O processo remonta a 22 de Junho de 2007, data em que a automobilista terá passado um semáforo com a luz vermelha acesa, na cidade de Ourém. No dia seguinte, recebeu uma notificação da GNR para se apresentar no posto a fim de tratar de um processo de contra-ordenação. Informada da infracção, a condutora lamentou-se que iria ficar sem carta – e o arguido ofereceu-se para "falar com um colega e perdoar a multa". Os dois combinaram um encontro, a 4 de Julho, e a mulher entregou-lhe duas notas de 50 euros, previamente fotocopiadas na GNR de Fátima. Horas depois, o militar acabou detido.
(In, Correio da Manhã, 2 de Julho de 2009)
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O guarda foi sem dúvida ganancioso e corrupto. Mas foi sobretudo supinamente estúpido. Vender um “serviço” que para ele rendia uns míseros cem euros e que o fazia correr um risco tão grande, foi um acto de uma parvoíce tão grande que quase não dá para acreditar. É justo que seja castigado. Não só pela corrupção mas, sobretudo, pela estupidez que parece colocá-lo muito próximo de um grande atraso mental. Certamente não fazem exames psicotécnicos e de capacidade intelectual aos candidatos às forças encarregadas de manterem e garantirem a segurança e a ordem neste país. Porque, se os fizessem, estes casos nem chegavam a vestir a farda.
Mas, agora põe-se uma outra questão: como é que os tribunais são tão lestos e tão severos a castigar estes casos de pequena corrupção e tão lentos e benevolentes para com os grandes corruptores que se saem sempre tão airosamente das grandes trafulhices em que se envolvem? Eles compram e vendem consciências, fazem e recebem favores, enriquecem tão rapidamente e tanto que até custa a crer, desfazem reputações, incriminam inocentes e inocentam criminosos, apoderam-se dos bens públicos e delapidam os recursos que deviam ser usados em benefício de todos nós, sem que nada nem ninguém os detenha ou incomode.
Por alguma razão o povo pensa e diz que nada acontece a quem desvia um milhão e que só é ladrão o que roubar um tostão.
O guarda foi sem dúvida ganancioso e corrupto. Mas foi sobretudo supinamente estúpido. Vender um “serviço” que para ele rendia uns míseros cem euros e que o fazia correr um risco tão grande, foi um acto de uma parvoíce tão grande que quase não dá para acreditar. É justo que seja castigado. Não só pela corrupção mas, sobretudo, pela estupidez que parece colocá-lo muito próximo de um grande atraso mental. Certamente não fazem exames psicotécnicos e de capacidade intelectual aos candidatos às forças encarregadas de manterem e garantirem a segurança e a ordem neste país. Porque, se os fizessem, estes casos nem chegavam a vestir a farda.
Mas, agora põe-se uma outra questão: como é que os tribunais são tão lestos e tão severos a castigar estes casos de pequena corrupção e tão lentos e benevolentes para com os grandes corruptores que se saem sempre tão airosamente das grandes trafulhices em que se envolvem? Eles compram e vendem consciências, fazem e recebem favores, enriquecem tão rapidamente e tanto que até custa a crer, desfazem reputações, incriminam inocentes e inocentam criminosos, apoderam-se dos bens públicos e delapidam os recursos que deviam ser usados em benefício de todos nós, sem que nada nem ninguém os detenha ou incomode.
Por alguma razão o povo pensa e diz que nada acontece a quem desvia um milhão e que só é ladrão o que roubar um tostão.
1 comentário:
De facto nada justifica a atitude do guarda. Mas de facto a justiça não de igual modo todos os cidadãos, porque os tais, os que fazem as grandes falcatruas têm sempre o dinheiro suficiente para comprar politicos e a alma de muita gente. Depois temos ainda os grandes advogados a quem os pobres não têm acesso porque se fazem pagar principescamente. Estes casos trazem nos à lembrança outros muito proximos de nós.
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