quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Do Natal em Campo Maior

Encontro pelas ruas crianças e adultos vestidos de forma estranha. De verde vestidos, roupas recortadas de maneira pouco usual. Pergunto porquê. Dizem-me que são duendes e celebram o Natal. Fico perplexo. Confundem-se-me as ideias. Duendes? Natal? Será que perdi a noção exacta das coisas?
Chegado a casa, abro o dicionário e leio:
Duende - entidade das lendas europeias, de aspecto humano, orelhas pontudas e pequenina estatura. São travessos e entretêm-se a pregar partidas aos moradores das casas, mudando o lugar das coisas, fazendo travessuras nocturnas para assustarem os humanos que nelas habitam.
A minha confusão aumenta. Tenho a vaga ideia de uma crença pagã irlandesa que mergulha no fundo dos tempos.
E o Natal? E a festa cristã, celebrando o nascimento de um Deus Menino, esperança redentora dos pecados humanos? E o bondoso velhote de barbas brancas e vermelha vestimenta que, trazido no seu trenó por incansáveis renas, vinha pelas chaminés distribuir os brinquedos que faziam o encanto das crianças nórdicas que cresciam nessa tradição, que todo o mundo perfilhou?
Tudo se confunde. Um Natal com desfile de figuras esquisitas que invoca as momices do carnaval?
Onde as tradições? Onde a memória?
O outro disse: O Natal é quando um homem quiser.
Enganou-se. Afinal, o Natal é como a imaginação delirante de certas pessoas nos quer impor.
Para me assegurar de que me assiste razão para tudo isto recusar, vou sentar-me a contemplar o singelo presépio que enfeita um cantinho cá de casa. Há que garantir, no meio de tudo isto, alguma sanidade mental.
Boas Festas. Santo Natal. Feliz Ano Novo.

5 comentários:

siripipi alentejano disse...

Gostei do seu post e concordo com ele. No meu blog escrevi sobre o Natal de antigamente, o que eu vive na minha juventude (anos 50/60) hoje é tudo diferente, contudo o espírito de Natal deve continuar a prevalecer. Eu não assisti ao desfile por não me encontrar em Campo Maior, julgo que é mais uma daquelas imposições
do Pelouro da Cultura da nossa Edilidade, talvez queira que se torne numas das Tradições que nos querem impor?
siripipi-alentejano

Anónimo disse...

A tradição do Pai Natal Nórdico, terá a sua razão de ser. Mas daí a quem me queiram impor esse Pai Natal como um tradição do Natal, no mundo, vai uma distância considerável.

O Menino Jesus é o único, o centro, o qual faz do Natal o que ele (já não) é.

Feliz Natal

Gavião disse...

Concordamos que a nossa tradição é, de facto, o presépio que celebra o nascimento de Jesus. Por isso, se chama à nossa civilização, Ocidental e Cristã. Foi baseada nestes seus princípios fundamentais que ela se foi universalizando.
Nesta tradição encaixou perfeitamente o Pai Natal, muito ao encontro do imaginário das crianças. O velhote bonacheirão constitui, ao fim e ao cabo, o modelo ideal do avô que todos nós sonhamos.
O resto, não passa de efluxos mais ou menos mirabolantes que passam com o tempo que passa.

Três horas da manhã disse...

É óbvio que não existe consenso na história dos duendes.

Sempre ouvi falar em dois tipos de Duendes:
-Os mais conhecidos, os tradicionais da Irlanda;
- Os duendes do Pai Natal, que segundo reza a "lenda", fazem as prendas que o Pai Natal distribui no dia 25 durante a noite.

O Natal tipicamente português, é o Natal do menino Jesus, isso não existe dúvida. Porém, nesta sociedade globalizada, até mesmo ao que parece ao nível das "tradições" não me admirou a escolha das "fatiotas" para as crianças, embora não concorde.

Acredito que poderia haver outras alternativas.

Enquanto a iniciativa em sí, achei positiva pois mobilizou muita gente, se bem que quando são situações que metem crianças, os pais e familiares costumam estar sempre presentes e isso faz a diferença.

Cumps

Gavião disse...

Os autores deste blogue não irão admitir comentário menos próprios ou ofensivos. Assim, foram apagados dois comentários que ultrpassavam as regras da boa educação. Uma coisa é discordar das nossas ideias, outra é fazê-lo de modo incorrecto.